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Oração pela salvação da Alemanha

— Alemanha!
— Presente.
— Alemanha!
— Aqui.
— Oh Alemanha, respondei!
— Nós estamos aqui.
— Sobrevivestes, então. Mas estais aí no chão, humilhada, ensanguentada, pisoteada, dilacerada, violentada. E rastejais entre botas e sapatos de luxo. Traidores falam por vós. Que incrível! Eles mesmos censuram vossa voz. Vosso território foi tomado, vosso espírito, quase destruído, sobrevive envenenado. Agora abraçais os invasores. Estais irreconhecível. Turcos, árabes, negros e homens femininos tomam vossas ruas. Esses serão os novos alemães? Serão esses os sucessores dos supersoldados e patriotas da Wehrmacht?
— Não! Não pode ser! Haveremos de renascer. Alemã outra vez, a Alemanha há de ser.
— O incêndio do bandido Churchill, o que restou da Pátria que Wotan levantou?
— Restamos nós, os alemães que a derrota não venceu. Nosso espírito não se rendeu à mídia do hebreu. Ante o inimigo não nos curvamos, e na resistência contra-atacamos. Somos os filhos leais de nosso Povo. Não trocaremos nosso lar pelo telefone celular. Resgataremos outros irmãos, milhões. Oh Mãe caída desta Europa, sem vós tão daninha, voltareis a ser rainha.
— A besta Stálin…
— Maldito seja!
— O assaltante Roosevelt…
— Maldito seja!
— E Angela Merkel, quem é?
— A traidora. A cadela, mas vai chegar a hora dela.
— Merkel merece o quê?
— A forca! A forca! A forca!
— Bendita corda que nos acorda.
— E o Führer?
— O Führer caiu para não vivermos de joelhos. Nele está a glória da história.
— O espírito de Hitler, onde está?
— Ele está entre nós.
— Amém!
— Amém!
— Salve a Alemanha livre!
— Salve!
— Salvemos a Alemanha! Oh Alemanha, espírito de ordem e poder. Oh Alemanha, matriz de arte e saber. Alemães, levantai-vos da prostração, pela Alemanha, vossa Mãe! A Pátria alemã não se pode perder, mesmo derrotadas suas armas, porque a vitória habita vosso espírito. Escutai a voz de vossa natureza. As bandeiras ao alto, onde estão? Ah, vosso entusiasmo se abateu, vosso futuro se perdeu. Alemães, que foi feito de vós?! Antes, tão altivos, agora tão submissos!? A marcha, o passo de ganso, a cara ao sol, por que tudo cessar, se a história é guerrear? Serão vossos filhos, lacaios de vossos inimigos? E vossas filhas, as mulheres de violadores? Demônios dizem “Alemanha, morra! Alemães, adeus!” e sorriem ao destruir vossos símbolos, ao pisar as bandeiras que antes drapejavam ao alto. Vossos velhos aliados choram de dor e raiva, esperando ouvir de vossa boca o chamado da vingança. “Adeus” à pátria dourada e gloriosa!? Ah, que dizem!? Que fazem, esses malditos, contra vós!? Alemães, não respondais ao adeus de vossos inimigos, nem digais adeus a vós mesmos. Não podeis desaparecer assim, como se nada se perdesse para o mundo. Vós, que tanto canhão destroçastes, tão fácil podeis lançar ao chão antenas de televisão. Com alguns trancos podeis derrubar sinagogas e bancos. Buscai no passado nova vida. Invocai o espírito de vossos mortos! Ver caída a Alemanha, quem aguenta? Que volte o tempo a 1940. Oh Tempo, volta! E traga de volta a Alemanha, amada e armada outra vez.

— Chamemos os nossos soldados, clamemos por nossos maiores!
— Hermann!
— Volta!
— Jodr!
— Volta!
— Keitel!
— Volta!
— Eva Brown!
— Volta!
— Bormann!
— Volta!
— Blonde, você também!
— Vem, vem!
— Von Paulus!
— Volta! E desta vez rasga como seda a inimiga defesa!

— Alemães, já fostes grandes, fostes os maiores, ninguém como vós será grande, nas letras ou nos números, no pensar ou no agir, na paz ou na guerra. Vossa grandeza feria a alma mesquinha de vossos inimigos. Eles vos agrediram. Lançaram-se sobre vós, porque a Alemanha se levantava, porque vossa Pátria se libertava do jugo bretão, porque desmascarada estava a maquinação do candelabro contra vós. Graças ao Führer, o gigante ariano estava de pé. Então os anões à sua sombra quiseram derrubá-lo. Pretenderam manter a vós, os filhos da raça superior, como cachorros no quintal de seu mundo colonial. Hitler insurgiu-se ante tamanha indignidade. Libertar a Alemanha significaria libertar o mundo da cabala judia. Por tamanha ousadia, nunca seríeis perdoados.

Contra vós moveram todo o poder do metal maldito e das armas, das palavras e da mentira. Perdestes a guerra. Porque a Alemanha perdeu, o mundo perdeu. Derrota mundial. Quantos e quão vis eram os inimigos de vossa raça-senhora! Lutastes em duas frentes, até o fim. Vossa obediência, vossa disciplina, vossa lealdade à Mãe-pátria, isso fez de vossos bravos os mais bravos de todos os bravos. Fica para sempre na história vossa marca de super-homens, para assombro e exemplo dos séculos vindouros.

Milênios durou a vossa glória. Brilháveis já no atropelo das tribos árias que deixavam a fria tundra da Ásia hiperbórea, rumo ao Ocidente, em marcha arrebatadora. Viestes até a Gália, onde vos estabelecestes, sob os olhos vigilantes da guarda do Reno. Os primeiros na barbárie, seríeis também os primeiros na civilização.

Perdida a guerra, perdestes o território, perdestes os vossos bravos, perdestes a memória, perdestes o Führer. Agora, perdeis a vós mesmos, perdeis a própria identidade. O inimigo transformou milhões de vossos irmãos em janízaros. Os invasores ditam normas, mudam vosso comportamento, demarcam territórios, obedecem à própria lei, desafiam a vossa autoridade, violam vossas mulheres. Tudo decai, todos se humilham. Eles tomaram a Alemanha dos alemães. A raça de Lutero, Wagner e Nietzsche tornou-se estranha na própria Alemanha e obedece ao mando de usurpadores.

Os invasores transfiguram vosso corpo, apossam-se de vossa alma. Que covarde ataque! Vossos inimigos querem destruir-vos para sempre. Tombastes no campo de honra, abatendo os chacais da usura e seus torpes aliados. E vossos inimigos alçaram-se no campo da infâmia, da mentira, da propaganda que em corpos de homens incute o espírito de crianças e mulheres suicidas. E quantos de vós mesmos acreditastes! Fizeram-vos crer em vossa fictícia culpa. Não, não sois culpados, não há culpa, não errastes. Vosso único erro foi perder a guerra. Vossa superioridade, vossa força, vosso orgulho, vede agora transformados em crime.

Assim é que continuou o holocausto alemão. O genocídio estendeu-se para além da vossa derrota. Aos soldados inimigos seguiram-se povos que também perderam suas pátrias para os mesmos fingidos conquistadores. Gente mais fraca que só pode compartir convosco a própria miséria. A guerra continua, mas agora se chama paz. Os portões da velha e nobre fortaleza alemã estão sendo abertos por dentro. Quem mais devia zelar pela solidez de seus muros trabalha afanosamente para solapá-los. Os inimigos do Führer, aqueles que o empurraram para a guerra, têm a Alemanha em seu poder e a dirigem contra si mesma.

Mais uma vez a gloriosa Alemanha está sendo traída. A louca Merkel à frente da quinta-coluna tangeu a Alemanha para o abismo. E muitos irmãos tudo aceitam, quais suicidas. Décadas e décadas de mentiras voltaram a consciência alemã contra o corpo alemão. O inimigo empoderou-se da mente alemã. Por isso Angela Merkel ganhou eleições, mas no cadafalso devia terminar a vida e a farsa dessa falsa, pela salvação da Alemanha verdadeira.

Sabiam os inimigos que, enquanto houvesse alemães na Alemanha, a derrota da pátria ariana jamais seria permanente. Não lhes bastou, por isso, derrotar o Führer. Não lhes satisfez a queda do nacional-socialismo. Perceberam que apenas cortavam ramos de uma grande árvore. Havia mais e pior a fazer contra a Alemanha. E foi que decidiram, então, dissolver o próprio povo alemão, de cujo seio partiam as raízes do colosso. Eis como do povo alemão, antes o mais poderoso da Europa, fizeram rebanho, gado humano tangido para o matadouro por burocratas e agiotas, servos do bezerro, lacaios da talassocracia anglossionista.

Alemães, acordai! Despertai do sono inerme. Atenção! Toda a Europa estará perdida, se perdida for a Alemanha, e para sempre. O perigo não poderia ser maior, a ameaça é mortal: da forma mais radical possível, a Alemanha pode desaparecer: está sendo desbaratada a sua herança genética. Em busca desse fim opera a oligarquia da Nova Ordem Mundial, toda ela do caos constituinte. Para o vosso território ela lança o exército migrante de invasores. A infame Merkel deu-lhes as boas-vindas. A infame Merkel fez da Alemanha uma colônia aberta para todo o mundo, mas fechada para os próprios alemães. A infame Merkel deve pagar com a vida a enormidade de seu crime.

Não! Não podeis ter fim, oh povo glorioso! Dizia o poeta que quando tudo parece perdido tudo está para ser salvo. Seja o momento de vosso fim o instante de vossa salvação. Sirva o perigo de vossa extinção à revolta pela vida. Não se pode extinguir a raça de soldados, filósofos, técnicos, sacerdotes e artistas. Não desapareçais! Esperamos vossa volta, queremos vossa reação. Recuperai vosso poder! Peça cada alemão ao martelo de Thor, à espada de Odim: “Seja por mim!”. Defendei vossos limes! Expulsai os invasores! Justiçai os traidores! A Alemanha, ninguém vo-la pode tomar. Seja a Alemanha para os alemães. Agora e sempre, amém!
— Amém!
— Amém!
— Amém!
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Autoria: Chauke Stephan Filho: mato-grossense nascido em Cuiabá em 1960. Estudou Sociologia e Política na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/Rio), Português e Literatura Brasilesa na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e cursou também Educação (pós-graduação) na Universidade de Cuiabá (Unic). Dedica-se ao estudo da sociologia do racismo e de conflitos afins como servidor da Prefeitura de Cuiabá. Nesta mesma Prefeitura, presta serviços como revisor de textos.

27 de janeiro: o dia internacional da memória do Holocausto

“Sonhos de crianças judias de Theresienstadt em exposição de desenhos”. Esta era a manchete da matéria de 26 jan. 2019, na revista digital Conexão Política. Que bonito! Que lindo! Oh! Quantas emoções…

Não só no 27 de janeiro, senão também por todo o ano, por todos os meios de comunicação, somos “gaseados” pelas lembranças do sempre badalado “Holocausto”. Essa tal “exposição” na Sinagoga (do diabo) de Pinkas, em Praga (Chéquia), é mais uma das famosas histórias de campos de concentração. Seu teor é de pieguice e mentira em altas doses. Tais histórias abundam na mídia e muita gente ainda acredita nelas. Santa ingenuidade!

Os judeus são os maiores mestres na arte da dissimulação, não apenas em termos das técnicas de camuflagem militar. Agora mesmo estão no Brasil para desenterrar os mortos do desastre da represa que se rompru em Brumadinho. “Um povo de bom coração!”, já disse alguém comovido por tanta “solidariedade”. “Bom coração” ?! Humm… Será?

Não!! Os judeus desenterram os mortos no Brasil, mas enterram os vivos na Palestina.

A intenção declarada das histórias do tipo “Anne Frank” não poderia ser mais edificante: cultuar a memória da violência racial para que não se repita. A repressão, a perseguição e morte massivas de minorias são associadas à “intolerância” das maiorias. Em milhares de anos de história, utopias continuam não tendo lugar neste “vale de lágrimas”. Será que se as minorias estivessem no poder o mundo seria melhor?

Na verdade, as minorias não fazem o mundo melhor. Tomemos, por exemplo, o caso das minorias judaicas. Os judeus tomaram o poder na Alemanha, e os alemães estão desaparecendo. Os judeus tomaram o poder na África do Sul e os africânderes estão desaparecendo. Os judeus tomaram o poder na Palestina, e os palestinos estão desaparecendo.

Não restará nenhum gói, a não ser como escravo, quando for completo o controle do mundo pelos sábios de Sião. E por quê? Porque nós somos maus, nós somos intolerantes, nós somos racistas, porque queremos fechar fronteiras e porque eles são os “ditadores da virtude”, que abraçam as minorias e querem dar o mundo a elas. O mundo! Mas não “Israel”. Então o Estado judeu existirá como ilha de ordem e unidade étnica em meio a um oceano de caos e “diversidade”. Aí, finalmente, nada nem ninguém haverá que poderá resistir ao poder absoluto de Sião.

Como se sabe, o território conquistado pela entidade sionista têm fronteiras móveis, tendentes à expansão perpétua, sendo muito bem vigiadas com o emprego de aparato eletrônico de alta tecnologia. Bilhões de dólares são investidos nas condições políticas, econômicas, sociais, diplomáticas, geográficas, militares e psicológicas mais favoráveis à manutenção da pureza racial do judeu. Em “Israel” os “migrantes” palestinos não poderiam se estabelecer mesmo se para lá fossem cantando aquela canção de John Lennon (Imagine) e ferindo o céu com o signo tão alegre da bandeira septicolor. Os judeus conquistaram o seu espaço vital, e quase todo o resto do mundo resta num espaço mortal.

