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Ucrânia: a instável aliança de nacionalistas com oligarcas judeus

A principal versão da mídia ocidental sobre a situação na Ucrânia “informa” que o “povo ucraniano” libertou-se do malvado e corrupto governo de [Víktor Fédorovych] Yanukóvytch. A participação de nacionalistas na derrubada do governo e a presença deles no novo governo têm sido minimizada. Organizações judaicas e escritores judeus “garantiram” ao The NY Times que não era verdade o que Putin dizia sobre o “incipiente fascismo e o antissemitismo” do novo governo. Eles asseveram que as denúncias de Putin não passam de desavergonhada manobra para dissimular a agressão russa.

O que aconteceu com a inveterada fobia que liberais e judeus sentem por gente branca e nacionalista, como aquela que, por exemplo, cumpriu papel tão proeminente na Revolução da Praça Maidan?

Contestando tudo isso, o LA Times publicou na sua página de opinião artigo de um acadêmico liberal dos mais convencionais, Robert English, diretor da Escola de Relações Internacionais da Universidade do Sul da Califórnia (Ukraine’s threat from within: Neofascists are as much a menace to Ukraine as Putin’s actions in Crimea) [Ucrânia: a ameaça interna: neofascistas são mais perigosos do que Putin na Crimeia]. A proposição básica do Prof. English é que a participação decisiva dos nacionalistas ucranianos no novo governo infunde justificado medo nos etnorrusos da Ucrânia.

A moda agora é falar que o presidente russo, Vladimir Putin, é um paranoico sem contato com a realidade. Mas a denúncia dele contra os “radicais neofascistas” que derrubaram o governo anterior ucraniano e que agora estão nas fileiras do novo governo é digna de crédito. O empoderecimento dos extremistas nacionalistas da Ucrânia não representa ameaça menor para o futuro do país do que as manobras de Putin na Crimeia. Essa gente odienta tem uma ideologia repugnante.

Veja-se o caso do partido Svoboda, que conquistou cinco posições importantes no novo governo, incluindo os cargos de primeiro-ministro, ministro da Defesa e procurador-geral. O Svoboda bate-se pela abolição do estatuto autonômico que protege os russos na Crimeia. Isso inclui degradar o status da língua russa pelo voto no parlamento. Para os milhões de russos étnicos, essas são provocações odiosas e superlativamente estúpidas, em se tratando das medidas iniciais do novo governo no país dividido.

Esses movimentos, mais do que a propaganda russa, suscitam grande inquietação na Crimeia. […]

O Svoboda, o Setor da Direita e outras organizações da extrema-direita […]  compõem-se de legiões de jovens abandidados que exibem símbolos alusivos à suástica. Seus chefes exaltam muitos aspectos do Nazismo e prestam culto à figura de Stepan Bandera, o capitão dos nacionalistas ucranianos na Segunda Guerra Mundial, cujas tropas colaboraram com Hitler e massacraram milhares de poloneses e judeus.

Essa coonestação do passado assusta, mas os planos desses partidos para o futuro assustam ainda mais. Eles defendem abertamente que o ensino da língua russa nas escolas seja proibido, que o direito à cidadania só se reconheça àqueles aprovados em exame de língua e cultura ucranianas, que apenas os ucranianos possam adotar órfãos e que os passaportes identifiquem a etnia de seus titulares: ucraniana, polonesa, russa, judaica ou qualquer outra.

Vemos novamente aí a natureza perversa de muitos nacionalismos europeus. Tom Sunic vinha nos advertindo reiteradamente sobre isso. Os movimentos antirrussos estão especialmente equivocados, dada a enorme superioridade militar russa e o caráter inaceitável, aos olhos da Rússia, da adesão da Ucrânia à OTAN e à União Europeia. Certamente a lembrança do genocídio no período soviético mantém-se muito viva na memória dos nacionalistas ucranianos — o que se compreende, embora os russos possam argumentar que não eram eles os detentores do poder no governo soviético aquando do genocídio, e que os próprios etnorrussos estiveram entre as primeiras vítimas do regime soviético; além disso, como observa Andrew Joyce, os nacionalistas ucranianos sabem muito bem da histórica opressão econômica judaica e do envolvimento judaico no genocídio ucraniano dos anos trintas.

Apesar de todo esse nhenhenhém, o nacionalismo ucraniano, se fosse racional, combateria pela partição do país segundo linhas étnicas, em vez de reclamar soberania em áreas como a Crimeia, atualmente região habitada majoritariamente por etnorrussos; evidentemente os russos não iriam querer fazer parte da União Europeia, que se bate pela dissolução de todas as identidades nacionais.

Continua o Prof. English:

Será tão difícil entender a perplexidade dos russos à vista dos oficiais americanos (como o Sen. John McCain e a subsecretária de Estado, Victoria Nuland) que flertam com extremistas denunciados por antissemitismo, xenofobia e até mesmo neonazismo por numerosas organizações de defesa dos direitos humanos? Eles batem autofotos e distribuem pastéis entre os chefes dos protestos, cujos bangalafumengas distribuem nesse mesmo momento, em plena Praça da Independência, exemplares de Os protocolos dos sábios de Sião: isso não deveria chocar? Se nalguma rara situação alguém mostra preocupação com esses extremistas, o problema é logo minimizado com o chavão de que “Sim, o governo não é perfeito, mas logo os moderados prevalecerão”.

Aparentemente os neoconservadores tais quais McCain e Nuland (bem como a elite ocidental de forma geral) veem a presença dos nacionalistas ucranianos como problema superável, a julgar pela hostilidade deles para com todo nacionalismo (à exceção do nacionalismo judeu em Israel). É claro que eles devem ter se equivocado nesse particular e acabaram abocanhando mais do que podem engolir. Israel Shamir descreve os eventos como “Revolução Parda”. Segundo ele, a Ucrânia “foi tomada por uma coalizão de ucranianos ultranacionalistas e oligarcas judeus (principalmente)”, que enriqueceram pilhando a Ucrânia: “Durante anos, os oligarcas despojaram a Ucrânia, remetendo para bancos ocidentais toda a riqueza que extraíam, o que levou a Ucrânia até a beira do abismo”.

Essa coalizão de nacionalistas com oligarcas parasitários, principalmente judeus, é instável, para dizer o mínimo. O Prof. English erra ao escrever como se os nacionalistas tivessem logrado seus objetivos, sem nunca mencionar que forças muito poderosas alinharam-se contra eles. Durante mais de um século, o principal vetor da rica e poderosa diáspora judia tem estado voltado contra os nacionalismos majoritários locais — daí o forte apoio judeu à União Europeia e às forças imigrantistas de desterritorialização da raça branca nos EE.UU. e por todo o Ocidente.

Em última análise, a Ucrânia não será exceção. Eu prognostico que os oligarcas, principalmente os judeus, e seus aliados ocidentais farão de tudo para marginalizar os nacionalistas e fortalecer suas ligações com o Ocidente. Essa conjugação de forças pró-ocidentais é realmente muito poderosa.

O Prof. English aponta as consequências para os etnorrussos nas antigas repúblicas soviéticas:

Mas a preocupação russa é justificável. Desde o colapso da União Soviética, milhões de etnorrussos ou falantes do russo tiveram cassada sua cidadania nas repúblicas bálticas (onde muitos viveram por gerações). Eles perderam seus empregos e suas casas na Ásia Central. E têm sofrido virulenta discriminação na Geórgia (causa principal da guerra de 2008 com a Rússia, também largamente ignorada no Ocidente).

Tal resultado é lamentável pelos russos desterrados, mas essas situações foram grandemente compensadas pela criação de Estados etnicamente homogêneos nas regiões da antiga União Soviética e alhures na Europa. Como observei em outro trabalho,

ao longo dos últimos 150 anos, a tendência geral na Europa e alhures tem sido a criação de Estados com base na etnia, ou seja, etnoestados. Essa tendência não terminou com o fim da II Guerra Mundial. Na Europa, a Guerra fez-se acompanhar do desterramento e reassentamento de povos — principalmente os alemães — para a criação de Estados etnicamente homogêneos. De fato, o maximante da homogenização na Europa ocorreu nas duas primeiras gerações que se seguiram à II Guerra Mundial.

[O Prof. Jerry Z.] Muller escreve:

Como resultado desse massivo processo de apartismo étnico, o ideal etnonacionalista foi largamente realizado: na maioria dos casos, cada nação europeia tinha o seu próprio Estado, e cada Estado compunha-se quase exclusivamente de uma só nacionalidade étnica. Durante a Guerra Fria, essa regra tinha poucas exceções: a Checoslováquia, a URSS e a Iugoslávia. Mas o destino desses países demonstrou a presente vitalidade do etnonacionalismo.

Essa questão é essencial. Com a recente expansão do império da União Europeia, expandiu-se também a retórica apologética de uma nova idade “pós-nacional”. A essa fase, entretanto, seguiu-se a pasmosa multiplicação de etnoestados por sobre os escombros da Iugoslávia, da antiga URSS e da Checoslováquia (cf.The utter normality of ethnonationalism — except for whites. In: VDARE).

