A maldição demográfica: Satã e a esquerda mentem

Se o caro leitor aprecia livros divertidos e ao mesmo tempo inteligentes, dou um conselho tão bom agora quanto o era mais de dois séculos atrás: leia o livro The Monk [O monge]. Tendo por autor um adolescente altamente talentoso chamado Matthew Lewis e primeiramente publicada em 1796, este que é um dos maiores romances góticos lampeja inteligência e sabedoria. Entre outras qualidades, o livro consiste numa ilustração das mais claras sobre tema perene: a mentira como abre-alas do mal. Satã seduz antes de assaltar, aparecendo sob disfarce até que possa revelar sua verdadeira e feia natureza.

Deslumbrado pelo mal

O monge que dá nome ao romance, homem piedoso, mas moralmente mazelado, um abade espanhol de nome Ambrósio, acaba sendo seduzido pelo demônio e cai em perdição. Quando um falso amigo invoca Satã em favor de Ambrósio, o abade é ludibriado por inteligente disfarce. Na sua aparição, Satã mostra-se como lindo serafim dotado de membros de um branco ofuscante e “cabelame de seda”. Ele vem “cercado de nuvens cor-de-rosa” que exalam deliciosos perfumes. Ambrósio deixa-se encantar “ante a visão tão diferente do que esperava” e “se abstrai no gozo da cena, maravilhado pela contemplação do Espírito”. (The Monk, vol. 2, ch. 4)

A primeira edição do livro O Monge, de Matthew Lewis

Houvesse Satã se mostrado na sua real e medonha forma, Ambrósio teria arredado, retirando-se do caminho do mal. Ao contrário, Ambrósio foi seduzido e levado a cometer pecado mortal. Mas quando Satã sentiu que sua presa estava dominada, desvestiu-se do indumento fantasioso. Na invocação solitária que lhe fez Ambrósio, Satã vem num “redemunho de enxofre” e dá a ver “toda a fealdade que carrega como fardo de seu fado, desde a sua queda do Céu”. Ele tem a pele negra, suas unhas ameaçadoras são garras afiadas e, seus cabelos, “serpentes vivas” que se contorcem, soltando “silvos pavorosos”. (The Monk, vol. 3, ch. 5)

Visões róseas da harmonia racial

Agora Ambrósio vê a feia verdade, mas já tarde demais. Ele fora iludido a cada passo, e brevemente terá chegado ao fundo do vórtice de sua danação. Bem, esse é o romance gótico de 1796, mas não consigo deixar de associar essa história à atual política ocidental. No passado recente, os brancos foram seduzidos pela esquerda com visões róseas da “harmonia racial” e das sociedades culturalmente “enriquecidas”. Por exemplo, muitos milhões de brancos votaram no maneiroso e cheio de lábia Barack Obama, na sincera esperança de que ele faria dos Estados Unidos uma nação pós-racial, onde só as cores da bandeira septicolor importariam, onde a culpa branca e o ressentimento negro de fomento estatal desapareceriam, e todo o mundo fosse “se dar bem”.

Entrem para a Igreja dos Malditos !

Como recompensa por sua boa-vontade, os eleitores brancos de Obama foram agraciados com o Black Lives Matter, merecendo ainda a intensificação da demagogia, da propaganda e do crime contra si mesmos. A sedução esquerdista está chegando ao fim, e o esquerdismo começou a retirar o seu disfarce. A redenção pós-racial já deixou de ser oferecida aos brancos, que agora são acusados de depravação inata. Em outras palavras, cessaram as emanações odoríferas de Satã, que agora lança de si gases sulfurosos. Na American Renaissance, Gregory Hood descreveu a mudança da sedução para a condenação num excelente ensaio intitulado “Anti-Racism: The Church of the Damned” [Antirracismo: a igreja dos condenados]. Ele escreve que “O antirracismo é uma igreja que não oferece a salvação. Ser branco significa pertencer ao número dos malditos, não importa o que se faça”. A população branca dos Estados Unidos sofre o assalto de sumos sacerdotes esquerdistas que em seu culto da morte “apregoam uma eterna culpa branca a ser expiada por toda a eternidade”.

O culto esquerdista da morte elevou-se na maré da imigração não branca nos Estados Unidos e noutras nações ocidentais. E quando a esquerda operava para abrir as fronteiras, ela mentia sobre o que fazia. Por exemplo, Kevin MacDonald mostrou que a Immigration Act [Lei da Imigração] de 1965, a qual escancarou as fronteiras dos Estados Unidos para os não brancos, foi a culminação de campanha de longa duração (décadas), promovida por judeus etnocêntricos no afã de diluir (e eventualmente destruir) a maioria branca cristã americana. Mas, assim como Satã não revelou sua real natureza e intenções para Ambrósio, também os patrocinadores judeus dessa lei não revelaram sua real natureza e intenções aos brancos dos Estados Unidos.