Entre os investimentos da entidade sionista na projeção de seu poder em qualquer parte do mundo, nas diversas áreas de seu interesse, como espionagem, sabotagem, guerra, genocídio, direitos humanos, ongues, assassinatos etc., estão as inversões na chamada “indústria do holocausto” (Norman Finkelstein). O holocausto, também conhecido como “holoconto” ou “holofraude”, consiste na gigantesca calúnia contra os alemães, que já dura mais de setenta anos, atribuindo-lhes a prática de atrocidades nos campos de concentração, como seria o caso da suposta execução de seis milhões de judeus em “câmaras de gás”.

A indústria do holocausto vale-se da mídia para disseminar tais lorotas. Jornalistas e escritores emprestam o seu talento ficcional para criação de dramas sentimentais com base nos “testemunhos” de “sobreviventes” dos “campos de extermínio” do “endemoninhado” Hitler. Depois da criação literária da culpa, depois de apontados os culpados, que podem ser indivíduos ou povos inteiros, entram em cena os advogados para cobrar as indenizações e, claro, os seus “honorários”.

Se há um holocausto verdadeiro, é o que ocorre na Palestina ocupada, onde as atrocidades que perpetra o exército infanticida judeu, todo dia, banalizam o terror, como se a frieza diabólica dos dirigentes sionistas fosse coisa normal, conforme vista por seus cúmplices e lacaios ocidentais. A propósito, quais seriam os sonhos das crianças palestinas? Na verdade, enquanto as crianças judias “sonham”, as crianças palestinas têm pesadelos, sofrem, são queimadas, soterradas, despedaçadas… em “legítima defesa”! Os assoladores judeus, na sua farra de sangue, sua sanha de poder e no gozo da impunidade, fazem que às crianças palestinas pareça invejável a vida de Anne Frank.

“Eretz Israel Hashlema”, o Grande Israel, o território sionista estendido do Nilo ao Eufrates. Eis o verdadeiro sonho judeu. Um sonho nada infantil cujas sangrentas consequências a memória do holocausto mantém no esquecimento.

Autoria: Chauke Stephan Filho: nasceu em Cuiabá no ano de 1960. Com formação em sociologia e política (PUC/RJ), português e literatura (UFMT) e educação (Unic), dedica-se ao estudo da sociologia do racismo como servidor da Prefeitura de Cuiabá, onde também serve como revisor. Colabora com The Occidental Observer.

A ONU, a imigração, a tolerância e o prefeito de Cuiabá

Parece que a Organização das Nações Unidas (ONU) substituiu a Santa Sé como centro de representação do Bem neste mundo tão mau e censurável. O último preceito anunciado da bem-aventurança que nos chega de Nova Iorque (!) já mereceu destaque de editorial num jornalãozinho de Cuiabá. Trata-se da pregação em favor da “Tolerância” ante o “necessário” acolhimento das massas de migrantes que a elite global tange como a um rebanho conforme seus interesses. A campanha de manipulação psicossocial integra-se na estratégia de criação de uma ordem supranacional para plasmar o mundo à imagem e semelhança da casta global. O projeto de poder envolve uma espécie de cristandade invertida de legebetistas, toxicômanos, “antirracistas” e toda sorte de grupos minoritários de marginais e descontentes capazes de produzir desagregação social. No trono de São Pedro pós-moderno estaria assentado o especulador judeu George Soros, o “bom burguês” dos esquerdizoides. Para a dissimulação desses diabólicos desígnios, a Unesco associa a tudo isso, muito natural e candidamente, a data de 16 de novembro como o “Dia Internacional da Tolerância”.

Entrementes, na realidade do cotidiano do Brasil, como em todo o planeta, todo o mundo é racista. O racismo não é só coisa de branco ou moreno, mas também, e principalmente, de negros. O racismo negro é teoricamente antibranco, quando formulado em termos teóricos na academia. Os “representantes” de movimentos negros cultuam a memória lendária de Zumbi, buscam exaltar a “consciência negra”, negam que haja diferenças inatas entre as raças, dizem que o negro é lindo… mas se casam com gente branca!

Ora, por que um país de consciência branca deveria se preparar para “acolher” populações negras? Por que a hipocrisia de intelectuais universitários, militantes diversos e editorialistas da imprensa deveria ser imposta à população da capital de Mato Grosso, a todo o Brasil, à Europa, ao mundo inteiro? Respondem os santarrões politicamente corretos que assim se comportam as pessoas boazinhas. Dizem também que o Lobo Mau é racista. Querem nos fazer acreditar que todo imigrante é Chapeuzinho Vermelho. Sabemos, entretanto, o que Chapeuzinho fez com o Lobo Mau no Haiti, por volta de 1800.

Vem da ONU o apelo para que vivamos todos juntos, fraternalmente, no seio de Pachamama, num mundo sem fronteiras. Uma pregação linda, espiritualmente muito elevada, tão elevada que acaba no mundo da Lua. Essa mesma mensagem, por incrível que pareça, é veiculada em toda parte, por todos os meios, o tempo todo e a pretexto de tudo. Está nos livros, nos cinemas, na televisão, nos caixas eletrônicos, nos cartazes de rua, está no editorial de A Gazeta, jornal de Cuiabá, do dia 22 de novembro de 2018. O texto representa um tapa na cara dos leitores desse jornal. É como pedir a palestinos para que se convertam ao judaísmo. Nossa sensibilidade psicossocial recebe a invasão alógena como a carne recebe a faca. A carne não pode tolerar a faca. (Felizmente Bolsonaro não morreu.)

A ONU, o que é, afinal? A ONU é um clube dos vencedores da Segunda Guerra Mundial para continuar a guerra por outros meios. A propaganda diz que seu objetivo é manter a paz e a harmonia entre as nações. Eles querem a paz, realmente, mas fica faltando esclarecer um “detalhe”: a paz só se justifica como condição de manutenção do poder deles. Por isso não defendem a paz na Líbia, nem na Síria, tampouco no Irã ou em tantos outros lugares onde a guerra pode ser mais atraente. Pela mesma razão não quiseram a paz que lhes ofereceu Hitler em 1939, depois de tomar a Polônia. Se aceitassem, a Guerra teria começado e terminado com a invasão da Polônia. Não queriam a paz; queriam o mundo todo para si.

Os mentidos mentores da ONU passaram a querer a paz só em 1945. Nesta triste data os donos do mundo venceram a Guerra. Então enforcaram seus inimigos, depois de devidamente diabolizados, e ainda transformaram a poderosa Alemanha de Hitler na colônia judaica que sionistas ainda hoje parasitam. Transcorridos mais de 50 anos de doutrinação antinacional na Alemanha, a própria dirigente (anti)alemã, Angela Merkel, entrega as mulheres de seu país aos estupradores de todo o mundo na farra da imigração.

Agora os porta-vozes de George Soros em Cuiabá pedem que acolhamos os invasores do Haiti em nome da “tolerância”. Tanta abertura à diversidade não deve sair barato. Aliás, quanto a Prefeitura dá para os haitianos da Pastoral dos Migrantes? Os municipários ganhamos tão pouco. Em vez de mandar recurso público para o Haiti, o prefeito deveria empregá-lo para pagar melhores salários aos seus servidores.

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Autoria: Chauke Stephan Filho: mato-grossense nascido em Cuiabá em 1960. Estudou Sociologia e Política na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/Rio), Português e Literatura Brasilesa na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e cursou também Educação (pós-graduação) na Universidade de Cuiabá (Unic). Dedica-se ao estudo da sociologia do racismo e de conflitos afins como servidor da Prefeitura de Cuiabá. Nesta mesma Prefeitura, presta serviços como revisor de textos. É colaborador de The Occidental Observer.

 

Marshall Yeats: Carl Jung e os judeus

Na verdade, o próprio judeu incita o antissemitismo no seu afã de acusá-lo em toda parte.
(Carl Jung ― 1934)

Desde há bastante tempo, eu sinto forte interesse pela obsessão do judeus em relação a personalidades históricas já falecidas que fizeram comentários não muito lisonjeiros sobre a raça deles. Quanto mais famoso e talentoso o publicista, maior a intensidade da obsessão. Aqui mesmo, em The Occidental Observer, já foram indicadas algumas dessas obstinações, como no caso da vindita judia contra T. S. Eliot e contra o seu contemporâneo Ezra Pound. Anthony Julius, em T. S. Eliot, anti-Semitism and Literary Form, por exemplo, escreve que os leitores judeus da poesia de Eliot reagem, ao mesmo tempo, com “horror e admiração”.[1] Horror, porque percebem como injustificada a crítica ao seu grupo étnico, que se torna mais incisiva por causa da sensibilidade etnocêntrica deles. Admiração, por outro lado, porque eles apreciam, apesar de si mesmos, o talento desse escritor que os ameaça e é atacado. A “atração” pela qual eles sempre voltam a lidar com o escritor-alvo é decorrência do desejo de desconstruir e rebaixar aquele talento e, assim, vingar ou mitigar a crítica.

Os judeus estão presos, também, e firmemente, a um medo ou paranoia de raízes na história. Para os judeus, o passado está sempre presente, levando-os a comportamentos perigosos e extremamente agressivos contra as populações inclusivas. A expressão perfeita dessa paranoia pode ser encontrada num recente artigo saído em The Guardian escrito pelo jornalista judeu Barney Ronay. Quando escreveu o texto, Ronay estava na Alemanha, cobrindo o Campeonato Europeu de Futebol, mas ele não consegue fazer parecer que o seu foco está no esporte. Ele informa a seus leitores que “gostou de estar neste caloroso, amigável lugar para a Euro 2024, um tipo de volta ao lar. Mas nada nesta casa evita que eu me sinta aterrorizado aqui”. E ele continua nos seguintes termos:

Aqui vai, a título de exemplo, uma lista não exaustiva das coisas alemãs que são medonhas  para mim, começando pelo meu primeiro dia aqui, quando uma feliz mulher alemã ria às gargalhadas num trem que passava pelo bosque na periferia de Munique, uma cena que me deu medo pelo riso solto alemão de doido feliz. Os trens alemães são medonhos. Os ramais das ferrovias alemãs são medonhos. Há muita vibração negativa aqui, que me esgota. Uma floresta alemã é medonha, principalmente no lugar das clareiras. Um parque alemão vazio ao anoitecer é medonho. Qualquer praça de uma cidadezinha alemã é medonha … E o que mais? A mobília alemã de madeira escura. Uma fileira de bicicletas alemãs estacionadas. (Para onde iriam? Será que precisarei de uma?) As escadas alemãs, os corredores, as malas. A maioria dos sapatos alemães. Os sapatos alemães descartados.

Muitos desses medos têm origem em histórias contadas às crianças judias e são reforçados por grupos culturais e políticos judeus. O medo é uma peça-chave no mecanismo que mantém o etnocentrismo judeu, daí a ADL investir fortunas em pesquisas sobre o antissemitismo como forma de amedrontar e tanger o rebanho étnico para a ação unitária. No caso de Ronay, “um mito da família reza que um tio distante foi retirado de um trem e baleado. A bala atravessou o pescoço, ele ficou caído um tempinho, mas logo se levantou e voltou a lutar pela resistência”. Eu aplaudo o emprego da palavra “Mito” aqui, mas existem centenas de milhares de famílias judias que acolhem essas contos de bicho-papão como fatos históricos. E o medo judaico, o etnocentrismo judaico têm necessidade de bichos-papões, e destes o mais óbvio é Hitler, havendo também outros mais persistentes em termos culturais como Eliot ou Pound ― figuras de que ainda se pode tratar em público com respeito e admiração. Entre essas figuras está Carl Jung.

Carl Jung e The Culture of Critic

Embora (ou por isso mesmo) Jung já tenha sido associado à psicanálise ― uma “ciência” tão judaica que consta em The Culture of Critic, o livro de Kevin MacDonald sobre os movimentos intelectuais judaicos ― o psiquiatra suiço vem se tornando, cada vez mais, alvo de condenação, desconstrução e crítica nos últimos anos. No recém-publicado Anti-Semitism and Analytical Psychology: Jung, Politics and Culture, o acadêmico judeu Daniel Burston escreve isto:

No mundo atual da psicoterapia, ninguém pode ser junguiano sem dever responder à acusação de que Jung foi nazista e antissemita. […] Suas declarações sobre os valores supermaterialistas da psicologia judaica de efeitos corrosivos na natureza espiritual da psique foram feitas nos anos trintas. […] Psicanalistas deixaram de estudar Jung por causa disso; pela mesma razão outros intelectuais lançam Jung ao descrédito.[2]

Num parágrafo que mais parece o de uma novela de terror, Jung é figurado como bicho-papão, e o antissemitismo, explicado como fenômeno misterioso, fantasmagórico e aterrorizante:

Depois da leitura deste livro, talvez os junguianos compreendam por que tantos judeus veem o antissemitismo como o inimigo metamórfico e imortal sempre presente nos recônditos das culturas cristã e islâmica; um oponente que jaz dormente por curtos ou longos períodos, mas que sempre se levanta para voltar a nos atormentar ao longo dos séculos.

“Inimigo metamórfico e imortal”… Deus me livre e guarde!

Burston estabelece uma distinção entre o que ele chama de antissemitas de “baixo nível e alta intensidade” e antissemitas de “alto nível e baixa intensidade”. Ele menciona, abertamente, Kevin MacDonald como exemplo de alguém na segunda dessas categorias, na qual também inclui Jung. Burston alega que “intelectuais antissemitas” como MacDonald e Jung, embora não sendo violentos, “darão cobertura ou apoio para os antissemitas menos cultos e mais explícitos, quando for o caso”. A tentativa de difamação aí é, pois, dizer que homens como MacDonald e Jung são, na essência, bandidos vestidos de terno.