Isso que se passa na Ucrânia é exatamente esse processo de desintegração de um Estado etnicamente heterogêneo para a formação de Estados etnicamente homogêneos. Esse seguimento tem o endosso das forças armadas russas e foi desencadeado pela agressiva intromissão de governos e ongues ocidentais na política ucraniana. Nem os neoconservadores nem a União Europeia desejam a clivagem étnica, mas esse é um desejo que pode não prevalecer, dado que Putin está disposto a garantir os legítimos interesses russos manu militari.

Do ponto de vista de um etnonacionalista universal, como sou eu mesmo, a melhor  solução possível seria a divisão da Ucrânia entre russos e nacionalistas ucranianos, segundo as áreas agora sob controle de uns e outros. Se isso acontecesse, os neoconservadores ficariam furiosos. Culpariam Obama e outros governos ocidentais por não terem sido ainda mais agressivos.

Mas a divisão da Ucrânia separando as regiões russa e ucraniana não teria nada de extraordinário, não seria diferente da partilha da Iugoslávia ou da Checoslováquia. O problema é que as oligarquias ocidentais, sempre ansiosas para prejudicar a Rússia, insistem na narrativa da divisão como completamente ilegítima.

O Prof. English, como o liberal convencional que é, aconselha que, em último caso, os Estados Unidos devam se opor fortemente aos nacionalistas:

Por que não deveríamos aliviar os russos de seus [justificados] medos, denunciando energicamente os etnonacionalistas, abraçando os direitos minoritários como vitais para a estável democracia ucraniana que buscamos promover? Dada a nossa própria hipocrisia — não violar acordos (exceto aquele de não expandir a OTAN para o leste), não invadir países sob belos pretextos (exceto o Iraque) e não apoiar movimentos de minorias separatistas (exceto no Kosovo) — por que não iríamos querer restaurar a credibilidade dos Estados Unidos, atuando de acordo com os nossos princípios neste crítico caso? Em 2012, o parlamento europeu condenou o racismo, o antissemitismo e a xenofobia do Svoboda em nome dos “valores e princípios fundamentais da UE”. Os EUA devem fazer a mesma coisa agora, sem hesitação. Isso não é só a coisa certa a fazer, isso abriria uma porta para o entendimento com a Rússia sobre essa perigosa crise. Nossa omissão   estimula os extremistas dos dois lados.

O Prof. English está de parabéns pela sua resumida lista das hipocrisias ocidentais. Com efeito, por que o apoio a uma Crimeia etnicamente homogênea seria diferente do apoio a um Kosovo etnicamente homogêneo?

Mas ele não precisa ficar preocupado. Evidentemente os EUA não querem realmente a vitória dos nacionalistas ucranianos e moverão céus e terra para derrotá-los, se eventualmente eles consolidarem seu poder no governo. Mas, por enquanto, as oligarquias do Ocidente deleitam-se com a propaganda enganosa da revolução, atribuindo-a aos amantes da liberdade na Ucrânia, ansiosos para pertencer ao melhor dos mundos, o mundo da União Europeia.

Em última análise, a longa campanha ocidental para desestabilizar a Ucrânia por meio do apoio às elites pró-ocidentais é violenta afronta aos legítimos interesses nacionais e étnicos da Rússia. Putin já traçou a sua linha vermelha e pode deslocá-la para abarcar a região leste da Ucrânia, o que aumentaria o perigo para todo o mundo. As oligarquias ocidentais não podem culpar os outros  por isso, porque a culpa é delas.

Fonte: The Occidental Observer. Autor: Kevin MacDonald. Título original: The Unstable Alliance of Nationalists and “Mainly Jewish Oligarchs” in the Ukraine. Data de publicação: 13 de março de 2014. Versão brasilesa: Chauke Stephan Filho.

Slavoj Zizek e o seu “Manual pervertido do antissemita”

“A teoria de [Kevin] MacDonald representa uma nova fase do longo processo de destruição da razão.”
(SLAVOJ ZIZEK)

“Zizek é, na melhor das hipóteses, um charlatão pernóstico.”
(THOMAS MOLLER-NIELSEN)

Este é um ensaio sobre o antissemitismo, mas como trata também de Slavoj Zizek, nós teremos de começar abordando a questão das relações extraconjugais. Bem no começo da minha carreira acadêmica, fui chamado para participar de um seminário interdisciplinar, no qual estudantes de pós-doutorado iriam falar rapidamente de suas pesquisas. O esperado era que eu, como alguém que havia recentemente concluído o pós-doutorado, fosse arguir os estudantes de forma dura, mas sempre no sentido de favorecê-los, para não prejudicar o saudável clima das relações pessoais harmoniosas no meu departamento. Deram para mim o programa das apresentações, e na mesma hora já me senti aborrecido com o besteirol feminista e o nhenhenhém semimarxista de contempladores do próprio umbigo, não havendo nada ali relacionado com os campos de pesquisa de meu interesse. Entretanto, eu estava ansioso para cumprir acertadamente minha tarefa e acabei me enquadrando no esquema por dever de ofício. Eu nunca vou me esquecer da primeira apresentação, porque foi muito surreal, o expositor era um afro-americano efeminado, ele recitou um poema intitulado “Pele negra”, falando sobre… bem, o leitor já entendeu o espírito da coisa. Mas o mais memorável evento do dia viria mais tarde, quando uma jovem apresentou trabalho sobre como a questão do gênero era tratada na mídia, ou alguma coisa assim. Eu não gostei da atitude dela, fiquei irritado e, na hora das perguntas, dei uma prensada nela. Uma figura veterana do departamento notou a minha reação e, depois de terminado o seminário, quis voltar à vaca fria. Era um historiador inglês de modos delicados, sobre quem havia muita fofoca. Ele me chamou à sala dele para uma discussão sobre política sexual e de gênero.

Eu me tornei politicamente consciente desde a minha adolescência. Estudei profundamente o marxismo desde quando eu tinha 17 anos e conhecia muito bem esse culto. Apesar disso tudo, eu não estava preparado para a aventura que me esperava na sala do inglês. As paredes eram decoradas com bandeirinhas vermelhas e quadros como que de santos com imagens de Lênin e Trotsky. Então eu pensei que ali se encontrava um comunista de carteirinha. Eu estava em presença de um devotado marxista, de alguém que, diante de mim, representava solitariamente o exemplo concreto da longa marcha para a conquista das instituições. Ele preparou o chá, e nós nos sentamos. Ele começou a discorrer, eu fiquei escutando. No preâmbulo de seu monólogo, meu anfitrião começou externando sua perspectiva pessoal, explicando que, mesmo nas coisas pertinentes ao seu mundo particular, ele se empenhava por viver de acordo com as suas “convicções socialistas”. Antes de se casar, ele disse, ele e sua noiva acordaram entre si que não prestariam os tradicionais juramentos, que não seriam possessivos, que nenhum deles prometeria ser exclusivamente do outro. Eles poderiam “esperar” exclusividade, mas não a poderiam exigir. Eles acreditavam em “liberdade”, ele disse, acrescentando que o progressismo social e a moderna política sexual e de gênero se resumiam a isso. Ele deu a entender que não havia nenhuma razão para ninguém rir disso ou se sentir incomodado com isso.

Mas havia, sim. Eu tinha ouvido um zunzunzum no câmpus de que a mulher desse advogado do “amor livre” estivera cumprindo curto prazo de docência na Noruega e que recentemente tinha decidido ficar por lá mesmo com um namorado norueguês com quem ela tinha tido um caso durante um tempinho. Na Noruega ela vivia com as duas crianças de seu marido “oficial” e fazia de tudo para não deixar que o  chifrudo bonacheirão inglês e amante de Lênin pudesse ver os filhos. A casa da família acabou sendo-lhe tirada pela “ex”, e meu colega marxista passou a morar numa pensão. Trágico? Bem possivelmente. Risível? Com certeza. Tudo isso veio à minha lembrança enquanto o corno manso leninista sentado diante de mim falava dos frios votos de seu casamento, a xícara de chá na mão, olhos marejados de… lágrimas? Efeito do vapor do chá, ele disse, enquanto enxugava-os, rapidamente desviando seu olhar para a janela. Eu fiquei na minha, só olhando para a cara dele. O tempo passava, e aos poucos ele foi se aquietando, até silenciar. Então, agradeci protocolarmente e empreendi fuga dali, respirando fundo quando saí do prédio. Nunca mais na minha vida pus os pés naquele escritório.

O que isso tudo tem a ver com o antissemitismo? Da perspectiva da grande vedete intelectual marxista Slavoj Zizek, tem tudo a ver, porquanto, como iremos mostrar, a infidelidade e o antissemitismo estão irrefutavelmente ligados. Eu digo “irrefutavelmente’ com muita segurança, porque os argumentos dele são irrefutáveis — e são irrefutáveis porque não obedecem à lógica.