“A estabilidade étnica dos Estados Unidos não será comprometida”

Ao contrário, eles contrataram alguns góis para que fossem seus testas de ferro e cabalassem a aprovação da lei, contando mentiras sobre a catástrofe demográfica que estava para se abater sobre os Estados Unidos. O senador americano de origem irlandesa Teddy Kennedy respondeu aos críticos daquela lei de 1965 nos seguintes termos:

Eu quero fazer um comentário sobre … o que a lei não fará. Primeiro: nossas cidades não serão submergidas na torrente de milhão de imigrantes a cada ano. Conforme o projeto de lei, a taxa de imigração permanecerá substancialmente a mesma de hoje […]. Segundo: a presente composição étnica do país não será desarranjada […]. Ao contrário das acusações de certos setores, o Congresso não inundará os Estados Unidos de imigrantes de nenhum país ou área, de nenhuma das mais populosas e pobres nações da África e Ásia. Em última análise, não se prevê que o padrão étnico da imigração sob a lei proposta venha a sofrer qualquer mudança sensível, como alguns críticos querem dar a entender. Terceiro: a lei não permitirá o ingresso de subversivos, criminosos, analfabetos, doentes mentais ou pessoas com doenças contagiosas. Como observei logo antes, a nenhum indivíduo que possa se converter num problema social […] será concedido visto de imigrante.  As acusações nesse sentido são emocionais, são irracionais, não têm base na realidade. Esses que atacam a lei não estão correspondendo às obrigações da cidadania responsável. Eles geram ódio de nosso legado cultural. (Cf. So Much for Promises — Quotes Re 1965 Immigration Act, VDare, 9th August 2006)

O senador Robert F. Kennedy, irmão de Teddy, disse patranhas semelhantes, assim como toda a caterva de esquerdistas e seus inocentes úteis da direita. Em 1965, a esquerda seduziu os brancos dos Estados Unidos; em 2020, a esquerda proclamou a condenação desses brancos. Os brancos foram condenados à despossessão e à perseguição como casta desprezível por não brancos ressentidos, cujos rancores de inveja têm aprovação oficial.

O chocante, sentimental e desonesto romance gráfico Illegal (2017)

Mas a sedução e as mentiras ainda estão sendo usadas pela esquerda, como o leitor pode ver no romance gráfico para crianças recentemente publicado Illegal (2017). O título é irônico e faz referência a uma famosa citação do ativista judeu Elie Wiesel sobre migrantes ilegais: “Nenhum ser humano é ilegal”. Escrito por dois brancos irlandeses, Eoin Colfer e Andrew Donkin, e ilustrado pelo italiano Giovanni Rigano, também branco, Illegal conta “a história de Ebo e Kwame [dois irmãos negros] e sua torturante viagem do Norte da África para a Europa em busca de uma vida melhor”. Em outras palavras: é tudo propaganda para a abertura das fronteiras e a danação demográfica da Europa. É claro que o livro ganharia o maior prêmio na categoria “Melhores livros para crianças e adolescentes”, da Biblioteca Pública de Nova Iorque e, na categoria “Melhor ficção para adultos”, o prêmio da Biblioteca Pública de Chicago em 2018. Esquerdistas gostam de acreditar que são pensadores sofisticados, mas Illegal apela a sua real natureza de narcisistas refutadores da realidade. Na verdade, por exemplo, a maioria daqueles que procuram “refúgio” na Europa é de homens jovens e arrogantes, numa idade em que costumam formar sua gangue de estupradores e cometer seu primeiro crime.

De olhos grandes e narizinho chato, Ebo quer a ajuda do leitor.

Na fantasia de Illegal, entretanto, o herói é um pré-adolescente chamado Ebo, cujos “grandes olhos, bochechas rechonchudinhas e narizinho de botão” poderiam ter sido extraídos diretamente de um artigo científico intitulado “How cute things hijack our brains and drive behaviour” [Como as coisas engraçadinhas sequestram nosso cérebro e condicionam o comportamento] (2016). Sim, Ebo tem um irmão mais velho, alto, forte, um jovem adulto chamado Kwame mas, é claro, os autores matam Kwame por afogamento durante a travessia do Mediterrâneo, e Ebo teve de continuar sozinho sua “torturante viagem”. Em resumo, o romance é chocantemente sentimental e desonesto. E ele levanta uma desconfortável questão. Será por mera coincidência que por trás de tão enganosa propaganda estão dois irlandeses, como aqueles dois irlandeses da família Kennedy que promoveram fraudulentamente a lei de imigração de 1965 nos Estados Unidos?

   “Ajudem-me, salvadores brancos!”: os grandes olhos de Ebo apelavam para os de cima.

Não, infelizmente não é coincidência. Os católicos irlandeses são minoria inimiga dos protestantes saxões, servindo sempre de aliados providenciais para a hostil elite judia, tanto nos Estados Unidos quanto na Inglaterra, situação análoga àquela das ressentidas minorias antirrussas de georgianos e letões na URSS sob controle judeu. A Revolução Bolchevique e sua precursora na França do século XVIII são outros exemplos de como a esquerda se vale de sedutoras mentiras antes de revelar sua real, repugnante natureza. Na França como na Rússia, os revolucionários prometeram “Liberté! Égalité! Fraternité!”, para então criar tiranias que se banharam no sangue de seus próprios povos.