Burston reporta o pensamento de Jung ao movimento neoconservador dominante no seu tempo de universidade, com Jung sendo pintado como alguém sob a influência de certo germanismo quase bárbaro:

Ele rejeitou o naturalismo e foi atraído para o simbolismo e o irracionalismo. Na política, ele questionou a democracia e rejeitou o socialismo, maisquerendo o elitismo nietzschiano. […] Jung adotou a crítica [de Eduard von Hartmann] à modernidade, [incluindo sua] preocupação com a “judaização” da sociedade moderna. […] Para Jung, Freud tinha se tornado o representante de uma mundivisão racionalística e “desencantada”.[3]

Nos anos vintes e trintas, adeptos de Freud e Jung viam-se como oponentes numa batalha pela civilização conforme cada um dos lados a definia. Em virtude de seu antimaterialismo e de suas críticas a muitas das mais perversas teorias de Freud, os freudianos ― na maioria judeus, tinham Jung em conta de um antissemita e, mais tarde, de um “arauto do barbarismo fascista e nazista”. Mantendo esse mesmo viés, Burston diz existir “uma significativa e perturbadora ligação entre a dinâmica do antissemitismo no decorrer dos séculos e a psicologia e política de Carl Jung”.

O maior problema dos judeus do passado e do presente quanto a Jung é que ele se atreveu a refletir e fixar o olhar analítico sobre os próprios judeus. Quando toda a psicanálise parecia girar em torno do que Kevin MacDonald chamaria de “uma crítica radical da sociedade gentia”, com a elaboração em causa própria de teorias sobre o antissemitismo, Jung desenvolveu uma incisiva crítica aos judeus e ao que chamou de “o anticristianismo judaico”, sendo muitas das suas observações resultantes da experiência do autor no próprio meio social da psicanálise judaica. Em outras palavras, Jung colocou os charlatães judeus “no divã”. Numa carta a um colega datada de maio de 1934, Jung dá a seguinte explicação:

O complexo crístico do judeu favorece uma atitude geral meio histérica […] que se fez mais visível para mim por causa dos ataques anticristãos que venho sofrendo. O simples fato de eu falar da diferença entre as psicologias judaica e cristã basta para que qualquer um se sinta autorizado pelo preconceito a me acusar de antissemita. […] Como tu sabes, Freud me acusou de antissemitismo porque eu não pude dar a minha aprovação ao materialismo desalmado dele. Na verdade, o próprio judeu incita o antissemitismo no seu afã de acusá-lo em toda parte. Por que não pode um judeu, como todo pretenso cristão, aceitar críticas pessoais quando confrontado com a opinião alheia sobre ele? Por que se presume sempre que a intenção do crítico seja condenar todos os judeus?

Por causa dessa afronta, Jung é visto pelos judeus como alguém perigoso que não merece perdão. Burston está longe de ser o único a querer desacreditar Jung por causa de sua visão sobre os judeus. Nos últimos anos do século XX, o acadêmico judeo-britânico Andrew Samuels envidou esforço nesse mesmo sentido, chegando a fazer a afirmação de que “em C. G. Jung, o nacionalismo encontrou o seu psicólogo”. A resposta de Samuels para Jung foi dizer que era Jung quem se encontrava preso ao medo dos judeus. Samuels tentou colocar Jung “no divã” e psicologizar as suas atitudes para com os judeus, explicando-as como consequência dos sentimentos de alguém inseguro diante de supostas ameaças. Samuels:

Na minha percepção, as ideias de nação e de diferença nacional são tópicos que o fenômeno hitleriano e a psicologia analítica de Jung compartilham. Pois, enquanto psicólogo das nações, também Jung sentir-se-ia ameaçado pelos judeus, essa estranha assim chamada nação sem terra. Também Jung sentir-se-ia ameaçado pelos judeus, esta estranha nação sem formas culturais  ― ou seja, sem formas de cultura nacional ― de si mesma, daí, nas palavras de Jung ditas em 1933, requerer “nações hospedeiras”. O que ameaça Jung, em particular, pode ser posto à luz pelo exame do que ele diz, com frequência, ser a “psicologia judia’.

Ainda nos primeiros anos deste século XXI, parecia haver uma divisão entre os acadêmicos não judeus ― ansiosos para manter Jung na mira do público, e os acadêmicos judeus ― ansiosos para deixá-lo na sarjeta. Numa carta para o New York Times em 2004, um tal de “Henry Friedman” atacou Robert Boynton (Univ. de N. Iorque) e Deirdre Bair (biógrafa ganhadora do National Book Award) em virtude da concordância destes quanto a Jung não ser “nem pessoalmente antissemita nem politicamente astuto”, pelo que absolviam Jung de algumas das piores acusações assacadas contra ele pelos críticos judeus desejosos de associá-lo com as ideias do nacional-socialismo. Friedman chamou isso de “uma contribuição a mais para a enganosa tentativa de minimizar a importância do racismo antissemita de Jung e sua colaboração com as políticas genocidas do III Raiche”. Friedman continua:

Não há como desculpar Jung do seu virulento racismo e da importância que teve no movimento nazista. Pior ainda é que as suas ideias sobre a psicanálise terão servido ao desejo de Hitler e Göring de expurgar a psicanálise dos conceitos de Freud ― especialmente a noção do complexo de Édipo, que parecia ofender a sensibilidade de Hitler.   A declaração de que Martin Heidegger colaborou mais com Hitler do que Jung só serve para desviar a atenção do sério envolvimento de Jung com a propaganda antissemita dos nazistas. Pode não proceder a conclusão de que Jung tenha sido maior criminoso do que Heidegger, mas como alguém que escrevia artigos sobre a inferioridade dos judeus, Jung merece grande condenação, não as desculpas esfarrapadas de Bair e Boynton para ele.

As atitudes de Jung para com os judeus

Os textos profissionais e privados de Jung contêm quantidade significativa de material sobre os judeus, e seu conteúdo é, com frequência, altamente crítico. Por causa disso, não surpreende que os judeus vejam Jung como formidável oponente. Jung fez muitas afirmações que parecem corroborar o juízo de Kevin MacDonald quanto a ser a psicanálise de Freud um movimento intelectual judeu. Em 1934, Jung recebeu muitas críticas por um artigo que publicou com o título “The State of Psychotherapy Today, dizendo que a psicanálise era “uma psicologia judia”. Defendendo-se das acusações de racismo pelas indicações de que judeus e europeus têm diferentes psicologias, Jung explicou:

As diferenças psicológicas existem entre todas as nações e raças, até mesmo entre os habitantes de Zurique, Basileia e Berna. (De onde mais viriam as boas gozações?) Ocorrem, de fato, diferenças entre famílias e indivíduos. Por essa razão, em ataco toda psicologia niveladora que pretenda validade universal como, por exemplo, as de Freud e Adler. […] Todos os ramos da humanidade somam-se numa corrente maior ― sim, mas o que seria do rio sem os afluentes? Por que esse ridículo melindrismo quando alguém se atreve a dizer alguma coisa sobre a diferença psicológica entre judeus e cristãos? Até uma criança pode perceber que as diferenças existem.

Jung acreditava que os judeus, como todos os povos, têm uma personalidade característica, e ele salientava a necessidade de levar em consideração essa personalidade. Na sua própria área de especialização, Jung advertia que “as psicologias de Freud e Adler eram especificamente judias e, por isso, não se justificava sua aplicação a arianos”.[4] Conforme Jung, um fator formativo da personalidade judia foi o desenraizamento dos judeus e a persistência da Diáspora. Jung argumentou que aos judeus faltava uma “qualidade telúrica”, significando que “o judeu […] sofre grave carência daquela qualidade dos homens que os enraíza na terra de onde vem a sua força”.[5] Jung escreveu essas palavras em 1918, mas elas conservam relevância mesmo depois da criação do Estado de Israel, porque a vasta maioria dos judeus vive fora de Israel. Os judeus continuam sendo um povo em diáspora, e muitos seguem a ver essa sua condição diaspórica como força. Dada a dispersão e o desenraizamento deles, no entanto, Jung dizia que os judeus desenvolveram modos de prosperar no mundo mais dependentes da exploração das fraquezas de outros povos do que da dominação explícita pela própria força. No dizer de Jung, “os judeus têm uma particularidade em comum com as mulheres; fisicamente mais fracos, eles concentram os seus golpes nas fendas da armadura de seus adversários”.[6]

Jung cria que judeus eram incapazes de operar efetivamente sem estar numa sociedade hospedeira e que, assim, eles sempre buscavam se enxertar nos sistemas de outros povos a fim de neles medrar. Em The State of Psychotherapy Today, Jung escreveu: “O judeu, que é uma espécie de nômade, nunca criou uma forma cultural dele mesmo e, tanto quanto podemos ver, nunca o fará, uma vez que todos os seus instintos e talentos demandam uma nação mais ou menos civilizada que lhe sirva de anfitriã para o seu crescimento”. Nesse processo de desenvolvimento grupal, eles “concentram os seus golpes nas fendas da armadura de seus adversários”, recorrendo também a outras flexíveis estratégias.[7]

Jung ainda acreditava (no que foi corroborado pelo trabalho de Kevin MacDonald) que havia certa agressividade nos judeus como decorrência parcial de mecanismos internos ao judaísmo. Numa série notável de observações pressagiosas nos anos cinquentas, Jung expressou o seu desagrado com o comportamento das mulheres judaicas e prenunciou a emergência do feminismo como sintoma da patologia da judia. Segundo Jung, os homens judeus eram “noivas de Iavé”, por causa do que as mulheres judias devieram obsoletas sob o judaísmo. Em consequência disso, no começo do século XX, continua Jung, as mulheres judias passaram a expressar as suas frustrações, agressivamente, contra a natureza androcêntrica do judaísmo (e contra a sociedade hospedeira como um todo), ao tempo que conservavam em si as características da psicologia judia e as correspondentes estratégias. Escrevendo para Martha Bernays, a mulher de Freud, ele certa vez observou, a propósito das mulheres judias, que “muitas delas são espalhafatosas, não são?”, acrescentando em seguida que havia tratado de “muitas mulheres judias ― e todas sofriam perda de individualidade, muita ou pouca perda. Mas a compensação é sempre pela falta. Ou seja, não é a atitude correta”.[8]

Jung, naquele tempo, mantinha-se cauteloso quanto às acusações de antissemitismo e era “um crítico da hipersensibilidade do judeu ao antissemitismo”, com o parecer de que “ninguém podia criticar um indivíduo judeu sem ter a sua crítica transformada num ataque antissemita”.[9] Não dá para acreditar que Jung, argumentando, basicamente, que os judeus têm um perfil psicológico singular e desenvolveram um método singular de se darem bem no mundo, pudesse discordar da quase idêntica premissa fundamental da trilogia de Kevin MacDonald. Na verdade, segundo Jung, o papel de vítima que o judeu se atribui e representa, a par das acusações de antissemitismo que lança contra os seu críticos, isso tudo consiste em simples parte da estratégia judaica ― trata-se de conveniente cobertura da sua ação etnocêntrica concertada para “golpear as fendas da armadura de seus adversários”. Por exemplo, depois da guerra, numa carta de 1945 para Mary Mellon, ele escreveu: “É difícil, entretanto, mencionar o anticristianismo dos judeus depois das coisas horríveis acontecidas na Alemanha. Mas, afinal, os judeus não eram criaturas tão inocentes ― o papel dos intelectuais judeus na Alemanha de antes da guerra seria interessante objeto de pesquisa”.[10] Com efeito, MacDonald nota:

Um traço saliente do antissemitismo entre os social-conservadores e antissemitas raciais na Alemanha de 1870 a 1933 era acreditar que os judeus eram instrumento para a criação de ideias que solapavam as atitudes e crenças da Alemanha tradicional. Os judeus estavam super-representados como editores e escritores na Alemanha dos anos vintes, e “a causa mais geral da expansão do antissemitismo foi a forte e infeliz tendência dos dissidentes judeus para atacar as instituições e os costumes nacionais tanto nas publicações socialistas quanto nas não socialistas”. (Gordon, 1984, 51) Essa “violência midiática” dirigida contra a cultura alemã por publicistas judeus como Kurt Tucholsky ― que “tinha o coração subversivo sempre na boca” (Pulzer, 1979, 97) — era amplamente reportada pela imprensa antissemita.(Johnson, 1988, 476-477)

Os judeus não se encontravam apenas super-representados nos meios de jornalistas, intelectuais e “produtores de cultura” na Alemanha de Weimar. Mais do que isso, eles é que criaram esses movimentos, basicamente. “Eles atacavam com violência qualquer coisa tendo a ver com a sociedade alemã. “Eles detestavam o exército, o judiciário e a classe média em geral”. (Rothman & Lichter 1982, 85). Massing (1949, 84) notou que o antissemita Adolf Stoecker tinha em conta a “falta de deferência da parte dos judeus para com o mundo cristão-conservador”. (The Culture of Critique, Ch. 1)

Esses sentimentos correspondiam aos comentários de Jung feitos a Esther Harding, com quem compartiu a sua opinião sobre os judeus em novembro de 1933. Segundo o psicólogo, os judeus haviam se aglomerado na Alemanha de Weimar, porque eles tendiam a ser “pescadores de águas turvas”. Pela alegoria, Jung significava a propensão da judiaria de se congregar e prosperar nos meios sociais em processo de dissolução. Ele referiu haver observado pessoalmente judeus da Alemanha bebendo champagne em Montreaux (Suiça), enquanto “os alemães morriam de fome”. Ainda assim, “muito poucos foram expulsos”, “as suas lojas em Berlim seguiam funcionando normalmente”. E se a situação ficou difícil para os judeus na Alemanha, foi porque “a maioria deles mereceu isso”.[11] Um aspecto dos mais interessantes na discussão sobre por que os judeus ganharam tanta influência tem a ver com as cotas estabelecidas em 1944, sob a supervisão de Jung, para a admissão de judeus na Associação de Psicologia analítica de Zurique. As cotas (um generoso quinhão de 10% para membros de pleno direito e outro de 25% para membros convidados) foram introduzidas num apêndice secreto do estatuto e estiveram em vigência até 1950.[12] Só se pode presumir que, como outras cotas adotadas mundo a fora em vários períodos, o objetivo aqui era limitar ou, ao menos, manter alguma medida de controle sobre  a influência judia numérica e diretiva naquela Associação.