Vamos lá! Primeiramente, quem é Slavoj Zizek? Ostensivamente, ele é um respeitado filósofo da Eslovênia e professor em Nova Iorque e Londres, que se ocupa de campos variados do saber, como ciência política, cultura, psicanálise,  crítica de cinema, marxismo, teologia e as filosofias de Hegel e Jacques Lacan. Ele mesmo é o tema mais batido do seu The International Journal of Žižek Studies e já foi considerado “o Elvis [Presley] da teoria cultural” e “o mais perigoso filósofo do Ocidente”. Zizek goza de grande popularidade entre não acadêmicos e jovens esquerdistas, devido principalmente à técnica de comunicação que lhe é peculiar, às referências que faz à cultura de massa em suas palestras, às suas “piadas obscenas” e aos títulos de suas conferências e documentários, sempre contendo a expressão “Guia dos perversos…”. Em abril de 2019, Zizek e Jordan Peterson lotaram o Centro Cultural da Sony em Toronto para debater o tema “Felicidade: capitalismo versus marxismo”, que alguns chamaram de “o debate do século”, embora muitos dissessem depois que fora decepcionante. O importante aqui é levar em conta a grande audiência de Zizek e o fato de geralmente ser tido como pensador sério. Isto significa que suas manifestações são influentes, razão por que interessa examinar o que Zizek tem a dizer dos judeus e do antissemitismo.

As ideias de Zizek sobre temas específicos podem ser difíceis de determinar, porque ele esparrama suas perspectivas por diferentes livros, numerosos artigos e muitas palestras e entrevistas. Fica claro, entretanto, ao se comparar o número de visualizações de suas postagens no YouTube com a frequência à ciberteca dele chamada The Philosophical Salon, a qual serve de vitrina para seus escritos tópicos, que ele se destaca mais como animador audiovisual do que como um escritor sério. O antissemitismo não é assunto sobre que Zizek tenha se debruçado aturada e interessadamente, ainda assim, curiosamente, ele está sempre dando palpites sobre essa questão em algumas de suas palestras dedicadas ao tema. A partir daqui estudaremos as teorias de Zizek sobre o antissemitismo.

I. A patologia da paranoia invejosa

Como legatário da psicanálise de Freud e Jacques Lacan, Zizek recorre fortemente a teorias psicanalíticas do antissemitismo em suas publicações escritas e audiovisuais. Neste ponto voltamos ao assunto das relações extraconjugais, porque num ensaio de fevereiro de 2016 sobre a crise da imigração, publicado no New Statesman, Zizek dizia o seguinte:

Jacques Lacan alegava que, mesmo se a denúncia de um marido ciumento que acusasse a mulher de dormir com outros homens fosse verdadeira, o ciúme dele seria patológico. Por quê? Porque a verdadeira questão não está em saber se o ciúme do marido tem fundamento na traição real da mulher, antes importa saber a razão pela qual o marido precisa de seu ciúme para manter a própria identidade. Analogamente, pode-se dizer que mesmo se as falsas acusações dos nazistas que incriminavam os judeus de explorar os alemães e seduzir suas mulheres fossem verdadeiras, seu antissemitismo ainda seria (e era) patológico, porquanto recalcava a verdadeira razão pela qual os nazistas precisavam do antissemitismo, qual seja, sustentar sua posição ideológica. E não é isso, exatamente, o que ocorre hoje em relação ao medo crescente dos refugiados e imigrantes? Estendendo o raciocínio a um caso extremo, podemos concluir que, mesmo se os nossos preconceitos em relação a eles fossem verdadeiros, mesmo se eles fossem fundamentalistas, terroristas, assaltantes, estupradores, ainda assim as advertências paranoicas de uma ameaça imigratória seriam patologia ideológica. Essa nossa atitude enquanto europeus fala mais de nós do que dos imigrantes.

Há muito nisso daí para ser periciado, mas uma rápida leitura já causa espanto, porque o texto é um desastre da lógica e porque muitos consideram o seu autor um sério e celebrado filósofo da cultura contemporânea. O primeiro problema é, evidentemente, a citação do ridículo Lacan como se fosse uma autoridade, como se o que ele diz valesse alguma coisa. Se um homem tem provas suficientes para acreditar que sua mulher esteja sendo infiel, então seria difícil taxar o marido de ciumento ou, mais ainda, de patológico, porque ele estaria apenas reagindo para defender seus interesses (sexual, reprodutivo, financeiro, emocional, até religioso e profissional — o que não teria nada de surpreendente para um evolucionista). Também não procede dizer que ele precise do ciúme a fim de manter sua identidade. Na verdade, o que iria acabar com a identidade dele seria a traição mesma, pois o aspecto emocional e todos os outros constituintes de sua vida de homem e de marido estariam solapados no contexto da infidelidade. Kevin MacDonald observou que o ativismo intelectual judeu, especialmente aquele comprometido com a psicanálise, costuma se valer de interesses pessoais para escolher argumentos, os quais são formulados em linguagem universal. Jacques Lacan não era judeu, mas suas teorias sobre o ciúme e a infidelidade, incluindo sua famosa afirmação de que “Não existe essa coisa de relacionamento sexual”, sempre foram de um subjetivismo interessado, não há dúvida quanto a isso. Catherine Millot, uma de suas pacientes, rememorava em autobiografia de 2017, Life with Lacan, que “ele tinha casos com pacientes e ex-mulheres de seus mais chegados amigos” e a muitos deles propunha sexo grupal.

Voltando a Zizek, então, aquela declaração dele pode ser resumida nos seguintes termos: mesmo se os protestos contra a influência judia na sociedade ocidental correspondessem a razões de fato, à semelhança das acusações daquele marido desconfiado da mulher, “tais protestos continuariam a ser patologia ideológica” dos europeus de que depende a manutenção da identidade europeia. Nesta altura alguém deveria solicitar a Zizek que definisse exatamente como qualquer acusação contra qualquer coisa poderia não ser manifestação de uma doença. Por exemplo, mesmo se a crítica de Marx ao capitalismo se provasse verdadeira, como é que as acusações contra a burguesia enquanto classe poderiam ser menos patológicas do que as acusações contra os judeus enquanto classe? Será que Zizek acha que os marxistas são patológicos por precisarem da paranoia antiburguesa para manter a própria identidade? Duvido. Ele deve pensar, então, que só as acusações formuladas pela direita são patológicas, mas se é assim, é assim por quê? Como alguém pode acusar terroristas, estupradores e ladrões sem perder o pleno gozo de suas faculdades mentais? Será que o acusador deve estar sendo decapitado, estuprado ou roubado? Não, nesses casos talvez a acusação ainda decorresse de alguma perturbação mental. Deve ser presumido que o acusador sentir-se-á tentado a manter a própria identidade por meio da paranoia persecutória, enquanto não tiver sido esquartejado.

Deixando de lado o sarcasmo, não seria esse o caso de considerar que na vida, geralmente, as incriminações partem do mundo real das perspectivas e dos interesses de indivíduos ou grupos e que a medicalização das denúncias de um partido seja simplesmente uma forma de combater os interesses desse partido e deslegitimar sua perspectiva?[1] Não estará Zizek, simplesmente, por razões desconhecidas (que, apesar disso, certamente não prejudicaram sua carreira), oferecendo uma explicação do antissemitismo totalmente sem lógica no intento de coonestar a “verdade sem importância” do comportamento judeu? Eu não acredito em que Zizek seja um filossemita, conforme entendo esse termo. Classificação mais apropriada dele colocá-lo-ia nas categorias de “sincero e ingênuo seguidor do credo marxista” e de “charlatão pedante”. Isso se evidencia nas muitas declarações dele sobre o antissemitismo, as quais não passam de cruas e irrefletidas regurgitações de Jean-Paul Sartre, que foi um firme defensor da tese da “verdade sem importância”.

II. As tais contradições que não existem.

Enquanto a primeira entre as maiores características das interpretações psicanalíticas de viés marxista do antissemitismo consiste na negação de qualquer justificada denúncia como causa legítima da origem do fenômeno, a segunda dessas características consiste na indicação de supostas contradições da perspectiva antissemita. Numa palestra que proferiu em 2009 na European Graduate School sobre o tema Anti-Semitism, Anti-Semite and Jew [O antissemitismo, o antissemita e os judeus], Zizek argumentou que o antissemitismo coloca o judeu numa “impossível alteridade” e continuou dizendo o seguinte:

Uma das ironias da história do antissemitismo é que os judeus podem representar, na mundivisão antissemítica, os dois polos de uma oposição. Eles são estigmatizados como a classe superior, os ricos, os açambarcadores que nos exploram mas, por outro lado, são vistos como a classe inferior, os pobres e sujos. Eles são percebidos como muito intelectualizados ou muito mundanos, predadores sexuais e por aí vai. São os preguiçosos mas, também, os viciados em trabalho.

