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A Reconquista: germanos contra berberes

By José António Primo de Rivera

Na prisão de Alicante, três meses antes de ser assassinado, José António escreve um dos textos literariamente mais belos e historicamente mais profundos sobre a base etnocultural da Espanha. Intitula-se “Germanos contra berberes” e parece ter sido escrito ainda ontem. Confira:

O que foi a Reconquista? Um conceito superficial da História tende a considerar a Espanha como uma espécie de cenário ou passarela permanente por onde desfilam invasores que nos são apresentados no pressuposto de que devamos emprestar a nossa solidariedade ao elemento aborígine. Dominação fenícia, cartaginesa, romana, goda, africana… Desde a nossa infância temos presenciado mentalmente todas essas conquistas como sujeitos pacientes; isto é, enquanto membros do povo invadido. Nenhum de nós, em sua infância romanesca, deixou de se sentir como o sucessor de Viriato, de Sertório, dos numantinos [sorianos]. O invasor era sempre nosso inimigo; o invadido, sempre nosso compatriota.

Considerado tudo, depois, e com mais vagar, já no despontar da maturidade, caíamos num estado de perplexidade: afinal — perguntávamos — a nossa cultura e, mais do que isso, o nosso sangue, as nossas entranhas têm mais em comum com o celtibero aborígine do que com o romano civilizado? Ou seja, não teríamos o perfeito direito, ainda que por foro de sangue, de ver a terra espanhola com olhos de invasor romano, de considerar com orgulho esta terra não como remoto berço de nossos antepassados, mas como solo incorporado pelos nossos a uma nova forma de cultura e de existência? Quem pode dizer que haja mais sangue nosso, mais valores de nossa cultura no interior das muralhas de Numância do que nos acampamentos dos sitiadores?

Talvez possamos, aqueles de nós que procedemos de famílias que viram nascer muitas de suas gerações na América hispânica, compreender melhor tudo isso. Nossos antepassados transatlânticos sentiram-se americanos, assim como se sentem americanos os nossos atuais parentes de lá, da mesma forma como nós nos sentimos espanhóis; eles sabem, porém, que sua qualidade de americanos lhes é dada por sua condição de descendentes daqueles que deram à América a sua forma presente. Sentem a América como entranhadamente sua, porque seus antepassados a ganharam. Aqueles antepassados procediam de outro solar, que já é, para esses seus descendentes, mais ou menos estrangeiro. Em contrapartida, a terra onde vivem atualmente, séculos atrás estrangeira, é agora sua, incorporada como foi, e de forma definitiva, por alguns remotos avós, ao destino vital de sua estirpe.

Esses dois pontos de vista baseiam-se nas duas maneiras de entender a pátria: pela razão da terra ou pela razão do destino. Para alguns, a pátria é o assento físico do berço; toda tradição é uma tradição espacial, geográfica. Para outros, a pátria é a tradição física de um destino; a tradição, assim entendida, é predominantemente temporal, histórica.

Depois dessa prévia delimitação de conceitos, cabe voltar à questão inicial: o que foi a Reconquista? Já se sabe: de um ponto de vista infantil, tratou-se da lenta retomada da terra espanhola pelos espanhóis na luta contra os mouros que a haviam invadido. Mas a coisa não foi bem assim. Em primeiro lugar, os mouros (é mais exato chamá-los de “mouros” do que de “árabes”; a maior parte dos invasores procedia do Norte da África, eram berberes; os árabes, raça muito superior, formavam somente a minoria dirigente) ocuparam a quase totalidade da península em pouco tempo, mas o suficiente para a tomada da posse material, sem luta. Desde Guadalete (ano 711) até Covadonga (718), a História não fala de nenhuma batalha entre os forasteiros e os indígenas. Até o reino de Teodomiro, na Múrcia, resultou de mancomunagem com os mouros. Toda a imensa Espanha foi ocupada em paz. A Espanha e, naturalmente, os espanhóis que a habitavam. Aqueles que retrocederam para as Astúrias eram os remanescentes dos dignitários e militares godos; ou seja, eram os que, três séculos antes, haviam sido, por sua vez, considerados os invasores. O grosso da população indígena (celtibérica, semítica em grande parte, norte-africana por afinidade, toda essa massa mais ou menos romanizada) era tão alheia aos godos como aos agarenos recém-chegados. E mais: sentia muito mais razões de simpatia étnica e consuetudinária com os vizinhos do outro lado do estreito do que com os loiros danubianos aparecidos três séculos antes. É provável que a população espanhola se sentisse mais à vontade governada pelos mouros do que dominada pelos germanos. Isso no começo da Reconquista; no final, nem é preciso falar. Depois de 600, de 700, de quase (em algumas regiões) 800 anos de convivência, a fusão de sangue e costumes entre os aborígenes e os berberes era indestrutível; a interpenetração entre indígenas e godos, ao contrário, entorpecida durante 200 anos pelo dualismo jurídico e, no fundo, recusada sempre pela sensibilidade racial dos germânicos, não deixou nunca de ser superficial.

A Reconquista não é, pois, uma empresa popular espanhola contra uma invasão estrangeira; é, na realidade, uma nova conquista germânica; uma pugna multissecular pelo poder militar e político entre a minoria semítica de uma grande raça — os árabes — e a minoria ariana de outra grande raça — os godos. Nessa pugna tomam parte os berberes e os aborígines, às vezes como componentes da tropa e, às vezes, como súditos resignados de um ou outro dos dominadores, talvez com marcada preferência, ao menos em grande parte do território, pelos sarracenos.

A Reconquista foi uma guerra entre partidos e não uma guerra de independência, tanto que ninguém nunca chamou de “os espanhóis” os que combatiam contra os agarenos, mas sim de “os cristãos”, por oposição a “os mouros”. A Reconquista foi uma disputa bélica pelo poder político e militar entre dois povos dominadores, polarizada em torno de uma pugna religiosa.

Do lado cristão, os chefes proeminentes são todos de sangue godo. Pelágio foi carregado sobre um pavês em Covadonga como o continuador da Monarquia sepultada às margens do Guadalete. Os capitães dos primeiros núcleos cristãos têm o ar inequívoco de príncipes de sangue e mentalidade germânicos. Mais: sentem-se ligados desde o princípio à grande comunidade católico-germânica europeia. Quando Afonso o Sábio aspira ao trono imperial, não adota nenhuma atitude extravagante: pleiteia, com a alegação da maturidade política de seu reino, o que se alentava desde séculos antes na consciência de príncipe cristogermânico de cada chefe dos Estados reconquistadores. A Reconquista é empresa europeia — ou seja, germânica, naquele contexto. Muitas vezes, acorrem para guerrear contra os mouros senhores livres da França e da Alemanha. Os reinos que se formam têm uma base germânica inegável. Talvez não haja na Europa Estados mais fortemente marcados com o selo europeu da germanidade do que o condado de Barcelona e o reino de Leão.

Em síntese — abstração feita dos aportes e influências recíprocas de todos os elementos étnicos na interação de oitocentos anos — a Monarquia triunfante dos Reis Católicos é a restauração da Monarquia gótico-espanhola, católico-europeia, destronada no século VIII. A mentalidade popular de então dificilmente distinguia entre a nação e o rei. Além disso, consideráveis extensões da Espanha, particularmente as Astúrias, Leão e o Norte de Castela, haviam sido germanizadas, quase sem solução de continuidade, durante mil anos (desde princípios do século V até fim do século XV, sem outra interrupção que a dos anos entre Guadalete e a recuperação das terras do Norte pelos chefes godo-cristãos) e ainda sua afinidade étnica com o Norte da África era muito menor do que a das gentes do Sul e do Levante. A unidade nacional sob os Reis Católicos é, pois, a edificação do Estado unitário espanhol de sentido europeu, católico, germânico, de toda a Reconquista. E a culminação da obra de germanização social e econômica da Espanha, o que não deve ser esquecido, porque talvez aí a constante berbere terá encontrado a oportunidade de sua primeira rebelião.

