APRESENTAÇÃO

Os leitores da seção de língua portuguesa já conhecem as traduções de Chauke Stephan Filho. Este nosso colaborador traduziu vários artigos de alguns dos nossos articulistas de The Occidental Observer.

 

Temos o prazer da anunciar que, a partir de agora, Chauke contribuirá conosco também como articulista.

Chauke é dissidente político do regime vigente no Brasil, dominado pelas corporações judiciárias. Escrevendo de forma politicamente incorreta, não demorou para que fosse denunciado (anonimamente), investigado e indiciado por “ameaçar as instituições democráticas”.

Um tipo estranho de democracia existe no Brasil. Lá, a toga dos juízes serve de mordaça para silenciar os cidadãos de consciência  “criminosa”. E o “crime” consiste na recusa do pensamento único, em desacato à tutela judiciária imposta ao país.

Os editores de The Occidental Observer oferecemos à lusofonia os textos de Chauke Stephan Filho censurados no Brasil. Os artigos podem custar ao seu autor 25 anos de cadeia, conforme demanda no processo contra ele o Ministério Público Federal do Brasil, uma das tais “instituições democráticas”.

 Nós garantiremos a Chauke Stephan Filho a liberdade de expressão que lhe é negada na pátria dele mesmo. 

Atenção, agora: óculos de proteção e máscaras respiratórias devem ser usadas no ato da leitura, porque o texto exala o ácido de seu sarcasmo, tão forte que pode agredir os olhos e pulmões dos leitores. 

Chauke considera “modesto” o seu artigo, mas essa é mais uma ironia dele. 

Os defensores judeus da democracia contra a racista Lúcia Helena Issa

Chauke Stephan Filho *

 

O Estado Democrático de Direito tem grandes amigos e grandes inimigos. Os grandes amigos são os judeus e os grandes inimigos são os mesmos que têm os judeus por inimigos. Ambos os partidos batem-se em luta encarniçada. O combate corresponde àquele das falanges do Arcanjo de Deus contra as hostes do Grande Satã. Cada cidadão tem no ativista da militância sionista o anjo da guarda de seus direitos. Desses custódios espera-se a proteção contra a ação dos violadores da solidariedade social, expectativa que nunca se frustra, porque os judeus sabem que o preço da liberdade é a eterna vigilância e, esse preço, eles pagam. Não obstante a justa repressão exercida sobre os dissidentes da democracia, tais energúmenos recusam a socialização de suas consciências no sentido de fazê-las mais inclusivas, mais compatíveis com as regras do bem viver na comunhão das alteridades. Eles recusam a igualdade, rejeitam a convivência com aqueles a quem se julgam superiores, querem um Estado só deles, como se estivessem sozinhos nesta pátria comum de toda a Humanidade, que é a Terra. São egoístas, não cedem o seu território, não abrem mão de sua identidade, de sua cultura, de sua unidade excludente baseada em todo tipo de preconceito, ignorando que muito mais valor teriam a ganhar com a riqueza da diversidade. Então, em vez de se acalentarem junto a outros membros da grande família humana no morno seio da sociedade aberta, eles tentam cravar nele o seu punhal. Essa pesada carga de erros morais mazela a alma de Lúcia Helena Issa.

 

Mas, felizmente, nossos paladinos são fortes… e ricos. Suas fortalezas situam-se em muitas partes do mundo. As principais ficam na city londrina, em Wall Street, Francforte, Amesterdão e Bruxelas. Entretanto, em nenhum outro lugar do mundo mais se faz necessária sua presença civilizadora do que entre os bárbaros do Levante. Sim, porque justamente ali está um dos maiores focos da violência irradiada para o mundo. Único Estado democrático do Oriente Médio, Israel sofre o cerco dos inimigos da democracia, entre os quais os mais sanhudos e perigosos são os terroristas palestinos, religiosamente extremistas. A causa desses radicais tem seguidores no mundo todo. São terroristas que nem sempre não usam o fuzil, mas falam e escrevem para agredir judeus e outras minorias. Contra os seus ataques racistas, a democracia é para o judeu um escudo. Por isso cada Estado democrático encontra no judeu um aliado, um voluntário sempre disposto a combater o terrorismo verbal, como em Israel ele combate o terrorismo propriamente dito. No Brasil, eminentes personalidades judias cumprem o dever cidadão de censurar expressões odientas de góis insubmissos à ordem democrática, principalmente quando inspirados nos inimigos antissemitas de Israel. Assim é estimulada e complementada a ação repressiva estatal pela ação social judaica contra os inimigos da raça eleita e contra os inimigos do sionismo, ou seja, contra os inimigos do pacífico e progressista Estado Judeu, cujo armipotente Exército só mata em legítima defesa. De vez em quando, inevitavelmente, ocorrem danos colaterais na população civil antissemita, ferimentos, mutilações e mortes de palestinos não diretamente envolvidos na continuação do Holocausto. Quando isso acontece, os judeus choram… deploram as perdas palestinas ainda mais do que os próprios palestinos. A raiz de tão benigno comportamento é profunda, permeando a própria sexualidade judaica — o sexo, explicava Freud, é o motor de tudo. Nas linhas das Forças de Defesa de Israel, estão militares de todos os gêneros, de todos os tipos e subtipos havidos e por haver das orientações sexuais, cobrindo e ampliando cada vez mais todo o já largo espectro do legebetário (LGBTQI…). Livre e maravilhosa expressão da diversidade libidinal jamais poderia ser aceita num país islâmico, nem sequer em muitos países do próprio Ocidente. Israel está na vanguarda armada, cultural e política do Ocidente. O Estado sionista é uma das grandes sentinelas do Estado Democrático de Direito. O judeu encarna o espírito da liberdade. E luta contra os seus inimigos; contra, por exemplo, a sua inimiga Lúcia Helena Issa, que a seguir será apresentada com desprazer.