Na minha resenha de 2015 sobre o livro de Theodore Isaac Rubin (1923-2019) intitulado Anti-Semitism: A Disease of the Mind [Antissemitismo: uma doença da mente], eu observei que Rubin, um psicanalista confesso, declarou que “o judeu” era quase que só um símbolo na mente do antissemita, e ainda que o antissemitismo contém uma lista quilométrica de contradições e “superlativos mutuamente excludentes”. A ideia de que o antissemitismo contém contradições lógicas é clichê das narrativas, histórias e apologética judias. Por exemplo, o historiador judeu Derek Penslar afirmou que “Os argumentos do antissemita são, pela própria natureza, ilógicos, imprecisos e indefensáveis.”[2] Jeffrey Herf prega que o antissemitismo é “eivado de contradições e altamente irracional.” [3] Esse tipo de resposta ao antissemitismo descende de poderosa linhagem. Kevin MacDonald já fez saber que boa parte do A personalidade autoritária, da Escola de Francforte, foi “uma tentativa de demonstrar a irracionalidade do antissemitismo pela indicação de que os antissemitas têm crenças contraditórias sobre os judeus. (…) A personalidade autoritária exagera a natureza autocontraditória das crenças antissemíticas para assim salientar a irracional, a subjetiva natureza do antissemitismo.”[4]

No trabalho de Rubin assim como no de Zizek, vemos acusações contra os judeus que são consistentes, se consideradas em seu contexto, ou que provavelmente nunca foram feitas por nenhum dos considerados antissemitas. Por exemplo, Rubin escreveu que todos os antissemitas atribuem aos judeus os seguintes predicados:

  1. estúpidos, brilhantes;
  2. todo-poderosos, fracos;
  3. cosmopolitas, provincianos;
  4. malandros, ingênuos;
  5. supersensíveis, insensíveis;
  6. negrofílicos, superpreconceituosos;
  7. os mais ricos, os mais pobres;
  8. artísticos, desartísticos;
  9. mamonistas, esnobes pedantes;
  10. exossociados, endossociados.

Mas as “contradições” oferecidas por Rubin e Zizek são simplificações extremas.  No seu Culture of Critique, Kevin MacDonald analisou os trabalhos de Levinson, Ackerman e Jahoda nos quais esses autores pretenderam denunciar o comportamento contraditório daqueles que têm os judeus na conta de tribalistas e evitadores despicientes, mesmo enquanto esperam que os judeus sofram segregação e restrições. Também pretenderam revelar outra atitude contraditória em relação aos judeus: a de que seriam tribalistas e socialmente invasivos.[5] De igual modo, Zizek oferece a formulação de que existe uma inerente contradição nas crenças antissemíticas do “particularismo” e do “cosmopolitismo” judeus. Mas, diz MacDonald:

A concordância entre os termos de cada um daqueles itens não é autocontraditória. Tais atitudes são provavelmente componente comum dos processos reativos discutidos em  Separation and Its Discontents. Os judeus são vistos por estes antissemitas como membros de um grupo fortemente coesivo, que tenta penetrar os círculos de poder e alta posição da sociedade inclusiva, talvez até mesmo solapando a coesão desses círculos, ao passo que conservam seu próprio separatismo e espírito tribal. A crença em que os judeus devam sofrer restrição é completamente consistente com essa atitude. Além disso, estereótipos contraditórios sobre os judeus, representando-os como capitalistas e comunistas podem ser aplicados pelos antissemitas a diferentes grupos de judeus.[6]

De igual modo, as “contradições” de Rubin podem ser resolvidas bem rapidamente, tão logo seja evitada toda simplificação excessiva. Nunca ou só raramente os judeus são retratados simplesmente como “negrófilos”, mas são frequentemente vistos como estando de maranha com os pretos em lugares como o Sul dos Estados Unidos e a África do Sul, juntos, neste último país, para derrubar o Apartaide.    Até onde sei, esse comportamento nunca foi pensado como decorrente do altruísmo amoroso dos judeus para com os pretos. Antes, essa é uma união incrivelmente desigual, cujo fim último é servir aos judeus interessados em solapar a estrutura do poder branco nos Estados Unidos. A NAACP [National Association for the Advancement of Colored People], por exemplo, apesar de declaradamente constituir organização antissegregacionista, esteve fundamentalmente dividida  entre os judeus, que a dirigiam, e os seus badamecos pretos. Como Hasia Diner registra no seu In the Almost Promised Land: American Jews and Blacks, 1915–1935, muitos na direção judaica da NAACP “trabalhavam mais intensamente com outros judeus.”[7]

O enquadramento dos judeus como “os piores fanáticos” corresponde a esse caráter oportunístico e tutelar de sua relação com os negros e também à tradição da propriedade escravista entre populações judias, como ainda às referências talmúdicas extremamente negativas aos africanos. Por exemplo, em The Image of the Black in Jewish Culture, Abraham Melamed explica que os romanos tinham uma “teoria climática” da raça, na qual “atribuíam a inferior condição psicossocial dos negros ao sul e dos brancos ao norte à geografia e ao clima inóspitos de suas regiões”, mas também acreditavam na “possibilidade de mudança e melhoramento”. Em contrapartida, o magistério rabínico era muito mais determinista, doutrinando que os negros estariam “eternamente sujeitos à escravidão”.[8]

As outras “contradições” apontadas por Rubin e Zizek são igualmente frágeis. Por exemplo, a história mostra que a propaganda antijudaica representando o judeu como estúpido é extremamente rara. Ao invés disso, é generalizada a noção da extrema competência do judeu na luta pela vida, é notória a propensão dele para alcançar posições dominantes na economia, na cultura, na política. Existe, por outro lado, a subnoção de que a “genialidade do judeu” é exagerada e resultaria, na verdade, de suas redes étnicas de ajuda mútua, mas há pouca dúvida de que as tentativas de confrontar a influência judaica decorreram da necessidade de lidar com a ameaça real da inteligência judia e a consequente capacidade estratégica e organizativa do judeu. O judeu não tem nada de burro em nenhum lugar. Tampouco foi ele considerado extraordinariamente “artístico” em qualquer momento da literatura antissemítica. Na realidade, outra noção consensual do pensamento contra o judeu é que lhe falte genuíno talento artístico, e no passado isso foi ligado ao fato de lhes ter sido proibida a arte da escultura. A obra de Wagner Das Judenthum in der Musik pode ser vista como clássica a esse respeito.

Contrariamente ao que diz Zizek, os judeus nunca foram realmente retratados como pobres ou pertencentes à “classe inferior” da sociedade, tirante o breve período no começo do século XX, quando as primeiras massas de imigrantes judeus chegaram à Europa Ocidental e aos Estados Unidos, egressas do antigo Império Russo. Mas essa circunstância foi muito específica em termos de tempo e espaço, e mesmo então os contemporâneos observavam com frequência quão notável era a ascensão econômica dos imigrantes judeus. Outrossim, Zizek estabelece a oposição entre ser intelectual e ser um predador sexual, o que aparentemente desafia qualquer consistência lógica. Estaria Zizek sugerindo que intelectuais sentem menos desejo sexual? Nesse caso, então, como ele explica as vidas de alguns de seus heróis intelectuais, como Sartre e Lacan, que foram grandes predadores sexuais? Sartre vivia sob a obsessão da defecação e dos excrementos, como Freud, aliás, e Lacan deleitava-se de peidar e arrotar em público. Uma pergunta ainda mais importante: será que Zizek vê alguma contradição ou falta de lógica no fato comprovado da super-representação dos judeus tanto na academia quanto na indústria pornográfica? Outra: poderia Zizek apontar qualquer pensador antissemita que tenha atribuído ao judeu a dupla condição de “preguiçoso e labormaníaco”? Nesta altura cabe tomar de empréstimo as palavras da brilhante autodescrição do escritor Cormac McCarthy, ao dizer que o judeu “trabalha muito para não fazer nada”, ou seja, que os judeus se concentraram em negócios de não trabalho, especialmente aqueles relacionados com a circulação de dinheiro, nos quais eles se destacam como grandes inovadores, e outros setores econômicos que só podem ser chamados de parasitários.

Essas posições antijudaicas são todas muito consistentes. Entretanto, os acadêmicos judeus e seus aliados marxistas fogem conscientemente dessa realidade ou dela se protegem na inconsciência da autoilusão, persistindo na tese de que o antijudaísmo é, de alguma forma, inerentemente contraditório. Para Zizek, como para Rubin e inúmeros judeus, as “contradições” são reais e resultam da psique fraturada e dos desejos frustrados do “antissemita”. Rubin já opinou que “Os conflitos interiores têm grande poder e são vistos à luz do ódio de si mesmo ou à luz da simples idealização, do que resulta geralmente a polarização. Esta polarização faz com que seja necessário projetar características para englobar os extremos conflitantes.” Na realidade, esses pseudoacadêmicos estão carregando contra moinhos de vento — o alvo que eles imaginam atingir não existe.