Com efeito, o tipo de dominação árabe era predominantemente político e militar. Os árabes tinham fraco sentido de territorialidade. Não se adonavam das terras, num sentido jurídico privado. Assim, pois, a população camponesa das comarcas mais largamente dominadas pelos árabes (a Andaluzia, o Levante) permanecia numa situação de livre gozo da terra, na forma da pequena propriedade e, eventualmente, de propriedades coletivas. O andaluz aborígine, semiberbere, e a população berbere que formou mais copiosamente nas fileiras árabes gozavam de uma paz elemental e livre, inepta para grandes empresas de cultura, mas deliciosa para um povo indolente, imaginativo e melancólico como o andaluz. Os cristãos, germânicos, ao contrário, traziam no sangue o sentido feudal da propriedade. Quando conquistavam as terras, estabeleciam nelas senhorios, não puramente político-militares como os dos árabes, mas patrimoniais ao mesmo tempo que políticos. O camponês passava, no melhor dos casos, a ser vassalo; tempos depois, quando pela atenuação do aspecto jurisdicional, político, os senhorios tiveram fortalecido o seu caráter patrimonial, os vassalos, completamente desarraigados, caem na condição terrível de jornaleiros.

A organização germânica, de tipo aristocrático, hierárquico, era, na sua base, muito mais dura. Para justificar tal dureza, se comprometia a realizar alguma grande tarefa histórica. Era, na realidade, a dominação política e econômica sobre um povo quase primitivo. Toda aquela enorme armadura: a Monarquia, a Igreja, a aristocracia, podia intentar a justificação de seus pesados privilégios a título de cumpridora de grande destino na História. E isso foi tentado por duplo caminho: a conquista da América e a Contrarreforma.

É um tópico (posto em circulação pela literatura berbérica de que se falará mais tarde) o dizer que a conquista de América é obra da espontaneidade popular espanhola, realizada quase a despeito da Espanha oficial. Não se pode levar essa tese a sério. Muitas das expedições foram organizadas, certamente, como empresa privada; mas o sentido da cristianização e colonização da América está contido no monumento das Leis das Índias, obra que encerra um pensamento constante do Estado espanhol ao longo de vicissitudes seculares. E a conquista da América é também uma tese católico-germânica. Tem um sentido de universalidade sem a menor raiz celtibérica e berbérica. Só Roma e a Cristandade germânica puderam transmitir à Espanha a vocação expansiva, católica, da conquista da América. O que se chama de o espírito aventureiro espanhol será mesmo espanhol no sentido de aborígine ou berbere, ou será uma das marcas do sangue germânico? Não deve ser desprezado o dado de que, ainda em nossos dias, as regiões de onde sai o maior número de emigrantes, ou seja, de aventureiros, são as do Norte, as mais germanizadas, as mais europeias, as que, de um ponto de vista castiço e pitoresco, podem ser chamadas de as menos espanholas. Em contrapartida, é abundantíssimo o número de andaluzes e levantinos que se transplantam a Marrocos, a Orã, à Argélia e que ali vivem tão à vontade como se estivessem em sua casa, como cepa que reconhece a terra distante de onde partiram os seus ancestrais. Esta derivação meridional e levantina para a África não guarda a menor semelhança com as expedições colonizadoras para a América. Aliás, África e América têm sido, desde há muito, as palavras de ordem de dois partidos políticos e literários espanhóis. De dois partidos que coincidem exatamente em quase todos os momentos com o liberal e o conservador; o popular e o aristocrático; o berbere e o germânico. Era coisa quase obrigatória que um escritor antiaristocrático, antieclesiástico, antimonárquico incorporasse no seu repertório frases como “Teria sido melhor se a Monarquia espanhola, em vez de esgotar a Espanha na empresa da América, tivesse buscado nossa área de expansão natural, que é a África”.

Ao lado da conquista da América, a Espanha germânica (duplamente germânica, agora, sob a dinastia dos Ausburgos) trava na Europa o combate católico pela unidade. Trava esse combate e, em longo prazo, perde. E, por causa disso, perde a América. A legitimação moral e histórica da dominação sobre a América estava na ideia da unidade religiosa do mundo. O catolicismo era a justificação do poder da Espanha. O catolicismo, porém, havia perdido a disputa. Vencido o catolicismo, a Espanha restava sem título no qual embasar o império do Ocidente. Sua credencial havia caducado. O astuto Richelieu percebeu isso e, para derrubar a casa da Áustria, não hesitou em ajudar os paladinos da Reforma. Sabia muito bem que a pedra angular dos Ausburgos era a unidade católica da Cristandade.

E assim, batida no embate, primeiro na Europa, depois na América, que tarefa de valor universal alegaria a Espanha dominadora — Monarquia, Igreja, aristocracia — para conservar sua situação de privilégio? Na falta de justificação histórica, na demissão de toda função diretiva, suas vantagens econômicas e políticas restavam como puro abuso. Acresce que, na privação de empregos, as classes dirigentes haviam perdido o brio, até para a sua própria defesa. Pode ser observada uma série de fenômenos muito semelhantes na decadência da monarquia visigótica. E a força latente, nunca acabada, do povo berbere submetido, inicia abertamente a sua vingança.

Porque, mesmo nas horas zenitais da dominação, a “constante berbere” não havia nunca deixado de existir e de operar. Os povos superpostos, dominador e dominado, germânico e aborígine berbere, não se haviam mesclado. Nem sequer se entendiam. O povo dominador mantinha-se alerta contra a mestização com o dominado (até 1756, não se derroga a pragmática de Isabel a Católica que exigia prova de pureza de sangue, isto é, a condição de cristão velho, sem mescla de judeu ou mouro, mesmo que para o exercício de modestíssimas funções de autoridade). O povo dominado, entrementes, seguia detestando o dominador. Numa postura bem típica em relação aos dominadores, adota uma aparência de irônica submissão. Na Andaluzia, chega-se aos mais exagerados extremos da adulação; debaixo, porém, dessa adulação aparente se esconde o mais desdenhoso escárnio para com o adulado. Esta atitude de burla é a mais docemente resignada que adota o povo despossuído. Mais acima, já aparece o ódio e, sobretudo, a afirmação permanente da separação. Na Espanha, a expressão “o povo” conserva sempre um tom particularista e hostil. O “povo hebreu” compreendia, naturalmente, os profetas. O “povo inglês” inclui os lordes; pareceria fora de propósito a um inglês comum que pela denominação popular de inglês não fosse ele incluído na categoria dos maiores governantes do país! Aqui não: quando se diz “o povo” é para significar o indiferenciado, o inqualificável; o que não é aristocracia, nem igreja, nem milícia, nem hierarquia de nenhuma espécie. O próprio D. Manuel Azaña disse: “Não creio nos intelectuais, nem nos militares, nem nos políticos; não acredito senão no povo”. Mas, então, os intelectuais, os militares, os políticos, assim como os eclesiásticos e os aristocratas, não formam parte do povo? Na Espanha, não, porque há dois povos e, quando se fala de “o povo”, sem especificar, se faz referência àquele subjugado, àquele subtraído à sua sempre saudosa existência primitiva, indiferenciada, anti-hierárquica e ele, por isso mesmo, detesta rancorosamente toda hierarquia, característica do povo dominador.