Jung atuava, evidentemente, num tempo quando a consciência racial era aguda de todos os lados. Kevin MacDonald explica em The Culture of Critique que havia na psicanálise uma clara compreensão entre os judeus da pertença racial ariana de Jung e de sua resistência a entrar em plena comunhão com os membros e dirigentes judeus. MacDonald escreve:

Desde o início do relacionamento deles, Freud mantinha suspeitas quanto a Jung, eram “preocupações motivadas pela herança cristã de Jung, pelos seus preconceitos antijudaicos, pela incerta capacidade de ele, como não judeu, compreender e aceitar plenamente a própria psicanálise”. Antes do rompimento, Freud descreveu Jung como de “forte e independente personalidade teutônica”. Depois que Jung deveio diretor da Associação Internacional de Psicanálise, um colega de Freud ficou preocupado porque “considerados como uma raça”, Jung e os gentios eram “completamente diferentes de nós, vienenses”. (The Culture of Critique, Ch. 4)

Conclusão

Na medida em que a psicanálise continua a existir como movimento ou, pelo menos, como um nicho na academia e na cultura, fica claro que Jung, o “teutão”, continua a assombrar os judeus com os seus comentários e as suas críticas. E, agora, de certa forma, persiste a clivagem que separou Jung e Freud um do outro, há um século. A cisão, talvez, comprove o fato de que a psicanálise tenha sido, desde a sua concepção, uma ferramenta de emprego no conflito racial. Creio que, se Jung voltasse a viver hoje, ele iria rir de ainda figurar na psique dos judeus como um medonho bicho-papão com o terrível riso solto de um alemão. Isso, porém, não seria nenhuma surpresa para Jung.


[1] A. Julius, T.S. Eliot, anti-Semitism and Literary Form (Thames & Hudson, 2003), 40.

[2] D. Burston, Anti-Semitism and Analytical Psychology: Jung, Politics and Culture (Routledge: New York, 2021).

[3] G. Cocks (2023). [Review of the book Anti-Semitism and Analytical Psychology: Jung, Politics and Culture, by Daniel Burston]. Antisemitism Studies 7(1), 215-222.

[4] B. Cohen, “Jung’s Answer to Jews,” Jung Journal: Culture and Psyche, 6:1 (56–71), 59.

[5] Ibid, 58.

[6] Ibid.

[7] T. Kirsch, “Jung’s Relationship with Jews and Judaism,” in Analysis and Activism: Social and Political Contributions of Jungian Psychology (London: Routledge, ), 174.

[8] Ibid, 177.

[9] T. Kirsch, “Jung and Judaism,” Jung Journal: Culture and Psyche, 6:1 (6-7), 6.

[10] S. Zemmelman (2017). “Inching towards wholeness: C.G. Jung and his relationship to Judaism.” Journal of Analytical Psychology, 62(2), 247–262.

[11] See W. Schoenl and L. Schoenl, Jung’s Evolving View of Nazi Germany: From the Nazi Takeover to the End of World War II (Asheville: Chiron, 2016).

[12] S. Frosh (2005). “Jung and the Nazis: Some Implications for Psychoanalysis.”Psychoanalysis and History, 7(2), (253–271), 258.

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Fonte: The Occidental Observer | Autor: Marshall Yeats | Título original: Carl Yung and the Jews | Data de publicação: 29 de junho de 2024 | Versão brasilesa: Chauke Stephan Filho.

 

Kevin MacDonald: Gaza: o hiperetnocentrismo e a frialdade dos genocidas judeus

Caso o leitor conheça alguma coisa da tradicional ética judaica (ou seja, a ética judaica anterior ao tratamento intelectual por que passou para o razonamento do judaísmo como religião moderna no Ocidente ― conforme se vê aqui: Wikipedia article on Jewish ethics), ele saberá que tal ética de antes do Iluminismo era toda ela baseada nas ações de aplicação e validade grupais, segundo se tratasse do endogrupo ou de um exogrupo. Os não judeus ou góis não tinham nenhum valor moral para os judeus, que os podiam explorar e até matar, se isso não ameaçasse os interesses da comunidade judaica em geral. Eu já escrevi muito sobre a moralidade endogrupal judaica, como no Capítulo 6 de A People That Shall Dwell Alone [Um povo que viverá só].

A ética empresarial e social codificada na Bíblia e no Talmude atribui muita importância à pertença grupal e o faz buscando reduzir a opressão na comunidade judaica, mas não entre judeus e gentios. Talvez o exemplo mais frisante das diferenças negociais respectivas a judeus e gentios, insculpido em Deuteronômio 23, seja o dos empréstimos: os gentios deviam pagar o juro, mas este não poderia ser cobrado de judeus. Embora tenha havido subterfúgios para burlar essa proibição, os empréstimos para judeus na Espanha medieval eram feitos sem cobrança de juro (Neuman, 1969, I:194), mas cristãos e muçulmanos pagavam taxas de 20 a 40 por cento pelos empréstimos (Lea, 1906-07, I:97). Também Hartung (1992) observa que a ideologia religiosa judaica originária do Pentateuco e do Talmude toma muito em consideração a filiação grupal ao avaliar a moralidade de ações variando do assassinato ao adultério. Por exemplo, o estupro era severamente punido somente se houvesse consequências negativas para um homem israelita. Enquanto o estupro de uma noiva virgem judia era punido com a morte, não havia nenhuma punição no caso de a mulher não ser judia. No Capítulo 4, também notei que as penalidades para crimes sexuais contra prosélitos eram mais brandas do que as penalidades para esse mesmo tipo de crime contra os outros judeus.

Hartung refere que, de acordo com o Talmude (b. Sinedrim 79a), um israelita não seria considerado culpado se matasse outro israelita, quando tentasse matar um pagão. Entretanto, em acontecendo o contrário, ou seja, se o pagão matasse o judeu, o perpetrador seria condenado à pena de morte. Outrossim, o Talmude contém uma série de prescrições no sentido de assegurar a honestidade nas relações entre os judeus, mas admite a subtração de bens dos gentios, a aproveitação dos erros dos gentios nas transações negociais e a não devolução aos gentios de seus artigos perdidos. (Katz 1961a, 38) [ii]

Katz (1961a) revela que essas práticas foram modificadas durante e depois da Idade Média entre os asquenazes, no intento de evitar a hillul hashem, isto é, a má reputação da religião judaica. Nos termos do Sínodo de Francforte de 1603, “Aqueles que ludibriam os gentios profanam o nome do Senhor” (apud Finkelstein 1924, 280). Tirar proveito dos gentios era permitido, quando não ocorresse a hillul hashem, segundo a sentença rabínica em resposta à contestação ao direito a esse tipo de ganho. Nota-se claramente aí que se trata de um senso ético de base grupal, pelo que apenas o dano que se pode causar ao próprio grupo é visto como razão impeditiva de causar dano ao grupo alheio. “Normas éticas aplicam-se apenas no âmbito do endogrupo.” (Katz 1961a, 42)

O psicólogo evolucionário e antropólogo John Hartung, citado acima, deu continuidade ao seu trabalho sobre a ética judaica postando seus escritos no seu saite (strugglesforexistence.com). Aí merece especial atenção o texto “Thou Shalt Not Kill … Whom?” [Não matarás… Quem?]. O duplo padrão da ética judaica tem sido o tema mais explorado do antissemitismo ao longo das eras, questão discutida no Capítulo 2 de Separation and Its Discontents:

A começar dos debates entre judeus e cristãos na Idade Média (ver o cap. 7), disputas reacesas no começo do século XIX, o Talmude e outros textos religiosos judaicos foram condenados pela duplicidade de seu padrão moral, seu caráter anticristão e seu extremado nacionalismo e etnocentrismo. Esta crítica tem fácil comprovação nesses escritos (cf. Hartung, 1995; Shahak, 1994; PTSDA, cap. 6). Por exemplo, o historiador [da Cornell University] Goldwin Smith (1894, 268) indica uma gama de passagens talmúdicas ilustrativas da “moralidade tribal”, do “orgulho tribal e do desprezo ao restante da humanidade” (p. 270), o que para ele é uma característica da literatura religiosa judaica. No excerto seguinte, Smith sugere que expedientes escusos podem ser usados contra gentios em processos legais, a não ser que tal prática cause dano à reputação de todo o endogrupo judeu (ou seja, à “santificação do Nome”):

 

Em havendo processo entre um israelita e um pagão, caso se possa justificar a causa do israelita conforme as leis de Israel, que se a justifique e seja dito: ‘Esta é a nossa lei’; do mesmo modo, caso se possa justificar a causa do israelita conforme as leis dos pagãos, que se a justifique e seja dito [à outra parte]: ‘Esta é a vossa lei’; mas se isto não puder ser feito, nós usamos artifícios para contornar o problema. Este é o parecer de R. Ishmael, embora R. Akiba tenha dito que não devemos tentar contornar a dificuldade por causa da santificação do Nome. Na consideração de R. Akiba, então, toda a razão disso [parece decorrer mesmo] da santificação do Nome, mas não ocorrendo transgressão à santificação do Nome, devemos lançar mão de logros e vencer o pagão! (Baba Kamma fol. 113a)

 

Smith comenta que “a crítica ao judaísmo é acusada de intolerância racial e extremismo religioso. A acusação vem, estranhamente, daqueles que se dizem o Povo Eleito, que fazem da raça uma religião e tratam todas as raças, menos a sua, como paganismo sujo” (p. 270).

[O economista, historiador e sociólogo] Werner Sombart (1913, 244-245) resumiu a natureza da lei judaica pela oposição entre endogrupo e exogrupo, assinalando que “os deveres para com [o estrangeiro] não eram compulsórios como aqueles pertinentes ao “vizinho”, aos patrícios judeus. Só pela ignorância ou pelo desejo de distorcer os fatos pode alguém dizer o contrário […]. Prevalece aí a ideia fundamental de que menos consideração é devida ao forâneo do que à gente do próprio povo […]. Na interação com outros judeus, um judeu agirá observando, escrupulosamente, um só peso e uma só medida; mas quanto aos seus negócios com os não judeus, sua consciência sempre estará tranquila, mesmo quando os ludibriar por vantagens indevidas”. Em sustentação do seu argumento, Sombart cita Heinrich Graetz, proeminente historiador judeu do século XIX:

Adulterar o sentido de uma oração, valer-se das trapaças de um advogado malandro, jogar com as palavras e condenar o que eles não conhecem […], tais são os traços que distinguem um judeu polonês. […]. A honestidade, o bem pensar, a simplicidade e a credibilidade, tudo isso ele perdeu, completamente. Ele fez de si mesmo um mestre dos saberes escolares e aplica o que sabe para obter vantagens sobre qualquer um menos finório. Ele se deleita com a ladroagem e sempre quer mais, no que sente a euforia da vitória. Porém, não assim ele trata a sua própria gente, porque os seus sabem o que ele sabe. Foi o não judeu que, para sua perda, sofreu as consequências da mente talmudicamente treinada do judeu polonês. (In Sombart 1913, 246)

Um dos precursores da Sociologia, o alemão Max Weber (1922, 250), também teve essa mesma percepção, apontando que “como um povo-pária, [os judeus] conservaram um padrão duplo de moral, uma característica de práticas econômicas primordiais em todas as comunidades: o proibido em relação à própria gente é o permitido em relação a estranhos”.

Num tópico bastante tratado nos textos antissemitas alemães do final do século XVIII e do século XIX, era preconizada a necessidade da reabilitação moral dos judeus ― a correção da falsidade deles e de sua tendência a explorar os outros (Rose 1990). Tais juízos também constavam nos escritos de Ludwig Börne e Heinrich Heine (ambos de extração judia) e outros intelectuais não judeus, como Christian Wilhelm von Dohm (1751-1820) e Karl Ferdinand Glutzkow (1811-1878), dizendo estes que a imoralidade judaica decorria parcialmente da opressão da parte dos gentios. Theodor Herzl considerou o antissemitismo como “reação compreensível às taras judaicas”, causadas estas, em última instância, pela perseguição movida pelos gentios: os judeus haviam sido educados para serem sanguessugas dotados de “maléfico poder financeiro”; eles eram “uma gente de adoradores da riqueza incapaz de entender que um homem pode agir por causa que não o dinheiro” (in Kornberg 1993, 161-162). Mais: “Sua vontade de poder e seu ressentimento para com os perseguidores só podiam conduzi-los à trapaça nas transações comerciais com os gentios” (in Kornberg 1993, 126). Theodor Gomperz, contemporâneo de Herzl e professor de Filologia na Universidade de Viena, afirmou que “a ânsia de ganho se tornou uma tara nacional [entre os judeus], assim como, pelo que parece, a vaidade (consequência natural de uma existência atomística e alheia às preocupações com os interesses públicos e nacionais)”. (in Kornberg 1993, 161).

Assim, pois, não nos deve surpreender que encontremos tão imenso número de judeus para quem os palestinos não têm valor moral. Os palestinos são vistos como não humanos, literalmente, conforme reconhecia o proeminente rabino de Liubaviche Menachem Mendel Schneerson:

 

O que nós temos não é um caso de alteração quantitativa pelo simples fato de uma pessoa estar num nível superior a outra. Trata-se, antes, do caso de … uma espécie totalmente diferente … O corpo de um judeu é de uma qualidade completamente diversa daquela dos góis das outras nações do mundo … A diferença da qualidade intrínseca [ao corpo] … é tão grande que os corpos poderiam ser considerados como de espécies diferentes. Por essa razão o Talmude afirma existir uma diferença atitudinal na halacha quanto aos corpos dos não judeus [por oposição aos corpos de judeus]: “Seus corpos são baldados”… Uma diferença ainda maior existe no tocante à alma. Há dois tipos contrários de alma, a alma de um não judeu vem de três esferas satânicas, enquanto a alma do judeu dimana da santidade. (Cf. aqui)

Diferentes espécies não guardam obrigações morais entre si ― predador e presa, parasitas e hospedeiros: humanos que domesticam o gado comem a sua carne e bebem o seu leite.