III. O judeu como fetiche do fascismo antissemita

Num lance especialmente irônico, os marxistas também apresentam suas próprias contradições do antissemitismo e dos supostos aspectos psicossociais do antissemita. Além de dizerem que o antissemitismo é proposição ideológica contraditória, irracional e patológica, os marxistas também argumentam que há nele certa lógica, embora equivocada ou mal orientada. Este segundo argumento vem da teoria marxista de que o antissemitismo é manipulação pela qual a classe dominante oferece “o judeu” como distração ou “fetiche” para os trabalhadores explorados de modo que a exploração capitalista possa continuar. Zizek é um forte defensor dessa teoria.

Em sua conferência de 2009 na European Graduate School, intitulada O antissemitismo, o antissemita e o judeu, Zizek sugeriu que o antissemitismo começou quando

Predicados atribuídos aos judeus disseminaram-se por toda a sociedade. O comércio tornava-se hegemônico […]. Tudo isso não começou na Roma antiga, mas sim na Europa dos séculos XI e XII, que transitava do marasmo da chamada Idade das Trevas para a fase do rápido crescimento das trocas mercantis e da importância do dinheiro. Nesse preciso momento, o judeu emergiu como o inimigo, o intruso parasitário que perturbava o edifício da harmonia social.

Situar as origens do antissemitismo na cristandade medieval e não na Antiguidade é uma marca notória da apologética judia, uma tática para culpar os cristãos em ascensão pelo antissemitismo. A tendência alcançou seu apogeu no trabalho do historiador não judeu Gavin Langmuir (1924–2005), agora lembrado e celebrado pelos judeus e “psicanaliticoides” como uma “autoridade mundial em antissemitismo.” A explicação de Langmuir para o antissemitismo influenciou várias tendências que transformaram os estudos históricos das atitudes antijudaístas durante os anos sessentas e setentas. Estas décadas assistiram a certo abandono dos estudos focados nos indivíduos “preconceituosos” — trabalhos que predominaram nos anos quarentas e cinquentas, a exemplo da obra paradigmática A personalidade autoritária — e assistiram, paralelamente, à emergência de estudos nos quais culturas e épocas inteiras eram consideradas “doentes”. Nos estudos daquelas duas primeiras décadas já estavam fortemente implicadas condenações da cultura ocidental, com certeza, mas foi com trabalhos como Has Anti-Semitism Roots in Christianity? (1961), de Jules Isaac, e Anti-Semitism and the Christian Mind (1969), de Alan Davies, que as sentenças condenatórias ficaram mais explícitas. Langmuir aproveitou-se disso para pranchar a crista dessa onda.

Conforme esse novo paradigma das explicações psicológicas do “preconceito”, passou-se a considerar que grupos, sociedades e culturas, em sua totalidade (mas apenas grupos, sociedades e culturas do Ocidente, é claro), podiam sofrer processos psicológicos coletivos como a projeção e o narcisismo. A psicanálise teve decisiva influência no desenvolvimento dessa pseudo-historiografia. Na verdade, muitos desses trabalhos não foram escritos por historiadores ou cientistas sociais, mas sim por psicanalistas como Avner Falk. O trabalho de Langmuir seguiu o exemplo do que os judeus publicavam, negando que na Idade Média as populações judaicas tenham sido responsáveis pelas reações negativas da parte dos cristãos, como também imputando às sociedades cristãs do Ocidente  a profunda disfunção psicológica com sintomas de fantasia, repressão e sadismo.

Apesar de pouco saber de como evoluiu toda a legislação medieval, Langmuir houve por bem entregar-se rapidamente a pronunciamentos grandiloquentes sobre a natureza e as origens do sentimento antijudaico na Europa ao longo dos séculos.  Seus trabalhos, faltos de maiores leituras, o que miserandas evidências revelavam frequentemente, retratavam o antissemitismo como “basicamente um fenômeno ocidental”.[9] Arrogante, ele reclamava para si a glória de haver conseguido “definir o cristianismo e categorizar suas manifestações, inclusive o catolicismo, de forma objetiva”.[10] Descarado, ele confessou em seus livros que “não iria discutir as atitudes dos pagãos para com os judeus na Antiguidade”.[11] Censurador, ele dizia que as tentativas de formular explicações das relações intergrupais de judeus com não judeus em termos de racionalidade, interesse e conflito eram “esforços equivocados e pseudocientíficos de teoristas raciais”, e até mesmo que o tratamento do antissemitismo que levasse em conta as explicações dadas pelo senso comum seria “desastroso”.[12] Em vez disso, o antissemitismo consistiria, “tanto por sua origem quanto por suas recentes e mais horríveis manifestações … na hostilidade irracional do pensamento sobre os judeus”.[13] Langmuir parece ter situado sua discussão sobre as origens do antissemitismo no período medievo sobretudo pelo que ele mesmo disse: “Meus conhecimentos da história do Ocidente são respeitáveis, mas apenas a partir da queda do Império Romano, e eu me sinto mais à vontade ao tratar da Idade Média.”[14] Apesar do pretenso recorte temporal, as recentes teorias de Langmuir são generalizantes, e seu trabalho, tal quais os de uma série de teóricos judeus da psicologia social, como Norman Cohn e Joshua Trachtenberg, sofre ataque de considerável intensidade de Hannah Johnson, medievalista inglesa formada em Princeton, especialmente por seu Blood libel: the ritual murder accusation at the limit of jewish history (2012).

A única coisa que Zizek fez com a sua própria teoria é o quase plágio das teorias psicossociais já existentes, como aquelas de Langmuir, simplesmente substituindo o cristianismo pelo capital e deixando intacto tudo o mais no modelo interpretativo. A teoria de Zizek parte da mesma base, tem o mesmo viés da medicalização (patologização), as mesmas simplificações extremas e a mesma atenuação ou negação do antagonismo no comportamento judeu.

Quem quiser acreditar que alguma coisa nova teve lugar nas relações entre judeus e europeus no século XI deverá atribuí-la ao aumento e à expansão radicais da população judaica nesse período, não ao aumento do capital.[15] Em outras palavras, “os judeus emergiram como inimigos” na Europa Ocidental simplesmente porque “os judeus emergiram” na Europa Ocidental, e a animosidade terá sido produto do comportamento associado ao judeu emergente.

O aspecto problemático da datação que Zizek estabelece, entretanto, reside em que o antissemitismo na Europa Ocidental, se é que tenha algo de singular, originou-se no século X, com a formação de relacionamentos entre os judeus e a elite, sob os carolíngios, e com a estratégia antijudaica de Agobard, o arcebispo espanhol de Lião. O interessante é que Zizek não especifica nenhum evento ou personalidade que possa ter começado “tudo isso”. Tampouco ele explica se tais eventos como, por exemplo, rebeliões antijudaicas, seguiram-se a supostas crises capitalistas e suas consequências: carência, fome, guerra. A esse respeito, deve ser notado que o período carolíngio não tem sido descrito pelos historiadores como de expansão capitalista, mas sim de “completo retrocesso econômico e social”.[16] Então, o antissemitismo acompanha a progressão ou a regressão econômica? O antissemitismo dimana da prosperidade e da competição pelo excedente econômico ou advém do declínio econômico e da fome? Se o antissemitismo for expressão das frustrações dos trabalhadores explorados sob o capitalismo, então por que ele reponta em momentos tão diferentes como a libertação dos servos e a decadente República de Weimar dos clangorosos anos vintes? Zizek não tem nenhuma resposta a dar porque ele não se coloca essas questões.

Na sua palestra da European Graduate School, Zizek observou que “O grande mistério do antissemitismo está na explicação da sua persistência. Por que ele persiste apesar de todas as mudanças históricas?”. Zizek omite a informação de que o antissemitismo também persistiu em todos os contextos econômicos, incluindo o comunismo, o que torna qualquer interpretação marxista do fenômeno completamente descabida. Não obstante, Zizek apresenta a seguinte elucubração:

[O antissemitismo] implica a falsa identificação do antagonismo de um inimigo. Como todos sabemos, a luta de classes ou qualquer outra luta social é deslocada para que se lhe substitua a animosidade contra os judeus, de sorte que a raiva do povo que geme sob a exploração seja desviada das relações capitalistas para o conspiracionismo judeu. […] quando o antissemita diz que “Os judeus são a causa da nossa miséria”, ele realmente refere que o Grande Capital é a causa da nossa miséria. Os trabalhadores têm o direito de se rebelarem contra a exploração, mas eles dirigem sua raiva contra o alvo errado. […] o judeu é o fetiche do fascista antissemita. […] o antissemitismo é só uma manipulação por parte da classe dominante, que assim fica livre para explorar [os trabalhadores].

Essa tese é profundamente problemática, devido principalmente aos pressupostos do argumento. Entre as mais salientes dessas suposições está a de que a grande maioria dos antissemitas (aqueles que reclamam do comportamento ou da influência dos judeus) seja cegamente acrítica relativamente ao grande capital e a de que o grande capital e o estabilismo da classe dominante não sejam significativamente judaicos. Sem a aceitação dessas hipóteses não poderiam apresentar o antissemitismo como grosseira e contraprodutiva manipulação. A par dessas questionáveis conjecturas, deve-se também considerar que Zizek escamoteia a questão das relações especiais que os judeus, indubitavelmente, sempre entretiveram com o capitalismo, particularmente com o capitalismo parasitário, não orgânico (por exemplo, a agiotagem extorsiva enquanto contrária ao princípio básico da propriedade privada). Esses problemas serão considerados individualmente a seguir.