Tal dualidade penetrou todas as manifestações da vida espanhola, as de aparência menos popular, inclusive. Por exemplo, o fenômeno europeu da Reforma teve na Espanha uma versão reduzida, mas totalmente impregnada da pugna entre germânicos e berberes, entre dominadores e dominados. Na Espanha, não se deu nenhum caso de um príncipe herege, como na França ou na Alemanha. Os grandes senhores se mantiveram aferrados à sua religião de casta. Todo herege, pequeno-burguês ou letrado, era como um vingador dos oprimidos. Na sua dissidência alentava, mais do que um tema teológico, uma incurável animadversão contra o aparato oficial, formidável: monarquia, Igreja, aristocracia…

E assim até datas mais recentes. A orientação berbérica, sempre mais aparente, conforme vê declinar a força contrária, assoma em toda a intelectualidade de esquerda, de Larra até aqui. Nem a fidelidade a modas estrangeiras logra ocultar um tom de ressentimento de derrotados em toda a produção literária espanhola dos últimos cem anos. Em qualquer escritor de esquerda há um gosto mórbido, tão persistente e tão molesto que não se pode alimentar senão de uma animosidade pessoal, de casta humilhada. A Monarquia, a Igreja, a aristocracia, a milícia deixam nervosos os intelectuais de esquerda, de uma esquerda que começa bastante à direita para esses efeitos. Não é que submetam essas instituições à crítica; é que, na presença delas, eles são acometidos de um desassossego ancestral, como a aflição que acomete os ciganos quando alguém dá o nome da bicha. No fundo, os dois efeitos são manifestações do mesmo velho chamamento do sangue berberesco. O que odeiam, sem o saber, não é o fracasso das instituições que denigrem, mas seu remoto triunfo; seu triunfo sobre eles, sobre os que as odeiam.  São os berberes derrotados que não perdoam os vitoriosos — católicos, germânicos — por terem sido os portadores da mensagem da Europa.

 

O ressentimento esterilizou toda possibilidade de cultura na Espanha. As classes diretoras não deram nada à cultura, o que não costuma ser sua missão específica em nenhuma parte. As classes subalternas, para produzir algo considerável do ponto de vista da cultura, teriam que ter aceito o quadro de valores europeu, germânico, que é o vigente; e isso lhes causava uma repugnância infinita por ser, no fundo, aquele dos dominadores.

Assim, grosso modo, pode-se dizer que a contribuição da Espanha à cultura moderna é igual a zero. Salvo algum ingente esforço individual, desligado de toda escola, e algum pequeno cenáculo inevitavelmente envolto num halo de estrangeirice.

Depois das escaramuças, teria de chegar a batalha. E chegou: é a República de 1931; será, sobretudo, a República de 1936. Estas datas, principalmente a segunda, representam a demolição de todo o aparato monárquico, religioso, aristocrático e militar que ainda afirmava, mesmo em ruínas, a europeidade da Espanha. A máquina estava inoperante, logicamente; mas o grave é que sua destruição representa a vingança da Reconquista, ou seja, a nova invasão berbere. Estaremos de volta ao indiferenciado. Provavelmente se ganhará em placidez elemental nas condições populares de vida. Talvez o campino andaluz, infinitamente triste e nostálgico, recomece o silencioso colóquio com a terra de que foi desapossado. Quase a metade da Espanha sentir-se-á contemplada da melhor forma possível se isso acontecer. Ter-se-á conseguido operar perfeito ajuste na ordem natural. O mal é que, então, haverá um povo único, o dominador e o dominado num só elemento, povo sem a mínima aptidão para a cultura universal. Tiveram-na os árabes; mas os árabes eram pequena casta diretora, já mil vezes diluída no fundo humano sobrevivente. A massa, que é a que vai triunfar agora, não é árabe, mas berbere. Aqueles suplantados serão os germanos que ainda nos ligavam com a Europa.

Talvez a Espanha se parta em pedaços, ao longo de linhas que estabeleçam, dentro da península Ibérica, os verdadeiros limites da África. Toda a Espanha acabe africanizada, talvez. Mas o certo é que, por muito tempo, a Espanha deixará de contar na Europa. E então, aqueles que pela solidariedade de cultura e ainda pela misteriosa voz do sangue nos sentimos ligados ao destino europeu, poderemos demudar o nosso patriotismo de estirpe, que ama esta terra porque nossos antepassados a ganharam e enformaram, num patriotismo telúrico, que ame esta terra por ser esta terra, mesmo que na sua larga ela tenha emudecido até o último eco do nosso destino familiar?

José António Primo de Rivera
Prisão de Alicante, 13 de agosto de 1936

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Fonte: El Manifiesto. Autor: José António Primo de Rivera. Título original: Germanos contra bereberes. Data de publicação: 18 de janeiro de 2023. Versão brasilesa: Chauke Stephan Filho.

 

Só um novo Estado russo poderá vencer a guerra

A Operação Militar Especial expôs os erros sistêmicos de nosso Estado e, na atual confrontação militar com a civilização ocidental, tais defeitos são fatais. Necessitamos de um novo Estado e de uma nova política. Que mudanças devemos fazer para que a Rússia vença a guerra? Vamos enumerar algumas propostas que têm sido feitas. Elas são as seguintes:

a) passar de um Estado autoritário para uma aliança do Estado com o povo, isto é, uma unidade orgânica entre ambos que nos permita superar a manipulação em favor da honestidade;

b) substituir o paradigma liberal pelo socialismo popular, favorecendo o apoio material ao setor público e aos mais necessitados;

c) desmontar o aparato do grande capital (a oligarquia) e entregá-lo às competentes empresas pequenas e médias (nacionalização da grande indústria);

d) deixar de lado o comércio de matérias-primas e substituí-lo pela economia do conhecimento e pela revitalização do mundo rural;

e) desagregar as grandes concentrações urbanas e repovoar as terras russas: devemos destruir as grandes urbes e voltar às pequenas cidades e comunidades rurais;

f) acabar com a impunidade e o favorecimento de burocratas corruptos e ineficazes mediante o princípio da meritocracia. (Urge entregar o poder a quem tenha demonstrado ser digno de seus cargos.);

g) passar de uma sociedade baseada em relações públicas para outra totalmente ideologizada: jornalistas devem defender aquilo em que acreditam em vez de fazer propaganda de conveniência casual;

h) repudiar a cultura do entretenimento em favor de uma cultura clássica formativa, edificante e filosófica;

i) compreender historicamente a nossa realidade: definir de forma precisa o lugar da Rússia atual no conjunto de toda a nossa história, com o devido reconhecimento à antiga Rus, ao Reino de Moscóvia, ao Império Russo e à URSS, mencionando episódios como o Tempo dos Problemas e a infame década dos anos noventas como desvios do caminho para o cumprimento de nossa missão;

j) proteger nossos valores tradicionais e erradicar tudo o que não tiver a ver com eles, confiando esta missão a pessoas capazes e não a simples gestores aleatórios;

k) construir uma sociedade solidária composta por,

uma classe espiritual que seja a bússula moral dessa sociedade;

uma classe de belatores como representantes de uma elite política e social (nova nobreza ou, se melhor assim, uma nomenclatura do partido);

trabalhadores honestos (aí incluídos os empresários) como representantes do homem comum;

l) criar uma elite intelectual russa independente dos paradigmas e estratégias da civilização ocidental;

m) retornar a uma sociedade tradicional com uma família forte e rechaço à interpretação secular, contratual e individualista do matrimônio.