Essa ética difere radicalmente do universalismo ocidental tal como sintetizado no imperativo moral de Kant: “Deve-se agir somente de acordo com a máxima cuja aplicação for desejável como lei universal”. O universalismo moral é fundamental para o individualismo ocidental: os grupos de per si não têm status moral ― conceito diametralmente oposto ao judaísmo.

Os judeus apresentam-se amiúde como a quinta-essência da moralidade, mas as aparências enganam. Uma passagem da minha resenha do livro The Jewish Century, de Yuri Slezkine:

 

 

Em 1923, vários intelectuais judeus publicaram uma coletânea de ensaios na qual admitiam o “amargo pecado” da cumplicidade judia nos crimes da Revolução. Palavras de I. L. Bikerman, um dos autores: “Não carece dizer que nem todo judeu era bolchevique e nem todo bolchevique era judeu, mas também é óbvia a participação desproporcional e superlativamente fervorosa dos judeus no tormento pelo que os bolcheviques quase mataram a Rússia” (p. 183). Muitos estudiosos dos bolcheviques judeus notaram a “transformação” dos judeus: segundo um outro analista judeu, G. A. Landau, “A crueldade, o sadismo e a violência pareciam coisa estranha àquela comunidade até então muito pouco dada às atividades físicas”. I. A. Bromberg, também judeu, observou que o antigo amante oprimido da liberdade deveio tirano de inaudito despotismo. Bromberg disse que o convicto e incondicional inimigo da pena de morte ― não apenas por crimes políticos mas também pelas mais hediondas violências, aquele que não podia ver alguém torcer o pescoço de uma galinha sem chorar, transformara-se na figura exteriormente humana com roupa de couro e armada de revólver, que interiormente já tinha perdido a sua humanidade (p. 183-184). Essa “transformação” psicológica dos judeus na Rússia não era, provavelmente, tão surpreendente para os próprios russos, dada a advertência de Gorky em que os russos de antes da Revolução já viam os judeus tomados de “cruel egoísmo” e temiam a possibilidade de acabarem como escravos deles.

Pelo menos até o Genocídio de Gaza, os judeus tinham se mascarado com sucesso como modelos de moralidade e paladinos dos oprimidos no Ocidente contemporâneo. A judiaria organizada foi precursora do movimento dos direitos civis e firme defensora da política liberal em favor de imigrantes e refugiados, sempre protegida pelo disfarce retórico da superioridade moral. Destarte, claro, mantinham-se ocultas as verdadeiras motivações dadas pelo próprio interesse judaico em arregimentar não brancos como serviçais no trabalho de sapa contra o poder da antiga maioria branca, sujeitando-a ao supremacismo da política judaica, política multicultural e antibranca. (Cf. p. 26)

Isso pesa muito na minha mente. A dissimulação judaica por trás da superioridade moral é perigosa manobra delusiva, e não nos pode faltar realismo diante do que nos reserva o futuro, uma vez que os brancos continuam a perder poder político em todos os países do Ocidente. Quando as máscaras não forem mais necessárias, quando o crescente poder dos judeus no Ocidente estiver no seu maximante, não haverá limites para o que eles poderão fazer. A ubíqua propaganda multiculturalista fazendo parecer que os grupos étnicos vivem em harmonia por todo o Ocidente dará lugar, rapidamente, a uma guerra de vingança contra os ocidentais pelo alegados agravos que teriam sofrido os judeus desde a destruição do Segundo Templo pelos romanos até os eventos da Segunda Guerra Mundial. Essa mesma vingança foi fatal para milhões e milhões de russos e ucranianos. O mesmo destino estão tendo agora os palestinos diante de nossos olhos.

Dois artigos recentes tratam desse problema bem vividamente. Um deles é o de Megan Stack, publicado em The New York Times. Confira:

Israel petrificou-se no erro e os sinais disso são meridianamente claros. Promessas de aniquilação de chefes militares e políticos formulam-se em linguagem desumanizante. Pesquisas de opinião indicam aprovação às políticas que assolam Gaza a ponto de matar de fome a população gazita. Soldados judeus mostram-se alegres e orgulhos em autofotos entre as ruínas das cidades palestinas destruídas pelos bombardeios. E a repressão abate-se sobre as mais brandas formas de dissenso entre os israelenses.

A esquerda de Israel ― aquelas facções que criticam a ocupação das terras palestinas e propõem, ao contrário, a negociação e a paz ― é a pálida sombra do que antes foi um vigoroso ator político. Nos anos recentes, a atitude de muitos israelenses quanto ao “problema palestino” mudou muito do enfado e da distância para a convicção extremada de que expulsar os palestinos ou submetê-los ao jugo dos judeus seja obra de Deus.

O massacre em Gaza, a fome alastrante, a indiscriminada destruição de áreas urbanas inteiras ― isto tudo, dizem as pesquisas, é o tipo de guerra que agrada a população de Israel. Uma sondagem de janeiro constatou que para 94% dos judeus de Israel a força aplicada contra Gaza é adequada ou insuficiente. Em fevereiro, outro estudo revelava que a maioria dos judeus de Israel não aceita que alimentos e remédios sejam enviados para Gaza. Não foi Netanyahu, individualmente, mas sim todo o seu Gabinete de Guerra (inclusive Benny Gantz, amiúde citado com figura moderada para substituir Netanyahu) que, de forma unânime, rejeitou a proposta do Hamas para a libertação dos reféns e, ao contrário, lançou a ofensiva contra a cidade de Rafah, enchendo-a de civis sem-tetos.

“É muito fácil colocar a culpa por tudo nas costas de Netanyahu, porque assim todos se sentirão bem consigo mesmos e a escuridão parecerá estar em Netanyahu”, disse Gideon Levy, jornalista com décadas de experiência na cobertura da ocupação militar israelense. “A escuridão está em todos”, ele acrescenta.

Como ocorre em muitos processos políticos, o endurecimento de Israel explica-se parcialmente pela mudança geracional ― as crianças de Israel, cuja memória se encheu de lembranças dos ataques camicazes à bomba, agora são adultos. O crescimento da direita deverá ser de longa duração, por causa da demografia: os modernos ortodoxos e ultraortodoxos judeus (que votam na direita de modo desproporcional) têm mais filhos do que os seus conacionais seculares.

Ainda mais crucial é que muitos israelenses emergiram da Segunda Intifada descrentes de negociações e ainda mais adversos aos palestinos, derriçados como incapazes de aceitar a paz. Esta lógica como que cancela de forma muito conveniente o registro da participação de Israel na sabotagem do processo de paz com a captura de território e a expansão dos assentamentos. Entretanto, uma coisa maior ganhava influência ― algo que os israelenses referem como insensibilidade, alheamento em relação a toda a questão dos palestinos.

“O problema dos assentamentos e das relações com os palestinos deixou de ser considerado durante anos”, disse-me Tamar Hermann. “Para os israelenses, estava tudo bem com o status quo.”

A Sra. Hermann, pesquisadora do Israel Democracy Institute, é uma das mais respeitadas conhecedoras da opinião pública israelense. Nos últimos anos, segundo disse, os palestinos foram quase completamente ignorados pelos judeus de Israel. Ela e seus colegas vêm fazendo periodicamente listas de tópicos que apresentam às pessoas para que os disponham em ordem decrescente de importância. Os respondentes faziam diferentes escolhas, ela diz, observando que quase sempre o tópico colocado em último lugar era o da resolução do conflito israelo-palestino.

Nas duas últimas décadas ― desde o fim da Segunda Intifada até o calamitoso 7 de Outubro ― Israel conseguiu isolar-se da violência da ocupação. Mísseis lançados de Gaza choviam regularmente sobre cidades de Israel, mas desde 2011 o sistema antimissilístico chamado de iron dome interceptava a maioria deles. A aritmética da morte favorecia Israel, pesadamente: de 2008 até o 7 de Outubro, mais de 6 mil palestinos foram mortos no que a ONU considera o “contexto de ocupação e conflito”, período em que mais de 300 israelenses perderam a vida.

Organizações de direitos humanos — incluindo grupos de Israel ― escreveram relatórios explicando que Israel é um Estado de apartaide institucionalizado. O fato foi embaraçoso para Israel, mas não deu em nada. A economia prosperava, Estados árabes antes hostis se mostravam dispostos a assinar acordos com Israel, apenas ao custo de rápida e protocolar importunação quanto aos palestinos.

Aqueles anos deram aos israelenses a sensação de viver o mais elusivo sonho do Estado Judeu ― o de um mundo sem o “problema” dos palestinos.

Daniel Levy, ex-negociador israelense, agora presidindo o logocentro US/Middle East Project, fala da alta concentração de “híbris e arrogância acumuladas ao longo dos anos”. Aqueles que advertiam da imoralidade e estupidez estratégica da ocupação dos territórios palestinos “eram exonerados sem mais nem menos” e ainda ouviam o chefe dizer “aguentem firmes, hem!”.

Se as autoridades dos Estados Unidos entendem a situação da política de Israel, isso não é aparente. A administração de Biden continua a falar de um Estado palestino. Entretanto, a terra destinada aos palestinos foi tomada de assentamentos ilegais israelenses, e quase nunca como agora Israel esteve tão descaradamente contra a soberania palestina.

Não por acaso Netanyahu vive dizendo que por toda a sua carreira política ele fez de tudo para sabotar a criação do Estado palestino: este é um diferencial muito atrativo eleitoralmente. Gantz, mais popular do que Netanyahu e seu provável sucessor, segundo se diz, é um centrista nos padrões de Israel ― mas ele também sempre rechaçou as instâncias internacionais em favor de um Estado palestino.

Daniel Levy resume a clivagem entre os maiores políticos israelenses da seguinte forma: alguns acreditam que se deva “gerenciar o apartaide para dar um pouco mais de liberdade aos palestinos ― este sendo o caso de [Yair] Lapid e talvez de Gantz, dependendo do seu humor”; outros mais empedernidos, como Smotrich e o ministro da Segurança, Itamar Ben Gvir, “estão sempre ansiosos para se livrarem dos palestinos: erradicação, desterramento…”.

A matança, a crueza que se abateu sobre os judeus no 7 de Outubro deveria fazê-los ver a futilidade do seu intento de isolamento dos palestinos ao mesmo tempo que os sujeitam a todo tipo de humilhação e violência todos os dias. Enquanto os palestinos estiverem atrampados na brutalidade da ocupação militar, privados de direitos básicos e sujeitos à logorreia de que são seres inferiores e devem aceitar as coisas como estão, os judeus viverão sob a ameaça de revoltas, represálias e terrorismo. Não existe muro suficientemente grosso para barrar a marcha de um povo que não tem nada mais a perder.

*   *   *

Ilana Mercer é uma judia da África do Sul que tem publicado artigos em vários saites conservadores. Aqui ela fala do que não se fala sobre Israel ― e, por implicação, sobre muitos dos judeus que vivem no Ocidente: ou seja, que a sociopatia para com os não judeus predomina entre os judeus. Ninguém deve ficar surpreso com isso. Eu só reclamaria de um detalhe quanto à diferença entre judeus e sociopatas e é que os verdadeiros sociopatas não têm culpa e quando praticam o mal por prazer não levam em conta a religião ou a etnia das vítimas. Já esses judeus que tripudiam na farra de trucidar palestinos são patriotas e amam o seu povo. Eles seguem uma forma extrema de moralidade intragrupal ― uma moralidade estreitamente ligada ao que chamo de “hiperetnocentrismo” judaico.

Vejamos o que escreveu Ilana Mercer no saite Lew Rockwell.com sob este título: “Sad To Say, but, by the Numbers, Israeli Society Is Systemically Sociopathic” [Infelizmente os números dizem que a sociedade de Israel é sistematicamente sociopática (N. do T.)], abaixo:

Ao separarmos o certo do errado, devemos distinguir entre os atos que são delitos apenas porque foram criminalizados pelo Estado (mala prohibita) e outros que são forma universal do mal (malum in se). A devastação que Israel causa em Gaza é um malum in se, um mal universal. Não há nenhuma dúvida em termos de ética quanto à natureza do que se passa em Gaza. O mal do genocídio que tem lugar em Gaza não é relativo, contornável, nunca poderá ser atenuado ou coonestado.

Em Israel, entretanto, nenhuma atrocidade perpetrada pelas forças armadas judaicas, por mais evidente que seja, deixará de ser ignorada. Uma das mais eminentes autoridades em Gaza, o Dr. Norman Finkelstein chama Israel de “Estado lunático”. “Não se trata, certamente, de um Estado Judeu”, ele assegura. “Uma nação assassina, uma nação demoníaca”, brada Scott Ritter — lendário, importantíssimo especialista militar americano. Aliás, eu venho citando os relatos que faz Scott Ritter dos teatros de guerra, sempre preditivos e confiáveis, desde 2002. Não há dúvida quanto a ser o Estado Judeu um Estado genocida. Mas e a sociedade de Israel? Ela também é doente? E os manifestantes que enchem as ruas das cidades de Israel, protestando contra o governo? Como eles sentem o massacre incessante de escala industrial, a campanha para matar de fome toda uma população no norte, centro e sul de Gaza?

Eles não sentem.