IV. As críticas antissemíticas do capitalismo

A assertiva de que os antissemitas seriam cegamente acríticos em relação ao grande capital ou, por isso mesmo, em relação aos excessos de qualquer sistema financeiro vai bem contra o registro histórico. Antes de Marx e Engels, havia instâncias de verdade, autênticas, de forte sentido étnico ou nacional inspiradas no “socialismo”, nas quais as reclamações contra a atividade judaica eram comuns. Um excelente exemplo é William Cobbett (1763–1835), trabalhador rural, jardineiro, comerciário, soldado, jornalista e político inglês. Cobbett opôs-se às leis dos cereais Corn Laws, uma legislação imposta entre 1815 e 1846 contra a importação de grãos mais baratos, a qual manteve artificialmente elevado o preço dos alimentos no mercado interno. Cobbett culpou a aristocracia britânica, cada vez mais presumida e tacanha, e sua mentalidade mercantilista — formada na rolagem de dívida — pela queda na qualidade de vida da classe operária inglesa e pela Grande Fome na Irlanda. O seu jornal Political Register é frequentemente considerado o pioneiro do jornalismo popular radical e foi o jornal mais lido pelos trabalhadores. Sua ferrenha oposição à aristocracia britânica levou o governo a considerar sua prisão por sedição em 1817 — quando rumores nesse sentido forçaram Cobbett a se refugiar nos Estados Unidos, onde ficou até que a poeira baixasse dois anos depois. Quando ele voltou, bateu-se pela Reform Act, de 1832, que ampliou direitos eleitorais e abriu caminho para a expansão da democracia nas Ilhas Britânicas.

Cobbett foi também um oponente resoluto dos judeus. Ele foi um dos grandes campeões da emancipação política católica e, ao mesmo tempo, inimigo feroz e incansável da emancipação política judaica. Ele acusava o afastamento do judeu em relação às massas, rejeitando a ideia de que os judeus deveriam ter voz no governo, a menos que se lhe apontassem “um judeu que alguma vez na vida tivesse segurado o cabo de uma picareta, que tivesse feito seu próprio casaco ou seu sapato, que tivesse feito alguma coisa, enfim, que não fosse arrancar todo o dinheiro que podia do bolso do povo”.[17] “Os judeus”, dizia Cobbett, “não merecem nenhuma imunidade, nenhum privilégio, nenhuma propriedade de casa, terra ou água, nenhum direito civil ou político. (…) Eles devem ser considerados alienígenas em todo lugar, devem estar sempre ao dispor absoluto do poder soberano do Estado, tão completamente como se fossem substância inanimada”. Ele enaltecia, frequentemente, a expulsão dos judeus da Inglaterra sob Eduardo I. O ativista acadêmico judeu Anthony Julius cita Cobbett como tendo dito que “Os judeus estragaram a França e destruíram a Polônia” e que os judeus “Vivem chafurdando na lama podre da usura (…), são extorsionários por força do hábito e de um quase instinto”. Julius lamenta que “O antissemitismo de Cobbett tenha exercido certa influência difusa sobre os radicais no começo do século XIX, pelo menos quanto ao vocabulário. (…) Cobbett gozou de imensa popularidade no seu tempo e deixou sólida reputação póstuma”. Em 1830, Cobbett publicou Good Friday: or the Murder of Jesus Christ by the Jews [Sexta-feira Santa: ou o assassinato de Jesus Cristo pelos judeus], e aí escreveu o seguinte:

[Os judeus estão] do lado da extorsão em todo lugar, colaborando com a tirania na exploração fiscal; e, em todo lugar, são ferozes inimigos dos direitos e das liberdades populares. (…) A pletora da dívida e da miséria é o elemento em que prosperam, como aves de rapina e bestas carniceiras, os judeus engordam em tempos de pestilência. (…)Essa raça figura sempre como ferramenta nas mãos de tiranos para espoliar o povo; eles são os fazendeiros dos impostos cruéis; eles dão apoio ao despotismo, que de outra forma não se manteria.

Em Paper Against Gold [O papel contra o ouro] (1812), Cobbett expôs sua visão de que os conceitos de papel-moeda e dívida nacional eram essencialmente uma “fraude” dos judeus com a “conivência” de uma aristocracia gananciosa e incapaz. A princípio lealista, Cobbett depois passou a considerar que, embora o conceito de aristocracia não fosse de todo ruim ou ilegítimo, a aristocracia britânica houvera traído e parasitado o povo de que devia ser dirigente. O fato de a aristocracia haver aderido ao pensamento judeu, por laços de sangue e interesses financeiros, havia sido sugerido mais fortemente no Political Register, de 6 de dezembro de 1817:

Agora que eles cometem a insolência de se referirem a nós como “as ordens baixas”, devemos estar preparados, dispor de conhecimentos aplicáveis, deixemos que esses diabos pernósticos se casem uns com os outros, até que, como os judeus, eles tenham todos uma e mesma face, um e mesmo par de olhos, um e mesmo nariz. Se puderem impedir que seja melhorado o próprio sangue com a contribuição de seus mordomos, e que assim sejam fortalecidos os membros de sua fragilizada raça, deixemos que façam isso; e vamos nos preparar para quando chegar o dia da derrubada deles. Eles nos desafiaram para o combate. Eles declararam guerra contra nós.

As visões de Cobbett marcam-se pela oposição feroz ao capital financeiro e à classe dominante, como também aquelas de “infames antissemitas” tais como   Wilhelm Marr, Adolf Stoecker, Georg Ritter von Schonerer, Pierre-Joseph Proudhon e Alphonse Toussenel, que combinaram uma crítica radical do grande capital com a contestação do papel específico dos judeus nas finanças, na cultura, na política e na sociedade. De fato, muitas dessas figuras locucionaram as razões pelas quais uma crítica separada e distinta do “Semitismo” fazia-se necessária. A principal característica do socialismo do século XIX consistiu no seu forte antissemitismo, o qual rejeitou alegações judeo-marxistas que se diziam parte “do povo”, e muitos socialistas antijudeus retrataram tais alegações como estratégias oportunistas e ocultas dos judeus para reassegurar seu poder sob a nova forma de governo. Uma das mais memoráveis manifestações daquele tempo a esse respeito foi a observação do socialista francês Pierre-Joseph Proudhon de que Karl Marx nada tinha de legítimo, sendo antes “a tênia do socialismo”. Proudhon (1809–1865), por muitos considerado o pai do anarquismo, via os “aliados” judeus aparentemente socialistas, a exemplo de Heinrich Heine, “apenas como espiões disfarçados” cuja agenda secreta deveria garantir a continuação dos antigos privilégios e validismos judeus sob a camuflagem de suposta justiça social. À luz da trajetória histórica da crítica antijudaica e da biografia dos seus maiores proponentes, a afirmação de Zizek de que o antissemitismo seria só “fetiche” para desviar o olhar crítico focado no capitalismo não tem nenhuma sustentação.

V. Os judeus, o grande capital e a classe dominante

Outrossim, a sugestão de que o grande capital e o estabilismo da classe dominante não são e não têm sido significativamente judeus ao longo da história      não tem sustentação. Zizek simplifica e faz caricatura da Idade Média como tempo em que “O judeu emergiu como o inimigo, um intruso parasitário que perturba o harmonioso edifício social”. Obviamente, Zizek emprega a expressão “harmonioso edifício social” com cepticismo e desdém, vendo a ordem existente antes da chegada dos judeus como minada por exploração, tensões e contradições.  Segundo o enquadramento teórico de Zizek, os judeus podem ser a força capitalista caótica que penetrou a Europa, mas esta já era uma Europa sob a ação de forças capitalistas caóticas, e por isso seria irracional culpar os judeus por qualquer coisa que tenha acompanhado sua emergência e expansão na Europa. Nesta altura, o que deve ficar claro é a distinção entre isso que pode ser chamado de o desenvolvimento orgânico das finanças na Europa[18] e os exorbitantes e, com frequência, extremamente negativos desenvolvimentos suscitados pela chegada dos judeus e as subsequentes relações especiais que estabeleceram com as elites europeias e com o capitalismo em si mesmo.