 

Com efeito, não bastou que fosse imposta a censura moderadora do Partido da Justiça com sede no Poder Judiciário. Também a ação corretiva das grandes empresas que tão sabiamente controlam as maiores redes sociais não foi suficiente para evitar excessos discursivos. Os grupos midiáticos nacionais tampouco mostram-se sempre capazes de garantir os limites da liberdade de expressão, que os odiadores insensatos de todos os extremos insistem em violar, não obstante a ação coibitiva de jornalistas como aqueles da Folha de São Paulo. Felizmente, contamos com numeroso conjunto de equilibrados censores judeus engajados na luta pelo uso sem abuso da liberdade de expressão. Atuando com autoridade política e moral por meio de muitas organizações influentes e articuladas, eles denunciam toda manifestação preconceituosa, todo conteúdo tóxico das consciências. Com isso nossos irmãos judeus prestam valioso serviço, que se compara à ação dos pais em relação aos filhos. Enquanto no seio de cada família os pais censuram suas crianças, no seio da sociedade os judeus censuram os adultos, cujos erros são muito mais graves e perigosos que os de crianças, como fácil é imaginar. Os censores de Sião reduzem quantitativamente a participação no debate público. Por outro lado, o embate dialógico ganha em qualidade, com mais civilidade, racionalidade, respeito à alteridade, ao direito, à ciência. Eis como o conflito entre as ideias não se transforma na guerra entre os homens.

 

Alguém já ouviu falar de alguma campanha de italianos, árabes ou japoneses contra o exercício irresponsável do direito à livre manifestação de pensamento ou opinião no Brasil? Só os judeus se prestam a isso! Só eles policiam os discursos à caça de manifestantes antidemocráticos. Só eles colaboram na tarefa de vigiar as consciências, de tutelar o pensamento político. Eis por que terão para sempre a gratidão de tantos. O conceito de discurso de ódio é criação deles e se destina a servir de defesa contra o desvirtuamento da liberdade de expressão, que não se pode transformar em liberdade de agressão. O discurso de ódio é todo discurso que os judeus odeiam. E ninguém como eles têm o direito ao ódio, pois do ódio foram as maiores vítimas. Os judeus odeiam o ódio. Eles estão entre os maiores amantes da paz, da diversidade, da inclusão, do ecumenismo, da imigração, de um mundo sem fronteiras, sem racismo, sem preconceitos, nazistas, fascistas, homofóbicos, odiadores em geral. Os filhos de Sião não só atacam os discursos de ódio, eles praticam o amor. Onde quer que se estabelecem, amam e são amados, principalmente na Palestina, onde transformaram desertos em jardins, prova de que, além de amar os homens de outras raças, amam também nossa Mãe Gaia. Povo abençoado! Povo eleito do Todo-poderoso. Povo tão justo, tão benévolo, quem poderia criticar? Criticar judeus só pode ser atitude de nazistas daquele pior tipo cinematográfico. O antissionismo não é questão social ou política, é caso de polícia. Felizmente, estando bem colocados nos aparelhos judiciário, acadêmico e midiático, os sionitas, sionistas ou não, formam e informam aqueles que no Ministério Público, na Polícia Federal e na própria sociedade civil irão combater quaisquer manifestações de antissemitismo.