Todos esses pontos, bastante evidentes, constituem as condições necessárias para a nossa vitória. Se não os tomarmos em conta e deixarmos tudo malparado como está, simplesmente estaremos nos condenando à derrota. O modelo de Estado anterior à guerra, relativamente eficaz, já não corresponde às necessidades históricas do contexto atual. A Operação Militar Especial deixou expostos os defeitos fundamentais de nosso Estado e, na presente confrontação militar com a civilização ocidental, tais defeitos são fatais. Necessitamos de um novo Estado e de uma nova política. O tempo urge. Creio que devamos fazer importantes avanços nessa direção durante o próximo ano [2023].

Se não for assim…

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Fonte: El Manifiesto. Autor: Alexander Dugin. Título original: Sólo un nuevo Estado ruso podrá ganar la guerra. Data de publicação: 15 de janeiro de 2023. Versão brasilesa: Chauke Stephan Filho.

Nota do editor de El Manifiesto:

Que pena! Como dói, num artigo tão extraordinário e importante como esse, ler palavras de homenagem, ainda que breves, à antiga URSS. A reverência é prestada àquela mesmíssima URSS em cujos campos de concentração estaria agora encerrado, se já não morto e enterrado, o rebelde de alta categoria que a homenageia, ou seja, o próprio Alexander Dugin.

Uma coisa é entender ou aprovar que a Rússia não cometa contra a URSS a damnatio memoriae que o Ocidente perpetrou contra o fascismo (e continua perpetrando: só lhes resta a reductio ad hitlerum como argumento para defender “a democracia liberal”). Isso é uma coisa. Outra coisa, e bem diferente, é enaltecer a URSS como cometimento dos mais gloriosos da história russa.

(J. R. P.)

Rafael del Moral: O futuro das línguas da Europa

By Rafael del Moral.

A força de uma língua está no número de falantes monolíngues que a mantém viva, como também na quantidade de estudantes interessados em aprendê-la, sem que ninguém os obrigue a isso. Esta demanda justifica a utilidade da língua.

Bruxelas envida esforços para estimular o plurilinguismo, buscando despertar nas pessoas a consciência dele enquanto ferramenta profissional e intercultural, bem assim como forma de preservar as culturas e assegurar sua subsistência. Investe cerca de 30 milhões de euros, anualmente, para promover o ensino de idiomas por meio de programas como o Sócrates e o Leonardo da Vinci, executados pelo Instituto Cervantes e outras instituições reunidas na rede Eunic (European Union National Institutes for Culture). Mais da metade dos europeus pode se entender, com desigual proficiência, falando duas das 24 línguas oficiais da União Europeia. O par mais frequente é formado por uma língua continental mais o inglês.

Devemos lembrar que a relação entre línguas e Estados nem sempre é biunívoca, ou seja, a um Estado podem corresponder várias línguas e vice-versa. Há línguas internacionais, como o espanhol e o francês; línguas nacionais, como o polonês e o húngaro; regionais, como o galês, o catalão e o bretão; locais, como o aranês e o corso. Há línguas decadentes, como o labortano e o suletino, que são variantes do vasconço, as quais aproximam-se da extinção; e há línguas moribundas, a exemplo do cassúbio, em dezenas de milhares de bocas, ou menos, no Norte da Polônia. Algumas línguas servem à comunicação familiar; outras, à vida social ou cultural, quase sempre as mais arraigadas na tradição educativa; outras, ao desenvolvimento científico; outras, ainda, muito poucas, servem a tudo isso ao mesmo tempo.

Nós chamamos as pessoas que falam uma língua própria mais outra adquirida de bilíngues. Causa certa estranheza saber que os europeus herdam duas línguas próprias: uma familiar e outra sociocultural. É o caso do galês que fala inglês, ou do siciliano que fala italiano durante boa parte de seu cotidiano. Esses, nós chamamos de ambilíngues, porque dois idiomas compõem seu patrimônio linguístico. O falante monolíngue, não obstante, serve-se de uma só língua na comunicação familiar, social, laboral, comercial e cultural.

Os falantes monolíngues são monolíngues porque herdaram línguas como o inglês, o espanhol, o francês, o russo, línguas que não precisam do apoio de nenhuma outra língua. Os falantes ambilíngues também contam com uma dessas línguas, porque sua outra língua não é suficiente. O falante de bretão sabe francês, língua também própria, para sair à rua. Este também é o caso do vasconço, que se completa com o francês, no Norte de seus domínios, e com o espanhol, no  Sul.

As línguas expandem-se e se contraem independentemente de qualquer controle, o que não chega a ser estranho. Os usuários buscam eficácia, as línguas que se lhes antojam mais promissoras sob tal aspecto ganham, naturalmente, seu interesse. As línguas que precisam de outras para ampliar a comunicação de seus falantes existem numa condição de submissão, obrigadas ao ambilinguismo, achaque irreversível que não acaba com a língua, mas empana o seu brilho.

Línguas insuficientes

A Europa está salpicada de línguas que vivem na boca de falantes que ampliam suas possibilidades de comunicação graças ao fato de disporem de outra, também própria. Línguas nas mais fortes condições de dependência são o vasconço, o catalão, o galego, o bretão, o galês, o siciliano, o sorábio, o cassúbio, o tártaro, idiomas de isoglossa tão curta que seus falantes utilizam com a mesma destreza o espanhol, o francês, o inglês, o italiano, o alemão o polonês e o russo, respectivamente.

Dependência lamentável em relação ao inglês mostram o danês, o sueco, o norueguês e o islandês, línguas escandinavas presentes nos ambientes familiares, cívicos e sociais, mas não tanto nos meios culturais. Somam-se a esse grupo, pelas mesmas razões, o finês e, em grande medida, o holandês.

Algumas línguas de países da órbita da antiga União Soviética, como o bielorruso e o ucraniano, servem-se do russo. O estoniano, o letão e o lituano tentam se livrar do russo, não sem dificuldades, para se servirem do inglês como língua complementar. A população de etnorrussos coloca-se como pedra no caminho da transição.

As línguas centro-europeias cobrem as relações familiares, sociais e boa parte das culturais de seus falantes, mas não completamente. O que falta fica a cargo do inglês, língua de conhecimento obrigatório em distintos níveis. Elas são o polonês, o checo, o eslovaco, o esloveno, o croata e o sérvio, entre outras. Esses falantes de línguas eslavas mostraram-se todos muito afoitos em trocar o russo pelo inglês, o que também se passou com o romeno e o húngaro. O albanês e o grego também se incluem nesse grupo. Estas línguas contam com mais falantes monolíngues do que as do primeiro grupo e cobrem razoavelmente o seu entorno.

Línguas independentes

Cabe agora referir as línguas livres ou independentes da Europa, aquelas, pois, que mais e melhor têm garantidas as condições de sua sobrevivência e elas são quatro línguas neolatinas: o espanhol, o francês, o português e o italiano, além de uma eslava, o russo. Entre os seus falantes aparecem aqueles que em menor medida se servem do inglês em sua vida diária, ainda que o devam conhecer, nem que seja em nível elementar. E restam duas línguas germânicas também independentes, o alemão e o inglês. Esta última dispensa comentários. Os anglófonos, os mais monolíngues do planeta, alhearam tanto de outras línguas a ponto de esperar que todos se dirijam a eles em inglês.

Pode haver intervenção para manter mais ou menos vivas as línguas que se apoiam em outras, mas nem por isso elas passarão a ser línguas livres. Seu futuro está, pois, menos garantido, porque os falantes buscam o necessário e descartam o acessório de que não precisam.

Se levarmos em conta que a comunicação se unifica, naturalmente, com o ambilinguismo, fica fácil entender que só algumas quantas línguas restarão como ferramentas indispensáveis de seus falantes. Essas são as línguas que estarão na boca de 800 milhões de europeus.