O desenvolvimento orgânico das finanças e das divisões de classe na Europa está demonstrado na evolução do feudalismo como resultado da adoção da cavalaria pesada pelos francos no século VIII, enquanto outros aspectos não militares do feudalismo continental surgiram como repercussões sociais inevitáveis dessa mudança na organização militar.[19] Como os cavaleiros precisassem de dinheiro, cavalos e seus tratadores, pajens, escudeiros e demais servidores, como ainda de liberdade em relação a todas as outras ocupações não militares, lavrar a terra, por exemplo, a cavalaria tornou-se emprego da classe superior. A crescente sofisticação tecnológica da guerra montada encareceu-a cada vez mais, estabelecendo aguda distinção entre os cavaleiros e os campícolas comuns. Daí que os camponeses livres tenham ficado menos valiosos como soldados, decaindo para a simples servidão. Foi então, em certo sentido, inevitável que a nova classe dos cavaleiros se convertesse na aristocracia agrária e seus membros assumissem funções jurisdicionais de nível mais baixo sobre os servos da gleba. Em tal contexto, de certa forma, realmente existia “harmonioso edifício social”, na medida em que vigia lógica clara, a qual deu competitividade às comunidades e a seus territórios numa situação de rápidas mudanças militares e geopolíticas. A classe dominante obrigava-se ao paternalismo ante os servos, sendo rara a exploração desmedida, porquanto perigosa e contraprodutiva, já que poderia provocar levantamento massivo, com quebra da coesão social e perda de seu valor militar. Logo, o edifício social era mesmo “harmonioso”, por sua coordenação e equilíbrio e, de forma geral, foi benéfico para a comunidade nacional orgânica.

A chegada dos judeus à Europa, sem dúvida, desequilibrou essas relações de classe e aquelas entre a classe dominante e as ordens baixas. Encontramos evidência desse desequilíbrio na Europa medieval nos documentos e objetos remanescentes, como ainda nas situações modernas análogas, tais como a Grande Revolta Camponesa da Romênia de 1907, na qual a ingerência judia na ordem quase feudal da sociedade existente levou a exploração a tal extremo que provocou generalizada revolta ante o colapso societal que se produziu. A chegada dos judeus à Europa Ocidental como poder financial e geopolítico remonta à ascensão deles sob os carolíngios no século IX ou, possivelmente, a tempo ainda anterior, em Narbona, onde os judeus destacavam-se como classe detentora de extraordinária riqueza. Em tal circunstância, foram engendradas as relações formais e simbióticas dos judeus com as elites europeias autistas que abriram gravíssima fissura nas relações de classe europeias. Os financistas judeus adentraram o harmonioso edifício social na condição de forâneos protegidos e privilegiados cujo único propósito era o de distorcer e acelerar a transferência de recursos entre as classes europeias, quando então a divisão interna das classes perdeu o sentido da eficiência comunal para corresponder a interesses de ganhos particulares. Nesse sistema, o paternalismo deu lugar a situações como a autorização do comércio judeu de escravos cristãos (a principal razão das sublevações de Agobard de Lião) ou a disseminada, extorsiva tributação do campo.

Um dos maiores mitos modernos, uma mistificação produzida pelo gênio revisionista judeu, é aquela história de que os judeus teriam sido forçados a tais práticas em razão de leis restritivas da propriedade agrária e certos outros contextos locais. Isso aí é o pior do relativismo historicista, mas felizmente toda essa deturpação e falsidade explícitas vêm sendo erodidas lentamente pelos estudos acadêmicos atuais. Considere-se, por exemplo, a mais recente edição do The Oxford Handbook of the Economics of Religion, que refere o “notável” fato de que os judeus

foram autorizados a adquirir terras, seja em Narbona (899), seja em Gerunda (922), seja em Tréveris (919), seja na Vormácia (1090), seja em Barcelona (1053), seja em Toledo (1222), seja na Inglaterra da Alta Idade Média, se o quisessem. Os judeus não só tinham permissão para ter terras, eles tinham terras de grande extensão (especialmente na Itália, no Sul da Espanha, no Sul e no Leste da França e na Alemanha); possuíam campos, jardins e vinhedos; tinham, transferiam e hipotecavam propriedades agrícolas. Mas preferiam contratar arrendatários, meeiros e assalariados agrícolas para trabalhar nas suas terras. Para si mesmos, eles escolheram misteres mais qualificados e rentáveis, sobretudo a agiotagem. [20]

Basicamente, então, vemos o rápido e deliberado ingresso dos judeus na sociedade europeia a título de cavaleiro, ou graduação ainda mais alta, mas sem  nada da lógica ou dos benefícios da posição de cavaleiro para o edifício social orgânico. Nessa nova ordem social, a presença do judeu não se explicava senão pelo interesse no enriquecimento pessoal de certas elites e no enriquecimento comunal dos próprios judeus. Isso pode ser considerado como a primeira perversão do capitalismo e a primeira verdadeira exploração (desmedido ou injusto emprego de trabalhadores por nenhuma razão senão a tacanhice) da classe mesteiral dentro desse sistema.

Mais uma vez, opondo-nos ao relativismo historicista, podemos demonstrar o padrão corrompedor que apresenta o comportamento judeu no capitalismo pela observação de condições análogas na modernidade. Por exemplo, o sistema da  arenda, do final do século XIX e começo do século XX na Europa Oriental (especialmente na Polônia, Ucrânia e Romênia), era bastante semelhante ao sistema feudal na Europa Ocidental mediévica.

O sistema da arenda podia ser considerado amplamente harmonioso até a chegada massiva dos judeus arendasi [arrendadores] durante os séculos XVI e XVII, quando esses judeus foram se impondo como cobradores de impostos, agentes imobiliários, despachantes alfandegários e agiotas. O monopólio judaico nessas atividades levou à rápida mercantilização da terra e à expansão do grande capital, processos pelos quais os judeus esperavam beneficiar exclusivamente a própria comunidade. Como a existência das comunidades judias em sua totalidade dependesse do capitalismo parasitário, os judeus disputavam com unhas e dentes o monopólio de setores mais importantes. Por example, o Va’ad Medinat Lita (Conselho Judaico da Lituânia) por duas vezes aprovou resolução defendendo a permanência da concessão dos serviços de alfândega e arrecadação para os judeus, afirmando que “Nós já percebemos claramente o grande perigo que surge quando a administração da alfândega e a cobrança de taxas ficam nas mãos dos gentios; porque a alfândega em mãos judias é o pivô em torno do qual tudo (no comércio) gira, por isso os judeus devem estar no controle”.

O mais notável nisso aí é que a alta posição dos judeus na hierarquia social não se fez acompanhar de nenhum tipo de paternalismo. Em verdade, ao longo da história, os judeus notabilizaram-se por comportamentos de hostilidade e parasitismo quase inacreditáveis para com os europeus não pertencentes à elite.  Philip Eidelberg, historiador da Grande Revolta Camponesa da Romênia de 1907, descreve como os judeus arendasi “exploravam as propriedades muito mais ferinamente do que os arendasi nativos da Romênia”. Ele explica ainda que os judeus não estavam interessados no desenvolvimento das propriedades ou na satisfação dos trabalhadores em longo prazo, antes buscavam, com frequência, encarecer ao máximo as locações, a ponto de quase inviabilizar as quintas, “mesmo sob o risco de eventualmente esgotar a terra e estragar os equipamentos”.[21] Na Romênia, os judeus desfrutavam dos monopólios, e Eidelberg demonstrou que os banqueiros judeus recusavam-se a emprestar dinheiro para qualquer goim (não judeu) interessado em se estabelecer como prestamista no mercado financial.[22] Destarte, os judeus reservavam a ganhuça apenas para si mesmos, sempre estreitando o garrote vil no campesinato europeu. Eidelberg escreve que “O resultado da extorsão financeira judaica foi que o camponês era sempre o perdedor. Na verdade, essa competição restrita entre duas das maiores famílias de judeus arendasi — os Fischers e os Justers — acabaria por favorecer que a revolta rebentasse em 1907”.[23]

Os judeus, é claro, continuam a desempenhar papéis destacados no que há de pior e mais parasitário no capitalismo. Os judeus também seguem adquirindo terra com intenção parasitária, exemplo mais interessante disso sendo as atividades argentinas do oligarca judeu-britânico Joe Lewis, sonegador fiscal e especulador financeiro que abiscoitou bilhões com George Soros quando ambos jogaram com a baixa da libra esterlina em 1992. Como explica um analista, “A aposta de Soros e Lewis contra a libra foi o que realmente levou essa moeda ao desastre, depois de Soros haver ordenado aos jogadores de seu fundo para “sangrar a jugular”, agressivamente operando contra a libra, e disso decorreu a forte desvalorização da moeda. Apesar de Soros ter ficado conhecido como “o homem que quebrou o Banco da Inglaterra”, em razão da ganhança bilionária naquela fatídica manobra, Lewis ganhou ainda mais dinheiro do que Soros”. Enquanto esses judeus acumulavam bilhões, os britânicos amargavam a recessão econômica que rapidamente se instaurou. Lewis nem estava aí para isso. Ele repetiu a operação no México, causando a crise mexicana do peso, que “disparou a pobreza, o desemprego e a desigualdade no México, deixando seu governo refém do Fundo Monetário Internacional (FMI), pelo empréstimo conseguido sob os auspícios do então presidente Bill Clinton.”