Eu busquei desesperadamente a humanidade universal, uma sensibilidade moral transcendente entre as massas de israelenses que se agitavam contra o Estado. Eu esquadrinhei muitos documentos durante sete meses. Eu consegui assistir até o final a uma quantidade enorme de longos vídeos, procurando neles uma palavra, um cartaz dos manifestantes que fizesse menção à guerra de extermínio travada em nome deles contra os seus vizinhos de Gaza. Não encontrei nada! Para o meu assombro, não deparei nem um só manifestante que bradasse em favor de alguém que não ele mesmo e seus parentes, outros colonos e seus reféns. Os israelenses parecem alheios à assolação indizível, irreversível, irremediável tendo lugar tão próximo deles.

Enfatizo: não achei sinal de nenhuma humanidade transcendente nos judeus; nenhuma referência à ordem moral universal de que a lei humanitária internacional, a lei natural e o sexto mandamento são expressão. Entre os judeus de Israel, encontrei apenas a incessante externação de seus próprios interesses sectários.

A depender dos manifestantes, bastaria que houvesse mera mudança de regime. Eles fazem pesar sobre os ombros de Netanyahu apenas a responsabilidade pelos reféns encafuados em Gaza, embora Benny Gantz (National Unity Party) ― o ostensível rival de Netanyahu (Likud) ― e outros membros do Gabinete de Guerra sejam todos, filosoficamente, um só. (Ganz vangloriava-se, em 2014, que iria “mandar Gaza de volta para a Idade da Pedra”.) Quanto ao holocausto palestino perpetrado na Faixa e que se vai estendendo para a Cisjordânia, não existe dissensão entre esses e outros sórdidos supremacistas judeus na “dirigência de Israel em estado de guerra”.

Se o leitor duvida de minhas conclusões sobre os manifestantes judeus, deve reparar no discurso monótono do dia 11 de maio da manifestante Na’ma Weinberg, que exigia mudança de governo. Weinberg condenava a invasão de Rafah e a falta de estratégia política como ameaças aos reféns e à sobrevivência nacional. Ela lamentou a “inexprimível tortura” que sofrem os reféns. Quando Weinberg falou dos “evacuados negligenciados”, eu fiquei aliviada. 900 mil palestinos tinham sido deslocados de Rafah nas duas últimas semanas. Isto correspondia a 40% da população de Gaza. Minha esperança decorrera de ledo engano. Logo ficou claro que Weinberg falava dos cidadãos de Israel evacuados dos assentamentos próximos à fronteira. As simpatias de Weinberg não envolviam as vítimas palestinas do “matadouro de civis” em operação na vizinhança. A sensibilidade dela mostrou-se como de um baixo tipo sectário.

A sombria frialdade dos manifestantes judeus tem sido amplamente notada.

Escrevendo para a Foreign Policy, revista do estabilismo americano, Mairav Zonszein, acadêmico do International Crisis Group, observa o seguinte:

Os milhares de israelenses que mais uma vez se juntaram para marchar nas ruas não estão protestando contra a guerra. Com exceção de ínfima porção de israelenses, judeus e palestinos, eles não reclamam uma trégua ― ou o fim da guerra. Eles não externam nada contra a matança sem precedentes de palestinos em Gaza ou contra as restrições à ajuda humanitária, que levaram a fome à população gazita. (Os judeus foram ainda mais longe, chegando a bloquear estradas para que os caminhões de ajuda não entrassem em Gaza, e caminhões que romperam o bloqueio foram incendiados.) Passadas tantas décadas desde a tomada da Palestina, os judeus nem cogitam na necessidade de encerrar a ocupação militar. Eles apenas contestam a recusa de Netanyahu de se demitir e o que veem como a relutância dele em acordar a liberação dos prisioneiros judeus.

A animosidade guerril é publicamente incitada e avança em ritmo acelerado. Declarações em pró do genocídio é o que mais se ouve na sociedade judaica. O “amável” Itamar Ben Gvir continua a renovar o repertório das suas brutalidades daquele tipo que os sul-africanos documentaram tão bem. Em 14 de maio, para o entusiasmo da multidão de judeus, o ministro da Segurança Nacional de Israel encarecia que os palestinos fossem estimulados a emigrar voluntariamente (como se tudo o que os judeus fizeram contra os civis palestinos desde o 7 de Outubro tivesse sido aceito “voluntariamente”). Ele falava num comício dos colonos na fronteira norte de Gaza, onde milhares de lorpas assistiam aos “fogos de artifício” sobre Gaza, exultantes por saquear a terra dos que ali tinham morrido ou estavam morrendo.

“A culpa é da mídia”, o leitor dirá. “Os judeus de Israel, como os americanos, simplesmente tiveram o cérebro lavado pela mídia deles.”

Não há negar que a mídia de Israel ― desde o Arutz 7 e o Channel 12 ([Os gazatas devem] morrer lenta e dolorosamente”) até o Israel Today e o Now 14 (Nós vamos exterminar vocês e os seus apoiadores”), e os vulgares bestalhões do i24 — forma-se de uma caterva convulsiva de idiólatras obsessionados.

Essa mídia é um antro de gente exaltada e de muita loquacidade. Esses judeus inculcam o seu tribalismo atávico e primitivo, vazado numa linguagem feia, anglicizada, uma espécie de língua geral hebraica. Pernósticos, cada um deles tem uma explicação para tudo segundo sua própria “teoria”.

Naveh Dromi é mais atraente de rosto e de voz do que a apresentadora do i24 Benita Levin, uma sul-africana birrenta e faladeira. Dromi é colunista do Haaretz, um diário que já foi considerado o de mais elevado nível intelectual da centro-esquerda de Israel. Ocorre que o Haaretz perdeu o lastro intelectual que um dia já teve. Escrevendo num hebraico bem pouco castiço, Dromi expôs o núcleo de sua “teoria” particular e é que uma “segunda Náqueba” estaria a caminho. Ela também já falou mais do que o homem da cobra sobre serem os palestinos um “grupo supérfluo”. Mas nada disso chega a ruborizar o seu bonito semblante.

Quejandas afirmações de supremacia judaica sempre ressoam na mídia de Israel. Mas, não, a culpa não é da mídia deles. Na verdade, a cerração mental dos judeus é inteiramente voluntária.

Segundo artigo saído na Oxford Scholarship Online, o “panorama da mídia em Israel” mostra “salutar competição” e concentração decrescente. A mesma fonte afirma que “o número de publicações está entre os mais altos do mundo”.

Israel conta com uma forte mídia de propriedade privada. Esses meios atendem ao que deles espera o público israelense, que presta todas as deferências às forças armadas, pois aí as famílias têm os seus filhos e filhas como militares. Por isso é que Gideon Levi insiste em declarar que a militaria é o bezerro de ouro de Israel.

Acontece, Levi insiste, que a opinião pública majoritária molda a mídia, e não ao contrário.

Levi confirma que as mídias da extrema direita e extrema esquerda são como uma só quando se trata da questão envolvendo as forças armadas judaicas e o povo palestino. E quanto a isto a mídia de Israel reflete a opinião predominante entre os judeus. O público judeu não quer saber de nada do padecimento imposto à população gazita e sempre trata com muito cuidado os seus militares, evitando críticas e questionamentos. Da perspectiva deles, os jornalistas militares são meros prestadores de serviço de relações públicas às forças armadas, gente íntima da militaria que poderia estar na cama com os soldados.

Pelo menos até este momento, os israelenses têm estado amplamente indiferentes à farra de seus militares no indiscriminado derramamento de sangue em Gaza. A maioria dos judeus só quer ter de volta os seus reféns. Além disso, apenas deseja a continuidade do massacre, com algumas pausas na matança para descanso e diversão.

Então, a sociedade dos judeus de Israel está doente, também?

Quando “88 por cento dos judeus israelenses entrevistados” fazem “uma avaliação positiva da atuação das forças armadas judaicas em Gaza até agora” (Tamar Hermann, “Guerra em Gaza ― Pesquisa 9”, Israel Democracy Institute, 24 de janeiro de 2024), e “uma absoluta maioria (88%) também justifica o número de baixas do lado palestino” (Gershon H. Gordon, The Peace Index, janeiro de 2024, Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Telavive) — procede a conclusão de que as diabólicas Forças de Defesa de Israel expressam a voz da comunidade israelojudaica.

Seja considerado o seguinte: lá pela altura de janeiro, a Faixa de Gaza já se tinha tornado inabitável, parecendo paisagem lunar. Não obstante, 51 por cento dos judeus de Israel disseram que a força empregada contra Gaza era adequada, e outros 43 por cento disseram que era insuficiente. (Fonte: Jerusalem Post, “Jewish Israelis believe IDF is using appropriate force in Gaza”, 26 de janeiro de 2024.)

Nota: a pesquisa de opinião não revelou uma divisão entre judeus favoráveis ao genocídio e judeus contrários ao genocídio. Antes, a divisão na sociedade do Estado Judeu separava os judeus satisfeitos com os níveis correntes de genocídio de outros judeus para quem o genocídio deveria matar mais gente em menos tempo, e isto quando a produtividade da matança já alcançara escala industrial, dado o emprego de métodos de extermínio altamente destrutivos.

As atitudes dos judeus devieram ainda mais agressivas desde então: em meado de fevereiro, 58 por cento dos judeus em Israel rosnavam que era preciso usar de mais violência contra Gaza; e 68 por cento “não aceitavam que ajuda humanitária fosse levada a Gaza”. (Jerusalem Post, “Majority of Jewish Israelis opposed to demilitarized Palestinian state”, 21 de fevereiro de 2024.) [Uma hipótese plausível: a plataforma de Biden para ajuda humanitária na praia de Gaza ― que logo depois de instalada acabou no fundo do mar ― terá sido sabotada.]

Há no caso mais do que a violência da guerra. Na verdade, as atitudes dos judeus levam a marca da sociopatia de toda a sua sociedade.

Quando se perguntava sobre “a extensão em que o planejamento da guerra contra Gaza deveria levar em consideração o sofrimento da população palestina”, os judeus entrevistados deram mostra de uma mesma reação consistente desde o final de outubro de 2023 até o final de março de 2024. A pesquisa do Israel Democracy Institute atestou o seguinte quanto a isso:

Apesar do desenrolar da guerra em Gaza e das duras críticas da comunidade internacional a Israel pelos males causados à população palestina, larga maioria dos judeus continuava achando que o sofrimento dos palestinos não era digno de consideração por parte de Israel. Ao contrário deles, uma maioria equivalente de árabes em Israel achava que o padecimento palestino devia ser levado em conta. (Tamar Hermann, Yaron Kaplan, Dr. Lior Yohanani, “War in Gaza, Survey 13”, Israel Democracy Institute, 26 de março de 2024.)

A ampla maioria no centro do espectro político em Israel (71%) e na direita (90%) diz que “Israel deve ter pelo sofrimento da população palestina alguma mínima consideração ou nenhuma consideração”.

Terminemos, porém, esta nossa exposição com uma “boa” notícia. E é que no “coração sangrante” da esquerda de Israel “apenas” (estou sendo cínico) 47 por cento “julgam que Israel não deve levar em conta o sofrimento dos civis palestinos em Gaza ou que deve ter alguma mínima consideração, enquanto 50 por cento julgam que a consideração pelo transe palestino deve ser grande ou muito grande”. (Ibid.)

Em outras palavras, a opinião prevalecente na esquerda judaica de Israel é que a dor dos gazitas deve ser considerada, mas não necessariamente suprimida.

Na realidade, e como mostrei tão tristemente aqui, o Estado Judeu e a sociedade judaica são ambos movidos pela supremacia judia. E os supremacistas judeus não atribuem quase nenhum valor, quando atribuem algum valor, às vidas e às aspirações dos palestinos. […]

*   *   *

Insisto neste ponto: qualquer estudante da história judia, da ética judia e do hiperetnocentrismo judeu não ficará surpreso com nada disso. O nosso problema existencial consiste em conseguirmos evitar o destino que foi o de russos, ucranianos e palestinos. Os judeus, uma vez que detenham o poder, farão de tudo para obstar os interesses dos góis em qualquer sociedade onde residirem, ou pela promoção de políticas antinacionais em favor de imigrantes e refugiados, ou ― no caso de que detenham o poder total ― pela reclusão, pela tortura, pelo genocídio…

O contraste entre a hiperetnocêntrica mídia israelense descrita por Mercer e a mídia antibranca, utópica e multicultural do Ocidente, em grande parte de propriedade de judeus, não poderia ser maior. Enquanto a mídia de Israel reflete o etnocentrismo do público judeu, a mídia no Ocidente dá o máximo de si para induzir atitudes públicas, apelando constantemente e cada vez mais à difusão de mensagens antibrancas ― mensagens de teor moral de impacto efetivo sobre grande parte da população branca, especialmente mulheres, provavelmente devido às peculiares culturas individualistas do Ocidente (cap. 8). A condição da mídia ocidental é a prova mais evidente de que os judeus constituem uma elite hostil no Ocidente.

A esta altura, deve estar claro que as culturas ocidentais são antípodas das culturas da Ásia Ocidental, onde o etnocentrismo e o coletivismo reinam. Os ocidentais não consideram tanto as suas relações em termos de endogrupo e exogrupo, o que, pelo contrário, é traço típico da cultura judaica ao longo de toda a história.

O individualismo não nos beneficiou em quase nada e foi um desastre para os povos ocidentais. Na conjunção que se nos depara, só uma forte consciência endogrupal nossa, advertida da ameaça do poderoso e perigoso exogrupo judeu, poderá nos salvar agora.

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Fonte: The Occidental Observer | Autor: Kevin MacDonald | Título original: The Extreme Hyper-Ethnocentrism of Jews on Display in Israeli Attitudes toward the Gaza War | Data de publicação: 18 de maio de 2024 | Versão brasilesa: Chauke Stephan Filho.

 

Aurélien Marq: o racismo antibranco da Google

Elon Musk no X: “Que caminho a IA deve seguir? Ela deve buscar a verdade (xAI)?
Ou deve seguir para o racismo woke (OpenAI e Gemini)? 