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Fonte: El Manifiesto. Autor: Rafael del Moral. Título original: El futuro de las lenguas de Europa. Data de publicação: 13 de janeiro de 2023. Versão brasilesa: Chauke Stephan Filho.

 

Tontos podem sempre ficar mais tontos

Há alguns dias, foi em 8 de dezembro, o diário The Washington Post publicou artigo com o título “Why doesn’t Argentina have more black players in the World Cup?”, ou seja, “Por que a Argentina não tem mais jogadores pretos na Copa do Mundo?”. A autora é uma tal de Erika Denise Edwards, professora na Universidade do Texas, câmpus de El Paso.

Só pelo título do texto já se pode notar duas coisas. Primeira: a confirmação do que diz a letra do tango Cambalache: “qualquer um é doutor, qualquer um é senhor”. Segunda: a ignorância dos ianques a nosso respeito: eles não sabem nada sobre nós.

A autora, uma tonta, adjetivo que fica perfeito nela, não se inteirou de que, na Argentina, a lei do ventre livre data de 1813. Isto se deu, pois, 150 anos antes da aprovação de lei semelhante nos Estados Unidos. Ela não sabe que os pretos se mesclaram com os brancos, não sabe que dessa mescla surgiram os “morochos”. Esse tipo de simbiose foi tão notória que ainda se recitam nas áreas rurais os versos seguintes:

La desgracia de los negros no es tener la piel oscura

La desgracia de los negros es que quieren a las rubias.

A tal professora ignora que “Negro” é palabra afável na Argentina. Aqui os amigos podem se tratar de “negros”, como quando dizem “Está fazendo o quê, negro?” ou “Como vai, negro?”. Existe também a expressão “Negro de merda”, é verdade, mas os liberais é que se expressam dessa maneira e o fazem por referência ao povo peronista. Antigamente, esses liberastas chamavam os peronistas de “cabecitas negras”.

Na Argentina, não existe o problema racial que carcome as entranhas dos Estados Unidos. Se fôssemos acreditar no que vemos nos filmes americanos, seríamos levados a pensar que a população dos Estados Unidos tem a pele escura. A realidade é bem outra. Os negros lá não se caldearam com os brancos. O famoso melting pot não deu em nada. A teoria do crisol das raças não se confirmou. O tal cadinho não fundiu nada e acabou derretendo.

Por isso é que os antropólogos sociais de lá lançaram a teoria do multiculturalismo. Segundo esta, o povo não se pode conceber como uma grande maioria, mas sim como muitas pequenas minorias. Segue daí a política de transfusão racial que vai substituindo a antiga maioria dos brancos anglo-saxões protestantes por negros, hispânicos, italianos, irlandeses, árabes… Minorias e subminorias e minorias de subminorias sexuais também são promovidas (novas letras estão sempre sendo somadas ao legebetário: LGBTQIJX2…). Também minorias cosmológicas são muito bem recepcionadas no espírito da diversidade. Este é o caso, por exemplo, dos terraplanistas.

Nós formamos uma sociedade aberta, livre e contraditória. Vivemos suportando uma inflação anual de 100%. Nosso país tem a segunda maior planície cultivável do mundo, mas os pobres são metade da nossa população. Os recursos pesqueiros do nosso litoral estão entre os mais ricos do planeta. Evidentemente, temos também os governantes corruptos mais aladroados de todo o mundo. Além disso, sabemos que esses bandidos nunca verão o Sol nascer quadrado. Os negros não estão entre os nossos problemas. Nossas contradições são de outra ordem, que não envolve o conflito racial, felizmente.

De qualquer modo, há que reconhecer o interesse e a gravidade da temática racial. Aliás, eu quero fazer uma sugestão àquela tonta do The Washington Post. Proponho que ainda antes do fim da Copa do Mundo, se der tempo, ela publique um outro artigo de denúncia sobre a questão da discriminação racial, mas de perspectiva inversa. O título do libelo acusatório poderia ser este: “Por que a seleção do Congo não tem jogadores brancos?”.

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Fonte: BUELA, Alberto. Artículo breve [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por <chauke.filho@yandex.com> em 13 dez. 2022. Autor: Alberto Buela (um arkegueta, aprendiz constante). Título original: Siempre se puede ser un poco más tonto. Telecorreio do autor: buela.alberto@gmail.com. Versão brasilesa: Chauke Stephan Filho.

O “putsch” de Reuss na Alemanha

Suponho que o leitor esteja informado dos estranhos acontecimentos que se passaram na Alemanha, recentemente, quando o príncipe Henrique XIII de Reuss e uma vintena de seus conspiradores foram detidos pela polícia política do regime dominante em Berlim. Toda a mídia do sistema dedicou suas manchetes ao suposto pronunciamento de um conciliábulo de radicais de direita empenhados em subverter a sublime ordem da República Federal da Alemanha, a qual serve de modelo para todas as democracias modernas.

Espanta, mas encanta, a reaparição na história do minúsculo e extinto Principado de Reuss, cuja linhagem foi fundada por Erkenberto, senhor de Weida. O imperador Henrique VI decretara que todos os descendentes varões dessa casa chamar-se-iam Henrique. Até o ano de 1300, esses príncipes, que dominavam Weida, Gera, Schleiz e Plauen, foram conhecidos como “Reussen”, ou seja, “Russos”. Isso se deveu ao matrimônio de Henrique de Plauen com Chwihowska, filha de Brzetislav IV Chwihovsky e da princesa ruríquida Maria. No século XV, passaram a ter assento no Colégio de Príncipes do Sacro Império Romano-Germânico como burgrávios de Mísnia. Algumas gerações depois, a casa de Reuss se dividiu em três ramos e conseguiu sobreviver a Carlos V, a Luís XIV, a Frederico o Grande, a Napoleão, a Metternich e a Bismarck. Até 1918, os príncipes de Reuss foram cabeças de gato [ou cabeças de rato, isto é, chefes menores, mas autônomos, por oposição a “colas de león”, ou seja, rabos de leão, metáfora do ditado espanhol para significar chefes menos autônomos de poderes maiores (n. do trad.)] do II Reich, quando seu pequeno Estado se dissolveu na Revolução de Novembro. Todas essas referências, eu as colhi do Almanaque de Gotha, mais confiável do que as tendenciosas e infectas Wikipédias da vida. Os meus familiares mais antigos e tradicionais me diziam que o melhor guia para o conhecimento das coisas da bonne compagnie [círculos sociais da nobreza], guia infalível mesmo, era o velho almanaque de Justus Perthes, o referido Almanaque de Gotha. Não duvido, eu sou fiel às palavras, tradições e preconceitos de meus antepassados. O pequeno problema é que o Gotha deixou de ser publicado na II Guerra Mundial e meus dados possivelmente estejam desatualizados. Melhor assim.

O caso é que, neste último mês, as redações de periódicos alemães começaram a receber informes da polícia política dando conta de uma operação secreta em curso contra um perigosíssimo núcleo de conspiradores, formado pelo príncipe Henrique e uma vintena de zelotes. Foi dado destaque especial à presença da juíza Birgit Malsack-Winkemann na célula subversiva. Ex-deputada do AfD [Alternative für Deutschland: Alternativa para a Alemanha, partido de direita da Alemanha (n. do trad.)], essa senhora foi representada como uma perigosa terrorista, uma Calamity Jane, una Monja Alférez, uma Bonnie sem Clyde, una Hanna Reitsch, uma espécie de Lara Croft. Apesar de um pouquinho avançada em anos, já quase na melhor idade, as credenciais que lhe confere seu conhecimento das artes marciais e da operação de comandos especiais, além de sua habilidade como franco-atiradora, capacitaram-na para tomar de assalto (sozinha!) o Bundestag, “informa” a mídia escrota do regime alemão. Nunca se viu uma trama tão bem ideada desde aquela do famoso Walter nos tempos de O Grande Lebowski. O plano era genial e só a traição de um delator pôde arruiná-lo: cerca de setenta macróbios alemães iriam tomar o controle de um país com 80 milhões de habitantes.