 

A negação do Holocausto deve estar tipificada no código penal com grave crime. A memória de seis milhões de judeus que viraram cinza e sabão não pode ser espezinhada, não se pode fazer da dor do povo judeu o objeto de escárnio dos seus inimigos. Estes, à paz do sionismo, respondem com o ódio antijudeu. Quem nega o Holocausto quer vê-lo perpetrado uma segunda vez. A negação do Holocausto atende, no plano ideológico, ao mesmo fim que tinha Sadam com as suas armas de destruição de massa, felizmente denunciadas ao mundo por Jorge Bush. Ora, crimes ideológicos podem terminar em genocídio. Então, o que Bush fez pelo Iraque, Israel deve fazer pelo mundo. O Iraque recebeu de Bush e, por meio deste, dos próprios judeus, a democracia e a liberdade que hoje fazem do Iraque um país pacífico e próspero. Da mesma forma, para ali onde, em qualquer lugar do mundo, esteja armada a bomba da negação do Holocausto, Israel deve levar a sua paz. Sejam os filhos de Israel, nacionais ou estrangeiros em qualquer país, agentes da paz judaica, a ser imposta pelos aparatos repressivos e ideológicos dos Estados, usados como ferramenta. Silenciar as vozes do ódio é essencial para a democracia.

 

O poder censório não pode ser monopólio do Estado, não deve estar concentrado nos aparelhos do Estado. Grupos mais influentes da sociedade civil devem dispor de poder para censurar. A atuação censora de organizações judaicas representa avanço nesse sentido. Não é a letra da lei que lhes confere essa prerrogativa, é o seu espírito. Por que as maiores vítimas do racismo não poderiam combater racistas? E por que não o fariam por quaisquer meios necessários? Por que não poderiam as vítimas de um Holocausto que nunca termina censurar racistas? Eles podem e devem exercer a censura, porque deles é a boa causa, os bons ideais, o bom comportamento que se espera de cidadãos exemplares do Estado Democrático de Direito. Devem censurar, sim, e o fizeram recentemente, quando uma tal de Lúcia Helena Issa, racista antissemita e relacionista do terrorismo palestino, mentirosa e desequilibrada, proferiu blasfêmias contra o Sagrado Povo Judeu. Em seu assaque, dizia que judeus traficavam mulheres polonesas para prostituí-las em São Paulo e alhures, há 120 anos, e que o fariam ainda hoje. Essa mesma caluniadora, que se apresenta como jornalista, embora mal saiba escrever, vomitou ainda que o Estado Judeu fura os olhos de jornalistas palestinos e queima criancinhas palestinas vivas. Evidentemente um discurso desses não pode ter audiência pública entre cidadãos ordeiros e pacíficos do Estado Democrático de Direito. Que membro da OAB aceitaria uma coisa dessas? Que ministro do STF, em sã consciência, toleraria tal disparate? Que cidadão de bem? A manifestação explícita de racismo teve lugar no canal do Brasil 247, durante “entrevista” transmitida pela TV 247 no dia 20JAN2022. O que se passou, então? Judeus determinaram a imediata remoção do vídeo ao diretor do Brasil 247, Sr. Leonardo Attuch, que obedeceu e bloqueou o acesso do público ao arquivo escandaloso. O grupo Judeus pela Democracia, o primeiro a exigir a censura, reclamou, e com toda a razão, que a ordem de cancelamento passada a Leonardo Attuch foi cumprida “com certo atraso”. Não pode! Isso não pode acontecer. Nenhuma hesitação deve existir da parte daqueles que combatem o racismo, principalmente o racismo antissemita, mesmo porque são os judeus são os ideólogos e generais da guerra contra a discriminação racial.

 

A mídia impressa e televisiva goza de muita credibilidade, que não se pode perder com a participação de gente como a mal-amada Lúcia Helena Issa. A inocente útil do terror palestino também vomitou que tem orgulho de seu sangue árabe, o que por si só é manifestação do racismo branco. Felizmente essa mulher já terá sido denunciada pelo Ministério Público, e os advogados dos direitos humanos, sempre muito atentos na guarda da boa consciência necessária à palavra pública, haverão de extrair polpudos honorários dela, como de toda a gente que não pensa antes de falar. Os vocalistas do ódio devem tomar muito cuidado: quando a cabeça não pensa, o corpo sofre. E quem ligaria importância ao sofrimento de quem faz sofrer? Vidas racistas não importam! Figuras escrotas como Lúcia Helena Issa não podem falar. O discurso dela, o seu mau exemplo, não há de ter imitadores. A mídia deve educar, informar e formar para a inclusão, o multiculturalismo, a diversidade. Estas causas justificam a censura. A mídia é espaço para William Bonner, para o Min. Luís Roberto Barroso, para Anita e imitadores de foca, que divertem, que falam de coisas amenas, que pregam a solidariedade social, a igualdade, o respeito às máscaras, às vacinas, ao sionismo. Lúcia Helena Issa deve ser calada por uma questão de respeito à alteridade. O mundo é de todos, mas Israel é dos judeus. E, em qualquer lugar do mundo, o judeu exige e merece respeito. A censura é uma das formas de cobrar respeito. Outra forma é a das armas, empregada quando a primeira falha. De ambas os judeus sabem se servir muito bem. A racista Lúcia Helena Issa deve escolher de que forma prefere ser cobrada. Liberdade e paciência têm limites.