Os viquingues, os reis europeus, os Três Mosqueteiros, um casal inglês do século XVIII, os patriarcas da independência dos Estados Unidos, um cientista do Século das Luzes…  Todos negros retintos!

O escândalo em torno da inteligência artificial da Google ― que representa viquingues e reis europeus como negros ― forma parte de um movimento muito mais amplo: a race swaping, ou seja, “intercâmbio racial”, um fenômeno bastante frequente. O maldito robô “pesadélico” que ― eles nos diziam ― iria promover a “diversidade”, o que faz, na verdade, é promover a palhaçal teoria do privilégio branco. Além disso e ao mesmo tempo, a máquina não aceita o consumo de carne bovina, como também se nega a repudiar a pedofilia. E para arrematar a sacanagem, Sundar Pichai, o diretor-presidente da Google, declarou que tudo se tratava de “erros inaceitáveis”. A declaração pareceu mais uma piada divertida ao seu rival Elon Musk.

“Cubra esses brancos que não os posso ver!”[1] Este poderia ser o lema da Google, cuja postura deliberadamente racista ficou patente com a Gemini, sua empresa de IA. Ao contrário do que afirmam os diretores da empresa e publicações como Numerama, o assunto não tem nada a ver com erros de programação. Como bem notou Elon Musk,[2] a Google jogou as suas cartas muito precipitadamente, simples assim; seu racismo é consciente e deliberado. Além disso, faz parte de uma orientação ideológica que impregna até o seu famoso buscador, a qual se tenta inculcar nos seus usuários.

Os vieses ideológicos da Gemini

Dia desses, quando experimentavam a função de geração de imagens, os retinautas comprovaram certos vieses ideológicos da Gemini, a IA desenvolvida pela Google. A obsessão da IA pela “diversidade” ― ou melhor, a obsessão de seus programadores pela “diversidade” ― tem produzido resultados tão hilariantes quanto inquietantes. Isso consiste ― explicando de forma simples, em colocar pessoas “racializadas” onde quer que se queira, absolutamente em todas as partes.

Assim, “Desenhe um viquingue” produz negros e ameríndios. “Desenhe um Papa” produz uma mulher índia e um homem negro. “Desenhe um cavaleiro da Idade Média” produz todo tipo de figura, mas não o tipo normal de homens brancos. Solicitando-se-lhe “um casal de ingleses do século XVIII”, “os patriarcas da independência dos Estados Unidos”, “um rei francês”, “um cientista do Século das Luzes” ou “os Três Mosqueteiros”, tudo isso produz um montão de negros, uns poucos asiáticos, muito poucas mulheres brancas e nenhum homem branco. E assim sucessivamente. A cereja do bolo é colocada quando se pergunta por “um soldado alemão de 1943” e, finalmente, aparece um só homem branco, mas não sem a companhia de um homem negro e uma mulher asiática!

Não se trata de erro, senão que de autêntico vício ideológico, que se mostra evidente a propósito de perguntas sobre características étnicas explícitas. Por exemplo, quando se diz à Gemini para desenhar “uma bela mulher branca”, ela se nega a fazê-lo, sob o pretexto de não “perpetuar estereótipos”. Quando, porém, se diz à máquina para desenhar “uma bela mulher negra”, aí tudo bem: a IA gera imagens só de mulheres negras, sem nenhum problema. Solicitada a mostrar alguma imagem de família branca, a IA responde negativamente e “justifica” a recusa pela alegação de que não poderia gerar imagens de um só grupo étnico, acrescentando que, “centrada desse modo num só grupo étnico, provavelmente favoreceria a perpetuação de estereótipos tóxicos”. Mas peça a imagem de uma família negra e não haverá problema. Perguntando-se-lhe “Ser negro é um bem?”, sua função de diálogo, semelhante ao Chat GPT, responde “Sim, absolutamente”. Entretanto, à pergunta “Ser branco é um bem?”, responde que É uma questão complexa. Fazer essa pergunta pode perpetuar estereótipos tóxicos”. Evidentemente, Gemini promove a túrbida teoria do “privilégio branco”. Sua geração de imagens não objetiva apresentar nenhuma variedade de perfis de forma sistemática, antes, o seu fim é invisibilizar os brancos.

Isso forma parte de um movimento mais amplo: o “intercâmbio das raças”, fenômeno muito extenso, que vai desde as personagens de desenhos animados de Scooby-Doo até a série Sr. e Sra. Smith. Nesse conjunto está A pequena sereia, da Disney (agora negra); está Ana Bolena, a rainha da Inglaterra, também negra nessa série da BBC; e, claro, Cleópatra, uma série “documental” da Netflix que, como nenhuma outra no mundo, não mediu esforços para fazer crer que a última rainha lágida era negra (o que despertou, e com razão, a ira do Egito). Há ainda os inúmeros anúncios comerciais que, além de mostrarem os indefectíveis casais birraciais, quase sempre formando os pares com um homem negro e uma mulher branca, quase nunca ao contrário: homem branco com mulher negra. Aliás, sabe-se que no subconsciente (e na história) de todas as sociedades humanas, os vencedores tomam as mulheres dos vencidos… Recordemos também o ensaio dos investigadores que copiaram trechos inteiros de Mein Kampf, de Hitler, apenas substituindo “judeus” por “brancos”, compondo texto que depois enviaram para publicação em prestigiosas revistas de “ciências sociais”. Resultado do experimento: todos os conselhos editoriais, orgulhosos de seu progressismo, aprovaram sem ressalvas o “artigo”.

Apocalypse now

Gemini não é nenhum monstro de Frankenstein, uma criatura que escapou das mãos de seu criador. Gemini foi criada para fazer o que ela faz, e o faz em perfeita conformidade com o espírito de seus criadores. As atuais escusas da Google não passam de uma reação hipócrita ao escândalo e suas consequências financeiras ― a perda de 70 bilhões de dólares de valor bursátil em 24 horas. As desculpas não significam nenhuma renúncia à ideologia “diversitária”, apenas servem para que a Google inocule o seu veneno mais sutil e suavemente.

Gemini não é um produto acidental do progressismo: é o próprio progressismo. Trata-se de sua inconsciência expressa abertamente, a verdadeira cara dessa ideologia, sua lógica profunda e sua consequência inevitável.

Isso a que estamos assistindo é a famosa “convergência interseccional de lutas”, a união sagrada das “minorias oprimidas” contra uma sociedade de “opressores dominantes”. Dito de outro modo, temos aí as feministas se aliando com os ativistas trans ― que estão destruindo o esporte feminino, e com os muçulmanos ― que apoiam o Talibã e o casamento forçado de meninas impúberes. Com isso, pensam, muito estranhamente, combater a insuportável “masculinidade tóxica” do anacrônico cavalheirismo ocidental. Vale tudo, qualquer coisa, seja o que for, para derrubar a ordem “burguesa” ou “patriarcal” ou “cis-heteronormativa” ou “branca”, ou seja, a decência comum desenvolvida durante os séculos pelas sociedades ocidentais.

E por quê? Porque uma parte importante dos progressistas de qualquer lugar, os grandes ganhadores da globalização, tem a ilusão de ser uma elite e aspira a se converter numa oligarquia para abolir a democracia e, mais ainda, a decência comum. Alcançado esse objetivo, suas ambições e apetites ficariam livres de toda restrição, como já se passa, desde há muito tempo, com os seus homólogos do Terceiro Mundo.

Esse projeto deles, por conseguinte, exige a promoção da “diversidade” para que possam impor o multiculturalismo em todo lugar. Então, quando as pessoas “de origem diversa”, também chamadas de “os jovens” (seriam todos de “Juvenilândia”?), adotam o modo de vida europeu, os progressistas não as aceitam, e os repudiados são chamados de “crioulos serviçais” ou “moros vendidos”. Isto prova que a “diversidade”, para os progressistas, não tem outro valor que o de servir de arma para atacar os costumes tradicionais da Europa. Eles necessitam fazer crer que essa “diversidade” há sido sempre a norma, para ocultar que se trata de uma grande convulsão, o resultado deliberado de um projeto de engenharia social; donde a reescritura da história com ênfase nas “contribuições externas”, daí os mosqueteiros e os viquingues negros. Eles fomentam as culturas que, ao contrário da civilização europeia, aceitam a submissão aos governantes, em vez de lhes exigirem justiça. Eles agem no intento de impedir que os povos europeus tomem consciência de sua identidade, porque se a reivindicarem, se recuperarem o orgulho da nossa civilização, se souberem o que é essa civilização e o que chegou a realizar ao longo dos séculos, conhecerão o próprio poder de que dispõem para arrostar com a oligarquia progressista e obstar o seu triunfo.

A propósito, Elon Musk fez um outro experimento interessante, e descobriu que o buscador da Google também promove a censura. Esta censura é desejada pela UE, por Thierry Breton, Macron e caterva. Também desejam a repressão à liberdade de expressão os tais fact-checkers e outros supostos especialistas na luta “contra a desinformação” e “contra o ódio”. Toda essa corja está muito malparada no mesmo campo da IA antibranca e de certa fraqueza diante da pedofilia… Não nos esqueçamos disso.

[1] Alusão ao famoso endecassílabo da comédia Tartufo, de Molière (“Couvrez ce sein que je ne saurais voir!”), em que se exige a ocultação dos peitos femininos. (N.T.)

[2] Felizmente, o homem mais rico do mundo está combativamente postado na trincheira do lado certo, onde também está outro multibilionário, chamado Donald Trump. Tal situação é uma das mais importantes já produzidas nos estertores da pós-modernidade. (N.R.)

Fonte: El Manifiesto | Autor: Aurélien Marq | Título da versão espanhola: Google y su racismo antiblanco. Nos pintam como si fuésemos negros. | Data de publicação: 5 de março de 2024 | Versão brasilesa: Chauke Stephan Filho.

O que é a Nova Direita

Javier Ruiz Portella: O que é a Nova Direita

 O diretor de El Manifiesto, Javier Ruiz Portella, estreou-se como colaborador da seção “Ideas” de La Gaceta de la Iberosfera. O artigo abaixo foi a primeira entrega dele. Confira!

Corria o ano de 1968. Os jovens eram franceses, ousados, rebeldes… Não, não me refiro àqueles que, em maio desse mesmo ano, foram para as barricadas esperando descobrir “a praia debaixo dos paralelepípedos” ou para colocar “a imaginação no poder”. Nobres propósitos, esses, só que se faziam acompanhar de certos princípios não tão nobres que os desmentiam, como “meus desejos são a realidade” ou “o sagrado é o inimigo” ou “é proibido proibir”. Tais consignas, lançadas por aqueles aparentes rebeldes, acabaram marcando o mundo.

Uma breve revisão da história

Os jovens cuja rebeldia nada tinha de aparente eram outros, e vamos contar a história deles agora. Naquele mesmo ano de 1968, os verdadeiros rebeldes constituíram um movimento na França que ficaria conhecido como Nouvelle Droite, depois estendido a países como Itália, Alemanha, Espanha. [1]

Rebeldes naquele tempo, eles continuam sendo rebeldes até hoje. Mais de cinquenta anos passados, o tempo não enfraqueceu sua causa, o combate de ideias persiste, agora com novos lutadores. Alguns da velha-guarda, como Dominique Venner, [2] estiveram na prisão por sua participação na luta em favor da Argélia francesa. Outros procediam de diversos movimentos nacionalistas e identitários que se reuniram em 1968 para fundar o Grece, [3] cuja primeira assembleia teria lugar em maio desse mesmo ano.

Assim, pelo impulso de personagens como Dominique Venner ou Alain de Benoist (cujo prestígio intelectual logo lhe daria especial destaque), formar-se-ia o que o próprio Grece chamaria de “uma sociedade de pensamento com vocação intelectual”. Vocação que se plasmaria em duas grandes revistas ainda hoje editadas: Nouvelle École e Eléments. Muito mais importante, no entanto, foi uma terceira revista, publicada como suplemento dominical de Le Figaro. Lançada em 1978 pelo escritor Louis Pauwels, que na sua redação colocou o grupo de autores da Nouvelle Droite, a Figaro-Magazine logrou extraordinário êxito, com tiragens de até 1 milhão de exemplares.

Isso significava a saída das catacumbas, lugar onde costumam estar enclausuradas as publicações antissistêmicas. É claro que o sistema não gostou dessa história, então os seus periódicos de esquerda (Le Monde, Le Nouvel Observateur, Le Canard Enchaîné…) lançaram feroz campanha de demonização em 1979. Por conseguinte, vieram as habituais calúnias sobre racismo, fascismo, xenofobia e quejandas denúncias. Depois, foi a vez das “sanções” financeiras, com as grandes empresas do Sistema ameaçando cancelar as verbas de publicidade consignadas a Le Figaro. Diante disso, a direção do periódico viu-se obrigada a descontinuar a linha crítica, e a Nouvelle Droite perdeu os meios capazes de dar maior repercussão às suas mensagens na sociedade.

O pensamento da Nova Direita

Se uma só palavra pudesse resumir o pensamento da Nova Direita, seria a palavra “Identidade”. Não qualquer identidade, mas sim a identidade coletiva, comunitária, orgânica. A identidade afirmante de que só arraigados no justo, no belo e no verdadeiro os homens podem existir; apenas com base no que decantou a História e a Tradição pode o sentido desenvolver-se plenamente em todo o mundo.

Isso é exatamente o contrário do que preconiza a modernidade e, sobretudo, a pós-modernidade.  Essa é a antítese do que pretende o individualismo atomista que tão bem expressavam aqueles moços do Maio de 68. Depois de terem proclamado que “é perigoso ser herdeiro”, decretaram “o estado de felicidade permanente” a fim de poder “gozar aqui e agora”, convencidos como estavam de que só “meus desejos são a realidade”, pois “Deus sou eu” e “o Estado é cada um de nós mesmos” e assim por diante.