Claro que as perguntas não tardaram. O chanceler social-democrata Scholz não pode deixar de ser parabenizado por haver salvo a democracia alemã — e toda a Europa — de tão perigosa circunstância, mas algumas questões não foram bem explicadas. A primeira é que um segredo conhecido de todas as redações dos periódicos não é um segredo. Qualquer operação verdadeiramente grave é levada a cabo sob rigoroso sigilo, não é anunciada até no Bild. A polícia política do regime alemão cometeu falha grave ao dar tanta publicidade a uma diligência tão delicada. Por outro lado, um putsch de verdade, como aquele de Kapp (1920) ou Hitler (1923), se organiza com o apoio do exército, ou de parte dele, por questão bem simples: sem o apoio dos militares, qualquer intentona golpista está destinada a fracassar. Quando se tenta derrubar um regime pela força, o que não pode faltar é isso mesmo, ou seja… Força. Não que escasseassem militares na reduzida e seleta tropa do príncipe Henrique, na Agincourt particular do prince Harry de Reuss, mas eram velhos milicos já reformados e sem acesso a nenhum armamento mais pesado do que a barriga deles. Sem dúvida, a democracia europeia corre perigo de subversão violenta, haja vista a recente onda de atentados por carta-bomba aqui na Espanha e os golpes de Estado na Alemanha. Devemos, pois, reforçar os poderes da polícia secreta para vigiar a tresloucada militância da extrema direita. Em lugar de atacar os moinhos de vento do islamismo, o melhor a fazer é combater as odiosas realidades das conspirações soberanistas. Estas, sim, devem estar no centro de nossas preocupações como objeto de nosso mais veemente repúdio.

Curioso, também, é o pensamento do príncipe Henrique: conforme este aristocrata, o Principado de Reuss foi suprimido de forma ilegítima por um golpe de Estado (a Revolução de Novembro de 1918), e a atual Alemanha, além disso, não é Estado soberano, pois segue ocupada por seus vencedores ianques, que mantêm a enorme base de Ramstein (50 mil homens), além de outras em Ansbach, Pirmasens, Husterhohe, Weilimdorf e Wiesbaden. A situação colonial da Alemanha decorre do Tratado de Paris (1947), que impôs as condições draconianas da paz, quando já não havia nenhum Estado alemão independente com o qual negociar. A própria Lei Fundamental de Bonn renegava a soberania nacional e a cedia às potências ocupantes, no caso de existir um regime que não fosse do agrado dos vencedores.

A Alemanha que rechaçou há um século o Diktat de Versalhes assume hoje com íntima e firme convicção sua condição de escrava dos Estados Unidos. Um dos grandes erros de Stalin foi pensar em reconstruir a nação alemã, unida e neutra, depois da Guerra.. Nem os anglo-saxôes nem os seus lacaios, como Adenauer, um antigo separatista renano, estavam dispostos a isso. E continuam não querendo uma Alemanha livre. Nessas condições, o príncipe Henrique exige que se restaure um Estado alemão soberano, que lhe seja devolvido Reuss, e que se estabeleça um processo constituinte na Alemanha, concomitantemente ao estabelecimento de verdadeiro tratado de paz com as grandes potências.

Eis o verdadeiro crime do príncipe Henrique: desejar devolver a independência e a soberania à Alemanha. No momento em que Scholz sacrifica a indústria e o bem-estar dos alemães aos interesses dos Estados Unidos, alguém pode imaginar o impacto que pode ter a pitoresca negação da submissão teutônica aos interesses ianques? Não haverá alemães que agora perguntam por que devem sacrificar seu presente e seu futuro no altar dos objetivos puramente egoístas dos Estados Unidos? Não haverá alemães buscando entender o porquê de a Alemanha se encontrar desarmada, quando sofre guerra comercial de Washington, que lhe ataca com verdadeira sanha? Ainda que não seja mais a nação ganhadora dos prêmios Nobel, decerto haverá ainda alguns crânios dolicocéfalos na Alemanha, sobretudo no Leste, que possam conceber a arriscada ideia de recuperar a independência nacional e pôr abaixo o vergonhoso edifício social-democrata, cujo vigamento tem base nas crateras escavadas pelas bombas dos ocupantes ianques. Eles existem, sim, e parece que são cada vez mais numerosos. Essa é a chave para o entendimento do episódio que a mídia representa como estranho e atentatório, buscando demonizar o inofensivo e excêntrico príncipe Henrique. Trata-se de uma mensagem de advertência que o regime alemão manda para os patriotas e dissidentes mais sérios.

Fonte: El Manifiesto. Autor: Sertorio. Título original: El “putsch” de Reuss en Alemania. Data de publicação: 11 de dezembro de 2022. Versão brasilesa: Chauke Stephan Filho.

Extremismo judeu: a quinta-coluna

O perigoso extremismo de Israel não tem por fundamento nenhuma figura individual mais influente de sua política, não deriva de nenhuma eminência parda ou vermelha daquela sociedade, como bem escreveu Joshua Leifer no seu artigo intitulado Israel’s New Kingmaker Is a Dangerous Extremist, and He’s Here to Stay, publicado em The New York Times no dia 07NOV2022. Ao contrário de supostas fontes pessoais do ódio, o que existe em Israel como causa principal de seu extremismo é o próprio supremacismo judeu em si mesmo. Esta forma de dominação ramifica-se no corpo político de praticamente todos os países do Ocidente. O governo sujeito a tal controle acabou sendo designado pela redução já bastante conhecida de ZOG, ou seja, Zionist Occupied Government [acrônimo aportuguesado: “Zogue” (n. do trad.)].

A mídia zogue apregoa, ilimitadamente, que os Estados Unidos estariam infestados de terroristas da extrema-direita doméstica. No entanto, faltam evidências para a comprovação dessas afirmações, a não ser que se considere como “evidência” a palhaçada que se passou no circo que foi o “julgamento” daqueles envolvidos nos acontecimentos do 6 de Janeiro [de 2021] por seleta comissão parlamentar. O referido artigo do NYT indica claramente que, na verdade, o país mais coalhado de racistas, etnonacionalistas e terroristas domésticos de extrema-direita é Israel. Eles podem.

A esquerda liberal, buscando tocar o terror psicológico, alardeia, apoplecticamente, que Trump houvera encarnado o espírito de Hitler. Ao contrário disso, porém, e na mesma medida, os fatos vistos a maior distância temporal mostram que nunca houve a menor possibilidade de Trump dar uma de Hitler e agir como um führer. Trump não tem o genoma de um homem forte. Ele é só um vulgar narcisista representando o papel de demagogo que o zogue lhe determinou. O verdadeiro totalitarismo vem do acatamento dos democratas à “autoridade” dos judeus, determinados a destruir a nossa sociedade por suas despóticas políticas “plandêmicas” e seu absolutista marxismo cultural. A intenção deles é superar as limitações da nossa natureza, pelo que seu cajado segue nos tangendo para os horizontes mais distantes e amplos do transumanismo de seus sonhos molhados.