Lucrando e lacrando com o ódio: os pernósticos, autocomplacentes autores irlandeses e o ilustrador italiano de Illegal querem certificado de sua superior condição moral.

Mas os esquerdistas perderam estatura intelectual e ambição desde os dias de Robespierre e Lenine. Livros tais quais Illegal e Anti-Racist Baby, este de Ibram X. Kendi, não são sérios nem arrazoados minudentemente à maneira de Marx em O Capital (1867). Os esquerdistas de hoje abandonaram o intelecto pela emoção, como se vê em Illegal. Com as imagens do pequeno e engraçadinho Ebo, pretende-se disparar circuitos cerebrais primitivos para contornar o intelecto. Um grupo de psicólogos explica isso nos seguintes termos: “Bebês furam a fila do processamento no nosso cérebro. Eles passam à frente de qualquer outra coisa na mente, o que torna difícil que sejam ignorados. Eles também prendem nossa atenção até mesmo antes de serem reconhecidos como bebês. Eles têm esse condão por sua graça, seus grandes olhos, as bochechas gordinhas e o narizinho de botão”.

O bebê antirracista de Ibram X. Kendi

O desespero de mulheres e crianças também “fura a fila do processamento cerebral”, por isso os esquerdistas usam tantas mulheres e crianças não brancas nas suas enviesadas reportagens sobre a enchente migratória. Mas creio também que essa atitude empática dos esquerdistas quanto aos não brancos tenha correlação com a preocupação deles com o bem-estar animal, que envolve os mesmos circuitos neuronais ligados à emoção. Por exemplo, comparem-se as três imagens abaixo, extraídas de veículos de propaganda esquerdista, como o jornal The Guardian:

A propaganda esquerdista explora a dor em faces femininas.

As imagens apelam à mesma sentimentalidade irracional esquerdista, implicando postura maternalística de haute em bas para com migrantes, mas também para com “Xita, a macaca sagui” [no original: Rondon’s marmoset] atropelada por um carro enquanto fugia de um incêndio florestal no Brasil, em outubro de 2020. Aliás, a mulher migrante que carrega o bebezão também estava fugindo de um incêndio, desta vez num campo para migrantes na ilha grega de Lesbos, em setembro de 2020.

Buscando o poder, alimentando o narcisismo

A Inglaterra está a milhares de quilômetros de Lesbos, mas The Guardian, de perspectiva favorável, reportava o seguinte: “Aumenta a pressão sobre o governo do Reino Unido para que ele acolha alguns milhares de pessoas desabrigadas em consequência de devastador incêndio que destruiu um campo para migrantes na ilha grega de Lesbos”. Esses homens adultos que “procuram asilo” vêm das menos progressistas e mais misogínicas e homofóbicas culturas da Terra, mas os esquerdistas não se importam com isso. Como   tenho apontado com frequência, aos esquerdistas interessa conquistar o poder e alimentar o próprio narcisismo, não lhes interessa entender o mundo ou melhorar a vida daqueles que supostamente são o objeto de seu desvelo.

E como os esquerdistas conquistam o poder e alimentam o narcisismo deles? Eles mentem, como mostrado acima. Teddy Kennedy alegava que “a disposição étnica” dos Estados Unidos não seria transtornada pela lei da imigração de 1965. Não deu outra: ele mentia. Eoin Colfer e seus amigos retrataram os migrantes como crianças engraçadinhas em Illegal. Eles também mentiram.

Sejam todos advertidos, pois: a esquerda mentirosa leva o Ocidente para a maldição demográfica, da mesma forma inexorável como Satã conduziu Ambrósio, literalmente, para a sua maldição em O monge.

Fonte: The Occidental Observer. Autor: Tobias Langdon. Título original: Demographic Damnation: How Leftism Lies to Open the Borders. Data de publicação: 19 de dezembro de 2020. Versão brasilesa: Chauke Stephan Filho.

 

3 replies
  1. Angelicus
    Angelicus says:

    As always, Tobias Langdon writes eloquently and makes his point very clear.

    However, I have a bone to pick with the people responsible for the blog. Why did you chose to publish this article en Portuguese instead of Spanish? As a native Spanish-speaking person, I can understand (with some difficulty) Portuguese (if the worst comes to the worst I will use the Google translator) but, it is obvious that if you want to reach a wider audience (and I am speaking of European languages only as the content of TOO’s articles can only interest and/or appeal to people of European descent (Whites) the most widely spoken European language after the English is Spanish. If you need proof, here it is:

    https://blog.busuu.com/most-spoken-languages-in-the-world/

    • Chauke Stephan Filho
      Chauke Stephan Filho says:

      Asking doesn’t offend: Angelicus, why does the Spanish language have so many words of Arabic origin?

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