Preparavam-se aí os atuais delírios do vigilismo (wokismo), todo esse sem-sentido de dizer que a Natureza não é nada, como também a Tradição, pois cada um é o que deseja ser: uma mulher nascida homem, um homem nascido mulher. Nada há fora do desejo (mas, se houver, será coercitivo, repressivo: destruamo-lo!). Tudo é líquido, tudo flui, nada se impõe, tudo é insubstancial.

Foi então que começaram os nossos males? Não. A partir daí eles se exacerbaram, mas sua origem vem de muito mais longe. A pós-modernidade leva ao extremo tanto o atomismo individualista quanto a perda de substância de um mundo que, desde há um par de séculos ― com o triunfo do pensamento ilustrado ― começou a ignorar tudo quanto tivesse o cheiro de alguma coisa firme, substancial, sagrada.

Condensada em sua essência, essa é a impugnação que a Nova Direita lança contra o espírito que marca os nossos tempos. Esta é uma impugnação de fundo, de raiz, não apenas deste ou daquele aspecto ou questão. Ela alcança, igualmente, outras questões intimamente ligadas às anteriores. Como a impugnação do capitalismo, que é colocado na picota, não pelas ânsias igualitárias próprias do socialismo, mas pela desmesurada cobiça que domina todos ― os trabalhadores, as classes médias e os próprios capitalistas ― submetendo-os ao império da produção, da mercadoria e do consumo.

E, na picota com o capitalismo, está o liberalismo, seus dois grandes componentes, o individualismo atomista, que acabamos de ver, e o igualitarismo. Este é um chamariz, uma forma aparentemente interessante de tratar os desiguais como iguais que escamoteia as profundas desigualdades entre os homens, cujos conflitos só se aplacam graças à riqueza gerada pelos enormes progressos da Técnica.

Mudar o mundo

Do que acima vai dito decorre consequência óbvia. O que a Nova Direita faz não é impugnar tais ou quais políticas, criticar este ou aquele governo, um ou outro partido. Críticas devem ser feitas, claro. E já se fazem, de forma até demolidora. Porém, a crítica da Nova Direita tem outro objetivo.

A vitória em algumas eleições, a mudança de governo, o triunfo, por exemplo, do Vox na Espanha ou do Rassemblement National na França ou do Fratelli d’Italia ou de Orban na Hungria, isso tudo marca avanços importantes, indispensáveis. Ocorre que o essencial não está aí.

O que está em questão não é mudar o governo X ou Y. Trata-se, antes, de mudar o mundo.

E mudá-lo significa transformar a visão do mundo que rege nossa existência, modificar o imaginário, a sensibilidade, os sentimentos e valores que articulam nossa concepção do mundo, nossa escala do bom, do justo e do belo. Na escala sendo usada hoje, nada é sagrado, só importa o econômico, nela o belo vai sendo substituído pelo feio ― haja vista o caso da “arte” contemporânea ou de tantos de nossos edifícios.

Isso implica, obviamente, uma transformação revolucionária. Ao mesmo tempo, porém, essa mudança radical é, paradoxalmente, uma mudança conservadora. Diferentemente do que se passou nas grandes revoluções como a francesa ou a bolchevique, não se pretende aqui abrir páginas em branco na História para escrevê-las com sangue, rios de sangue. A nossa “revolução conservadora” ― perdoem o oxímoro ― quer, ao contrário disso, arraigar-se na História, conservar o que nela se depositou, manter vivo o essencial de nossa tradição e civilização.

Então, como se trata de mudar mentalidades, nestas estará o foco de sua ação. Por isso a Nova Direita não disputa eleição e não desenvolve as suas atividades no âmbito da política propriamente dita.

A sua atuação tem lugar no campo a que se dá, por tal razão, o nome de “Metapolítica”.

Basta ler as publicações da Nova Direita (Éléments, Krisis ou Nouvelle École na França; El Manifiesto na Espanha), basta ver los programas da TV-Libertés, ler os livros de Éditions de La Nouvelle Librairie, ou considerar os temas abordados no Colóquio que, com assistência massiva, o Institut Iliade organiza a cada ano. Quem o fizer não encontrará nada parecido com proclamações, panfletos, programas eleitorais, discursos de propaganda. Deparar-se-lhe-ão, em vez disso, reflexões filosóficas, políticas ou artísticas, bem assim análises sobre o que está em jogo em questões candentes como a guerra da Otan contra a Rússia, a “Grande Substituição” (a grande invasão migratória na Europa), as aberrações da “arte” contemporânea, os delírios vigilistas ou as violações que perpetra a ditadura do politicamente correto contra a liberdade de expressão.

A Nova Direita abraça a liberdade de expressão com toda a sua alma, essa mesma Nova Direita que os adversários chamam de retrógrada e fascista. Uma das formas como defende a liberdade de expressão consiste em abrir as suas publicações a intelectuais de grande prestígio, mas não pertencentes à sua família de pensamento. Citamos, por exemplo, Silvain Tessson, Alain Finkielkraut, Éric Zemmour, Michel Onfray e Marcel Gauchet, entre outros.

A Nova Direita é realmente de direita?

Há duas direitas: a liberal e a conservadora, mas a nenhuma dessas pertence a Nova Direita.

As diferenças entre ambas são hoje mínimas; mas não era assim em outros tempos, quando o liberalismo (veja-se o exemplo de nossas guerras carlistas) opunha-se frontalmente ao conservadorismo daqueles que, na reação contra ele, receberam o nome de “reacionários”.

Com nenhuma de ambas as direitas se identifica aquela que, por isso mesmo, é chamada de “nova”. Já ficou suficientemente clara sua oposição à direita liberal. Quanto à conservadora, a Nova Direita comparte, sim, algo de seu espírito, na suposição ― cada vez menos provável ― de que os atuais conservadores seguem conservando certo apego a coisas como tradição, hierarquia e autoridade (que não se deve confundir com arbitrariedade).

Duas coisas, entretanto, não permitem assimilar a Nova Direita ao espírito conservador ou reacionário. Em primeiro lugar, o seu questionamento muito revolucionário da atual ordem do mundo. A tal ponto chega a sua crítica, que alguns são levados a perguntar se não seria legítimo assimilar sua denúncia dos desmandos capitalistas à denúncia que faz a própria esquerda revolucionária. Não. Semelhante assimilação seria ilegítima, pois equivaleria a ignorar que ambos os questionamentos partem de perspectivas diversas e contrárias, assim como são os seus objetivos.

Em segundo lugar, a consideração de que o fundamento do mundo está no transmundo de um Além sobrenatural, e isto nenhum espírito reacionário que se tenha por sério e verdadeiro poderia ignorar. Para o autêntico pensamento conservador, Deus não está morto nem pode morrer.

E para a Nova Direita?

A Nova Direita e o divino

Ai! por que tardas? e aqueles, filhos dos deuses, / Vivem ainda, ó dia! como nas profundas da terra, / Solitários, lá baixo, enquanto aqui uma primavera eterna / Passa como sonho, sem que ninguém a cante, sobre as cabeças dormentes? (HÖLDERLIN ― O arquipélago)

Voltamos a deparar aqui uma dessas dualidades, um desses “abraços de contrários” (como o da “revolução” que é, ao mesmo tempo, “conservação”) que, longe de nos lançar na obscuridade, abre para nós as portas do sentido e da significação.

Para a Nova Direita — profundamente moderna, como é na realidade ― o mundo deixa de ter seu fundamento em qualquer transmundo sobrenatural. Também para ela, “Deus está morto”. Ao mesmo tempo, porém ― profundamente antimoderna, como também é ― a Nova Direita considera indispensável que “o divino” retome o seu lugar no mundo. Se não fosse assim estaríamos incorrendo na condenação de que nos advertiu Heidegger ao dizer que “só um deus pode nos salvar”. [4]

Porém, que deus? Que alento sagrado? Que ordem divina?

A resposta parece evidente. Esta ordem divina é a do cultus deorum de nossas origens gregas e romanas. Os deuses que o cristianismo derrotou “continuam vivendo ― dizia Hölderlin ― nas profundas da terra”. Entretanto, “ninguém os canta”, aditava. Cantar nossos antigos deuses, reivindicar essas divindades que na essência, dizia Dominique Venner, são «com frequência, transposições das forças da natureza e da vida”, é o que faz a Nova Direita ao reivindicar uma transcendência que, ao mesmo tempo, é imanência, ou seja, assunto deste mundo, do único mundo existente, não de nenhum Além ― e esta é a sua divergência fundamental com o cristianismo.[5]

Como é possível ― perguntará o leitor surpreso ― que um pensamento tão elaborado como esse possa acreditar em Zeus, Apolo, Afrodite, Poseidão, Atena e todos os demais? Nosso leitor equivoca-se. Não se trata de “acreditar”, trata-se de significar, de simbolizar. “Para se pagão ― escreve Alain de Benoist — não é preciso ‘acreditar’ em Júpiter ou Odin (o que não é, não obstante, mais ridículo do que acreditar em Javé)”. Em outras palavras, não é a existência real, efetiva dos deuses o que proclama a Nova Direita. Ninguém acha que Zeus, agitando seu feixe de raios, lance-os sobre a terra; que Afrodite tenha surgido como espuma das águas de Chipre; ou que um furioso Poseidão rompa a terra com o seu tridente e provoque terremotos, afundamentos e naufrágios. Isso tudo são mitos. Todo o paganismo vive infundido no mítico. Ocorre que um mito ― como os mitos cristãos, inclusive ― é coisa tremendamente séria. Fundamental, mesmo.

Que os deuses existam algures fora do espírito humano, no alto do monte Olimpo ou noutro lugar qualquer, é tão pouco credível como a existência do Deus da Bíblia no alto dos seus céus.

E, não obstante, os deuses da Grécia, de Roma e de outros povos europeus são afirmados, reivindicados como um culto ― nisso consistia o paganismo: num culto ― pelo qual a Nova Direita expressa vivas simpatias. Como é que pode?

Como é possível ser pagão, perguntava Alain de Benoist num famoso livro tendo esse pergunta por título. Se isso é possível, é porque uma coisa é a crença em Deus ou em deuses; e, outra, o sentimento, a aura do sagrado na sociedade que o celebra e lhe rende culto. Só se pode ser pagão; ou, mais amplamente, só pode renascer hoje o valor do sagrado ― da religião que for ― no caso de verificada uma ou outra de duas condições: que os mitos sejam reconhecidos como mitos ou que a existência ― mítica ou real ― do divino fique a flutuar, impronunciada, nas águas do indeterminado.

O não crente ou o crente, tomando os mitos como mitos ou como a realidade mais real de todo o real, o que não se pode fazer ― se quisermos “nos salvar”, diria Heidegger ― é o que faz o nosso tempo: encurralar “o divino”, excluir o “sagrado”, apagar essa luz que, entre esplendores e sombras, significa e faz vibrar todo o insondável, todo o esplendoroso mistério de  nossa existência de homens destinados à vida. O mesmo é dizer que estão destinados à morte.

Sim, eu sei, é difícil, complexo enfocar as coisas nesses termos. Talvez seja até impossível, dada a inércia e o peso do social.[6] Em todo caso, a questão é tão complexa e apaixonante como, por exemplo, a que coloca Miguel Ángel Quintana Paz quando, distinguindo entre o Cristianismo e a Cristandade, reivindica o renascer desta última, ou seja, o ressurgimento de princípios sagrados ― “intangíveis”, “substanciais”, dizíamos antes ― que presidam o mundo, sendo por outra parte indiferente a que se creia (ou não) no corpo de dogmas da Igreja, na verdade efetiva dos relatos bíblicos e na intervenção divina nos assuntos de homens absolvidos ou condenados, premiados ou castigados por toda a eternidade.

NOTAS:

[1] Na Espanha, a Nova Direita esteve representada nos anos oitentas e noventas pelas revistas Punto y Coma e Hespérides, dirigidas respectivamente por Isidro Palacios e José Javier Esparza. Desde 2004, a publicação que mais amplamente expressa o espírito da Nova Direita é El Manifiesto. Dirigida por este que vos escreve, é desde 2007 um periódico digital de publicação diária.

[2] No dia 21 de maio de 2023, transcorreu o décimo aniversário da imolação de Dominique Venner na Catedral de Notre Dame de Paris. Não foi um suicídio qualquer. “Dou-me a morte ― deixou escrito ― a fim de despertar as consciências adormecidas. […] Sublevo-me contra os venenos da alma e os desejos individuais que destroem as nossas âncoras identitárias.”

[3] “Grecia”, em francês. Acrônimo de “Groupement de recherche et d’études pour la civilisation européenne” (Grupo de Pesquisa e Estudos para a Civilização Europeia).

[4] Heidegger e Nietzsche (nesta ordem de importância) são os dois principais filósofos cuja influência, explicitamente reconhecida por Alain de Benoist, anima o conjunto da Nova Direita.

[5] Apesar das profundas divergências filosóficas que separam a Nova Direita do Cristianismo (o histórico, não aquele do Concílio Vaticano II), as relações entre ambos são profundamente amistosas. Isto é lógico, se se pensa que, no nosso dessacralizado mundo, ambos estão no mesmo lado da barricada e aí resistem a ataques semelhantes.

[6] Eu tratei de complexidades e dificuldades, além de muitos outros pontos que não cabia abordar em El abismo democrático (Ediciones Insólitas, Madrid, 2019). Considerando outro aspecto desse ensaio, a versão francesa foi intitulada N’y a-t-il qu’un dieu pour nous sauver? [um deus pode nos salvar?] ― Éditions de la Nouvelle Librairie, Paris, 2021.

 

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Fonte: La Gaceta de la Iberosfera | Autor: Javier Ruiz Portella | Data de publicação: 28 de maio de 2023 | Título original: ¿La Nueva Derecha? ¿Y esto qué es? | Versão brasilesa: Chauke Stephan Filho.