O artigo de The NYT refere que existe amplo acordo entre os judeus quanto à “necessidade” de “remover ou transferir os árabes para fora de Israel”. Em que isso difere do Acordo de Transferência de Haavara, nos anos trintas, que resultou da colaboração entre nazistas e judeus? Sem nenhuma evidência a seu favor, os gasistas do holocausto (perdoem o trocadilho) querem fazer crer que o esforço para expulsar os judeus da Alemanha terá consistido numa política de extermínio dos judeus. Ah! Essa é boa! Isso aí é só um típico caso de projeção (Freud explica). Na verdade, a agenda da expulsão e do extermínio é aquela que o Estado Judeu vem implementando há décadas, impiedosamente, contra os palestinos.

No intento de criar uma Nova Ordem Mundial, obediente ao seu próprio poder unipolar, que dele faria uma espécie de “rei da montanha”, o Ocidente deixou-se enganar pelos Governos sob Ocupação Sionista, que o levaram a se confrontar com outras duas superpotências: a Rússia e a China. Os Estados Unidos são a cidade que os supremacistas judeus estão destruindo, insidiosamente, pela desinformação de que a nossa salvação dependeria da derrota da Rússia. A nossa Nação e as nossas tradições democráticas estão sendo transformadas numa espécie de Palestina do Primeiro Mundo.

Vladimir Putin não é nenhum anjinho, mas muitos de seus compatriotas veem-no como o herói da luta épica contra a dominação ocidental do mundo. Com efeito, a Rússia desafia a hegemonia ocidental, colocando-se à frente do combate em defesa da visão eurasiana dos negócios mundiais. O chefe russo trata de recuperar a soberania dos Estados para nova organização do mundo, mais branda e inclusiva, conforme preconizam alguns dos maiores teóricos geopolíticos da Rússia.

Um deles é, por exemplo, o falecido Lev Gumilev. Respeitadíssimo acadêmico, ele foi o criador de uma notável teoria etnogênica. Esse etnogenista chegou à compreensão das causas que levam os judeus talmúdicos à condição de concitadores da destruição em qualquer lugar onde estiverem.

Outro brilhante intelectual, este bastante mais popular, é o filósofo e geopolítico Alexander Dugin. Ele dedica o seu trabalho à promoção da sociedade tradicionalista em oposição ao projeto globalista do Great Reset. As ideias de Dugin pareceram tão perigosas para os seus inimigos que eles o tentaram matar na explosão de um carro-bomba. Não conseguiram, mas a filha de Dugin (Darya Dugina) estava no carro e morreu no atentado, em 20AGO2022, na cercania de Moscou.

Outra grande figura é Sergey Glazyev, economista mundialmente reconhecido. Ele foi o criador de novo sistema monetário tendo por premissa a segurança, a estabilidade e a satisfação dos povos em condições internacionais de maior paridade. Buscando a multipolaridade como ideal, o grande economista desafia o sistema unipolar atual, dominado pelos bandidos ocidentais reunidos em máfias como a BlackRock e o World Economic Forum (WEF).

Na presente configuração internacional binária, é forçoso que estejamos alinhados com a Rússia, a China e o Sul Global, contra a agenda unipolar e totalitária que a etnocracia judaica tenta impor a todo o mundo. Ao longo de sua história, os judeus têm financiado ambos os contendores da luta política. Não está sendo diferente agora. Eles tentam romper alguns dos elos centrais mais fortes da corrente da resistência multipolar, ou seja, a Rússia e a China. Com o poder financeiro do aríete neoliberal, os sionistas tentam derrubar a muralha da China. Se o conseguem, o gigante amarelo estará sob sua influência. Essa possibilidade é assustadora. Os judeus vem agindo insidiosamente ao longo dos anos para transformar essa possibilidade em realidade. Um comentarista já observou que a China segue sendo envolvida como parte menor nos negócios do Poder Judeu. Ele diz que “Culpar a China sem ter em vista os judeus é o mesmo que ver Robin, mas não o Homem-Morcego”, fazendo uma brincadeira com coisa séria.

Conforme se esperava desde a abertura dos mercados chineses que fizera Kissinger, o país asiático encontra-se agora infestado de bandidos da banca, que esfregam suas mãos, ansiosos para agadanhar a vasta riqueza da China com que podem dominar o mundo. Os chefes chineses deixar-se-ão enganar por essa canalha? A China será a avenida por onde passará a elite de judeus organizada na BlackRock para ter acesso à Yellow BRICS Road? [trocadilho: a autora brinca com a antiga canção de 1973 “Goodbye yellow bricks road”, de Elton John (n. do trad.)]. Ou irá a China se valer da sabedoria taoísta para reconhecer os agentes talmúdicos no seu interior, por cujo disfarce fazem parecer que ali estão com o propósito de realizar o compadecido princípio judaísta do tikum olam?

Muitos não ocidentais tomam por correta a teoria etnogênica de Gumilev, segundo a qual os judeus sempre trazem más notícias para a humanidade. O judeu de menos elevado nível social — com quem os seus irmãos da elite não aceitariam nenhuma causa comum e, se assim ditasse os seus interesses, poderiam até empurrá-lo para debaixo de um ônibus — deve buscar alguma composição com os não judeus nesse que é um embate escatológico. Os judeus mais conscientes precisam, por exemplo, denunciar a difamante ADL [Anti-Defamation League, organização supremacista judaica (n. do trad.)] pela perseguição que move contra Kanye West e outros que se atrevem a rasgar o manto de silêncio sobre a vastidão e a profundeza do Poder Judaico.

Agora que o golpe de Estado tecnocrático da plandemia covidiana aproximou ainda mais o Povo Eleito do controle global, é de suma importância que os cidadãos do mundo, entre os quais podem estar os judeus não sionistas, saibamos da condição etnossocial que leva alguém a fazer o que fez Samuel Bankman-Fried [especulador e bandido “filantrópico” judeu (n. do trad.)]. Sem tal consciência — que a mídia hegemônica judaica ataca com a desinformação e a censura — estaremos todos “Fritos” [aqui, a autora brinca com mais esse trocadilho: Fried, o sobrenome do golpista judeu, em inglês, quer dizer “frito” (n. do trad.)]. Nós necessitamos, imperiosamente, compreender que a civilização e a própria natureza encontram-se sob extremo risco neste momento. O perigo vem das quintas colunas judaicas. Elas continuam a sonhar o velho sonho de dominar o mundo. E, aleivosamente, agem para transformar o seu sonho em realidade.

Fonte: The Occidental Observer. Autora: Esther Watcher. Título original: Exposing fifth-column extremism. Data de publicação: 26 de novembro de 2022. Versão brasilesa: Chauke Stephan Filho.

Os nacionalistas brancos não querem a onda vermelha

Até o momento em que escrevo, neste dia 11 de novembro de 2022, os Estados Unidos, tidos como a maior nação da Terra, ainda não foram capazes de dar por encerrado o escrutínio. Não conhecemos exatamente, pois, o resultado final das eleições de meio mandato deste ano. Mas…

Mas já podemos depreender, com clareza, duas coisas a respeito da disputa.

A primeira é que, mesmo participando das eleições, tínhamos consciência de que a definição do vencedor era questão irrelevante, porque os perdedores negariam legitimidade ao resultado, pois cada metade do eleitorado considera a outra metade perigosa demais para assumir o poder. Isto significa que o povo americano deixou de existir. Há, ao contrário, duas nações hostis — ou melhor, muitas nações hostis alinhadas umas contra as outras em dois blocos — compartilhando o mesmo território e governo, que se vão arrastando na direção da compreensão do que o futuro lhes reserva, ou seja, a alternativa entre a separação ou o conflito sangrento.