 

Os judeus figuram com brilhantismo inigualável entre os fundadores da Civilização Ocidental. Apesar disso, ou por isso mesmo, têm muitos inimigos. O ressentimento, a inveja, a consciência da própria inferioridade alimentam o ódio aos judeus. Estes, embora de origem superior, não fazem da superioridade o seu destino político, cultural, social. Antes, buscam a igualdade na diversidade, sobretudo no mundo ocidental. Neste se produziu o racismo por erros históricos que exigem reparação. Os judeus estão entre os que mais cobram essa dívida, principalmente da Alemanha, a qual se transforma num outro país, livrando-se do feio estigma de seu passado, quando nela havia muitos alemães, quando era muito branca, homogênea e racista. A nobreza do judeu, filho dileto de Jeová, machuca a antissemita Lúcia Helena Issa na sua vileza. Ela e as más companhias com que anda são de aspecto desagradável e comportamento agressivo. Os antissemitas têm a cabeça cheia de preconceitos, ideias antigas, antidemocráticas. Mentalidades desse tipo exigem reforma, devem ser modeladas no sentido de sua adequação à nova normalidade, ao recomeço numa nova ordem mundial muito mais livre, sem territórios, sem raça, sem sexo, sem nações, sem Estados, sem divisionismo, sem formas particulares de solidariedade social, sem exclusivismos, separatismos, sem Deus, mas cheio de imigrantes de diferentes culturas. Cada um será apenas cada um. E acima de cada um, apenas o céu de John Lennon, além da elite ilustrada, naturalmente rica, naturalmente poderosa, que sabe o que é melhor para todos e que pode ser judia e sionista — por que não? No mundo da novíssima aliança de Gaia, a nossa Mãe-Terra, divindade que o próprio Papa abraça, a gente maldosa, gente que ameaça a democracia, que se opõe aos direitos humanos, que não aceita mudar o gênero de crianças e vai a igrejas para tomar parte na celebração racista das missas, não terá vez.

 

O antissemitismo e a sua máscara chamada de antissionismo, o racismo em geral e outras formas de discriminação são crimes de consciência a cujos perpetradores deve ser dada justiça e escarmento. Como não poderia deixar de ser, a paz e a nova ordem social contam com aguerridos defensores no nosso Excelso Pretório. Ministros como Alexandre de Moraes e os circuncisos Luiz Fux e Luís Roberto Barroso tratam de silenciar as vozes dissonantes do consenso democrático. Outras instituições somam-se ao esforço para perpetuar as pirâmides judiciárias do Estado Democrático de Direito. Além dos editores sociais, somam-se ao Poder Moderador como duas de suas mais importantes agências a Ordem dos Advogados do Brasil e o Ministério Público. Destarte, a sociedade encaminha-se à situação ideal na qual cada um será vigia e denunciante da fala do outro, mesmo quando o outro for parte, mas não parcela, da própria família. A comunidade judaica pode ficar tranquila, porque grandes aliados e amigos abraçam-na para protegê-la de toda Lúcia Helena Issa que ousar elevar a voz contra tão proeminente grei.

 

Os circuncisos são reis coroados pela própria inteligência e pela vitória na guerra justa. Esses reis bem podem fazer, a qualquer de seus súditos ou inimigos, a pergunta que em outro contexto fizera outro rei: por que não se cala? Resta saber se Lúcia Helena Issa vai calar a boca ou vai continuar a cometer o crime de falar o que pensa.

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* Chauke Stephan Filho é natural da Capital de Mato Grosso (Cuiabá), Estado do Centro-Oeste do Brasil, onde nasceu em 1960. Graduou-se em Sociologia e Política pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ); em Português e Literatura pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT); e pós-graduou-se em Educação pela Universidade de Cuiabá (Unic). Antes professor universitário de Sociologia Geral e dirigente sindical, dedica-se ao estudo teórico dos conflitos étnicos como servidor concursado da Prefeitura de Cuiabá, onde também serve como revisor.