A segunda é que, como sabemos agora, não existiu nenhuma “onda vermelha”. Em vez disso, ambos os partidos emergiram da luta em condições de equilíbrio. E isto significa a continuação do impasse.

Essa situação nos parece muito ruim para os republicanos. Por outro lado, para os nacionalistas brancos, esse se mostra como o melhor resultado. Nosso parecer decorre das três razões de que tratamos a seguir.

Em primeiro lutar, os republicanos esperavam que pudessem ser levados de volta ao poder pela simples intenção retaliatória do eleitorado. Eles contavam com o voto contra os democratas motivado pela pravidade dos próprios democratas e, confiantes nesse voto negativo, não se interessaram em propor nada pelo voto positivo em favor de si mesmos.  Isto exigiria a coragem que lhes faltou para ir além dos limites da discussão “legítima” fixados pelo estabilismo politicamente correto, fora dos quais está o “escândalo”. Isto exigiria, também, assumir compromissos que eles não cumpririam depois. Ora, por que procurar sarna pra coçar, quando bastava esperar os votos da desforra, o poder e o cheque em branco com que fazer as coisas conforme a vontade dos financiadores? Por isso os republicanos escolheram candidatos do centro, gente moderada, que nem fede nem cheira. Concorreram pelos republicanos muitos não brancos, muitas mulheres e outros representantes da “diversidade”. Quem é que teria a santa paciência de ir a uma convenção republicana para assistir à escolha de um debiloide tatibitate do tipo de Herschel Walker [ex-jogador de futebol americano, negro] como candidato? Em resumo, a onda vermelha foi só mais um imbecil esquema partidário de suposta conveniência eleitoral. Isso não iria merecer o voto dos eleitores e não mereceu.

Em segundo lugar, o que os nacionalistas brancos exigimos de um candidato é que sirva os nossos interesses, que defenda o padrão branco em todas as áreas da política e da cultura, principalmente para deter e reverter o declínio demográfico branco. Um candidato nosso deve, no mínimo, ser capaz de introduzir as nossas questões no debate político, a exemplo do que fez Trump, ao questionar o valor da imigração e da globalização econômica. Será nosso representante o parlamentar que aprovar leis para frear a Grande Substituição, particularmente pelo controle da imigração.

Nestas eleições, eu apoiei alguns poucos candidatos de apelo populista mais alinhados ao nacionalismo do que o político médio do estabilismo republicano. Ajudei Ron DeSantis e J. D. Vance, que venceram, como também Blake Masters e Joe Kent, estes ainda em situação incerta. Eu iria saudar uma onda vermelha de republicanos desse tipo. Eles merecem vencer. Talvez tenhamos mais candidatos dessa tendência mais afinada conosco nas eleições do ano que vem. Oxalá!

Em terceiro lugar, um tipo errado de onda vermelha seria ruim para os brancos. Sob Joe Biden, o dado positivo é que milhões de brancos foram levados à radicalização. Eles tomaram consciência de que a esquerda é um inimigo implacável buscando degradar, despojar e, finalmente, destruir a América branca. Ocorre, porém, que ainda não atinaram completamente no caráter traiçoeiro da fraca oposição republicana. Então, uma onda vermelha faria a nossa gente se sentir segura novamente. Seria como uma canção de ninar para que todos fôssemos dormir novamente. Com isso, o massivo processo de Transfusão Racial seguiria forte, mas agora sob uma nova direção republicana. Por outro lado, o fiasco da onda vermelha e a continuação do impasse partidário manterão a raiva dos eleitores brancos, conservando-os agitados e receptivos à nossa mensagem. Para os nacionalistas brancos, este é o melhor resultado possível no atual contexto.

A mais plausível objeção à minha posição sustenta que até os republicanos de que não gostamos podem ser úteis para nós no campo das guerras culturais, em relação ao aborto, por exemplo. Assim, se diz que, sem Mitch McConnell, Merrick Garland ainda estaria na Suprema Corte, e Roe vs. Wade [caso judicial da decisão que legalizou o aborto nos EE.UU. em 1973] não teria sido derrubado. Pois é… se bem que Garland possa parecer menos perigoso na Suprema Corte do que no Departamento de Justiça; além disso, não sabemos se a vitória de Roe foi positiva ou negativa para os republicanos nas urnas. De qualquer forma, esse tipo de discussão pode ser deixado de lado. Confesso que não ligo muito para a guerra cultural dos conservadores nas questões do aborto, dos travestis, das drag queens em bibliotecas… Os conservadores de cabecinha mais emoldurada combatem nessas frentes da guerra. Deixemos que invistam nisso seus recursos políticos. Nós devemos atacar problemas mais sérios. E um problema bem sério é a extinção da raça branca. Que diferença faria para nós, se houvesse ou não houvesse orações escolares e aborto legal no meio das raças escuras, legatárias do mundo de que teríamos desaparecido? Inversamente, mas pela mesma razão, no caso de os brancos se salvarem, suas lutas por causa de questões culturais como a do aborto continuariam de somenos importância, ainda que durassem cem anos.

O meu maior medo não é ser governado por malucos esquerdistas, que só podem precipitar o fim do sistema. Em vez disso, no pior dos meus pesadelos, os republicanos reprimem a criminalidade, logram sucesso na condução econômica, engajam-se nas batalhas culturais dos conservadores e convertem dissidentes em obedientes moleques de recado de fidelidade canina. Em consequência disso, na pior parte desse mesmo mau sonho e pressentimento, os republicanos dão continuidade à invasão migratória, consolidando o processo da Transfusão Racial, que se torna irreversível. A única coisa pior do que o caótico multiculturalismo da esquerda consiste no ordenado e estável multiculturalismo da direita. Este é o perigo que vemos na tendência cívica dos nacionalistas.

Até os melhores ou “menos piores” dos republicanos participam dessa tendência. Nossa posição em relação a eles deve estar clara. Nosso eventual apoio a este ou aquele dessa gente não decorre de nenhuma identidade de propósitos. Só os podemos apoiar na medida em que sirvam à consecução de nossos objetivos, não por causa do que eles são, mas apesar do que eles são, e sabemos que são pedra no nosso caminho. Não obstante, nossa voz recebe mais atenção deles nos debates políticos, podendo ser que contemplem nossas políticas contra o declínio demográfico branco. Estes seriam passos dados para a frente, vitórias genuínas e, ao contrário dos aceleracionistas, que apostam no caos como forma de “queimar etapas”, não acreditamos que ganhemos alguma coisa perdendo eleições. Só é ganhando que ganhamos. Em última instância, no entanto, nós nunca venceremos com os republicanos, por esta razão muito simples e vulgar: esses caras estão cagando e andando para os brancos. Eles nunca iriam criar territórios brancos ou recuperar as pátrias brancas. Esta tarefa compete aos nacionalistas brancos.

Se os americanos brancos tivessem um país que pudessem chamar de seu, é claro que iríamos defender a lei e a ordem, o patriotismo, políticas econômicas racionais, famílias e normas sexuais sadias — porquanto isso tudo faz um país mais forte. Quando alguém advogar esses valores, mesmo um republicano, deverá contar com a nossa aprovação verbal, é claro. Às vezes, merecerá até que votemos nele. Entretanto, não nos esqueçamos jamais de que os Estados Unidos se encontram submetidos à dominação antibranca. Nossos inimigos controlam o sistema agora. Até que possamos tomar o poder deles, tudo o que fortalecer o sistema irá nos enfraquecer.


Fonte: Counter-Currents. Autor: Greg Johnson. Título original: Why white nationalists don’t want a red wave. Data de publicação: 11 de novembro de 2022. Versão brasilesa: Chauke Stephan Filho.