Nababescamente enriquecidos no jogo parasitário da especulação financeira, oligarcas judeus como Soros e Lewis, ao lado de seus patrícios e grandes capitalistas Eduardo Elsztain e Marcelo Mindlin, começaram a comprar grandes fazendas na Argentina, principalmente na Patagônia, onde assumiram os bancos locais, as águas, o óleo, o gás e a maior empresa de energia elétrica da região. Depois de comprar dezenas de milhares de hectares, Lewis manifestou o desejo de fundar “o seu próprio Estado na Patagônia”. Alguns moradores locais quiseram vender suas terras. Mas um dos moradores, Irineo Montero, não quis. Ele, sua mulher María Ortiz e o empregado José Matamala foram encontrados mortos sob circunstâncias misteriosas. Lewis então conseguiu completar a consolidação das terras, pavimentando o caminho para a formação de um enclave sionista, o qual explora a população da região de forma tal que massivos protestos (“Marcha pela Soberania”) são organizados contra essa nova classe dominante judaica, dos quais participa 80% da população local. Segundo o jornalista francês Thierry Meyssan, ex-agente da inteligência francesa, Lewis é muito mais obsequioso para com os seus pares judeus e tem convidado milhares de soldados de Israel ao seu território a cada ano. No final de 2017, o ex-agente Thierry Meyssan declarou: “Desde a Guerra das Malvinas, o exército de Israel vem organizando ‘colônias de férias’ na Patagônia para os seus soldados. De 8 mil a 10 mil militares judeus gozam duas semanas de férias todo ano nas terras de Joe Lewis”.

O que se mostra patente aqui é um exemplo muito moderno do milenar padrão comportamental judeu de promover operações de larga escala para extrair as riquezas de uma nação e explorar o seu povo. Devemos fazer a Slavoj Zizek a seguinte pergunta, com toda a franqueza: o grande capital e todo o estabilismo da classe dominante não foram e não continuam sendo judaicos em grande parte?

VI. Kevin MacDonald segundo Zizek

Uma possível explicação para a ignorância de Zizek sobre o antissemitismo, tirante a cegueira de seu fanatismo ideológico, é a extrema falta de leituras sérias sobre o assunto, valendo a mesma explicação para o finado Jean-Paul Sartre e intelectuais marxistas de forma geral. Em relação a essa questão, é interessante dar uma olhada no tratamento que Zizek dispensa ao trabalho de Kevin MacDonald. Em 2014, Zizek publicou um texto em que faz menções a Kevin MacDonald, considerando-o “proponente de novo barbarismo” e, antes disso, indelicadamente, comentando Cultura da crítica, disse que “o mais importante é saber que esse novo barbarismo consiste num fenômeno estritamente pós-moderno, trata-se do avesso do que seria uma atitude altamente reflexiva e autoirônica — ainda que, lendo autores como MacDonald, o leitor fique sem saber se o que lê é sátira ou alguma ‘séria’ argumentação”. Em outras palavras, Zizek não tem nenhum argumento substantivo. Entretanto, como depois reportaram revistas tais quais Newsweek, Inside HigherEd e outras organizações da mídia de referência, tinha ficado claro que Zizek não só não lera Kevin MacDonald como também tinha simplesmente plagiado o sumário de Cultura da crítica de uma resenha publicada na American Renaissance. O plágio de Zizek foi primeiramente suspeitado quando Steve Sailer, num texto para The Unz Review, referiu que Zizek “alcançou alto grau de clareza na exposição de MacDonald que nunca antes vi em tudo o que li dele”. Coube ao editor de uma ciberteca quase desconhecida descobrir que o “alto grau de clareza” era resultado de uma cópia que Zizek fizera, quase ípsis-lítteris, da resenha de um livro de MacDonald por parte de Stanley Hornbeck, a qual saiu na edição de março de 1999 da The American Renaissance. Apanhado em flagrante, Zizek saiu-se com uma esfarrapada desculpa, até reconhecer que não tinha lido o trabalho de MacDonald, e que a ideia de incluir MacDonald em seu trabalho surgiu quando “um amigo me falou das teorias de Kevin MacDonald, então pedi a ele para me mandar um resumo delas”. E assim, com base em alguns comentários de um compadre e numa rápida síntese, foi que Slavoj Zizek, tido como superastro acadêmico, houve por bem condenar Kevin MacDonald, um professor titular e autor de livros muito bem referenciados sobre os judeus e a história judaica, como “proponente de um novo barbarismo”. Zizek tem razão: existe uma sátira nisso aí, mas o satirista não é Kevin MacDonald.

VII. Conclusão: o antissemitismo é uma “ideologia”?

Marx and Engels, no seu famoso conceito de ideologia, que Slavoj Zizek deve conhecer muito bem, explicam que a ideologia tem origem na superestrutura da sociedade (ou seja, nas ideias predominantes difundidas pela classe dominante).  Já deveria estar claro, a esta altura, que o antissemitismo dificilmente pode hoje ser considerado parte da infraestrutura, porquanto nenhum intelectual da classe dominante defende ideias antissemíticas de qualquer tipo. Nessa categoria incluem-se Slavoj Zizek e Jordan Peterson, figuras situadas em lados diametralmente opostos quanto à ideologia, à política e à visão econômica, mas ambos têm em comum posições quase idênticas em relação aos judeus e ao antissemitismo. Em verdade, o antissemitismo pode ser singularmente pensado como alguma coisa que permanece fora da superestrutura, preconizado por intelectuais orgânicos e ativistas que restam como os últimos vestígios de uma forma orgânica de sociedade submetida à perversão e à exploração ao longo de muitos séculos. Enquanto expressão pensamental e política da reação defensiva da sociedade orgânica, o antissemitismo assoma de seu longo passado ainda como a crítica mais radical, coerente e perigosa da ordem social estabelecida. O antissemitismo é a última, e única, ideia verdadeiramente revolucionária de nosso tempo.

Se nas ideias de Slavoj Zizek existir alguma coisa que preste, poderá talvez estar, ironicamente, na analogia do marido desconfiado. Voltando ao caso do corno manso leninista, recordo o pensamento de que “Aquilo não reclamado como só nosso, deixa de ser nosso”. A figura patética que se sentou à mesa diante de mim não perdeu sua mulher quando ela foi para a Noruega — ele a perdeu quando renunciou a seus interesses, deixando aberta a porta por onde, no final das contas, ela passaria. Nós devemos zelosamente proteger nossos interesses, nossas famílias e nossa terra. Contra competidores. Contra exploradores. Contra judeus. O que temos, nós mantemos.

Fonte: The Occidental Observer. Autor: Andrews Joyce. Título original:Slavoj Žižek’s “Pervert’s Guide” to anti-Semitism. Data de publicação: 20 de novembro de 2019. Versão brasilesa: Chauke Stephan Filho.

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[1] Aqui, particularmente, causa preocupação que Zizek defenda a tese de que “A verdade não é defesa”, um princípio vigente na legislação censora da livre expressão no Canadá e no Reino Unido.

[2] PENSLAR, D. (ed.). Contemporary anti-semitism: Canada and the World. Toronto: University of Toronto Press, 2005. p. 3.

[3] HERF, J. (ed.). Anti-semitism and anti-zionism in historical perspective: convergence and divergence. Routledge, 2007. p. 11.

[4] MACDONALD, Kevin. The culture of critique: an evolutionary analysis of jewish involvement in twentieth-century intellectual and political movements. 1St Books, 2002. p. 449 (nota 120).

[5] Ibidem.

[6] Ibidem.

[7] DINER, H. In the Almost Promised Land: American Jews and Blacks, 1915-1935. The John Hopkins University Press, 1995. p. 123.

[8] MELADMED, A. Image of the Black in Jewish Culture: A History of the Other. RoutledgeCurzon, 2001. p. 114.

[9] LANGMUIR, G. History, Religion and Antisemitism. Los Angeles: University of California Press, 1990. p. 15.

[10] Ibidem, p. 13.

[11] Ibidem, p. 275.

[12] Ibidem, p.19,67.

[13] Ibidem, 275.

[14] Ibidem, 15.

[15] Cf. JOHNSON, P. A History of the Jews. 1987. p. 205.

[16] HILTON, R. H.; HILL, C. The Transition from Feudalism to Capitalism.   Science & Society, Vol. 17, No. 4, p. 340-351. (Fall, 1953).

[17] JULIUS, A. Trials of the Diaspora. p. 401.

[18] Para uma excelente síntese sobre esse processo no feudalismo, cf. R. Allen BROWN, Origins of English Feudalism. Nova Iorque: Barnes and Noble Books, 1973.

[19] Ibidem.

[20] McCLEARY, M. (Ed.). The Oxford Handbook of the Economics of Religion. Oxford: Oxford University Press, 2011. p. 68.

[21] EIDELBERG, P. G. The Great Rumanian Peasant Revolt of 1907: Origins of a Modern Jacquerie. p. 39.

[22] Ibidem, p. 120.

[23] Ibidem, p. 39.

 

 

 

“A necessidade do antissemitismo”

 Um abismo sempre existiu entre europeus e semitas, desde quando Tácito reclamou do “odium generis humani”.
(Heinrich von TREITSCHKE)

Em 1989, o roteirista e jornalista judeu Frederic Raphael foi convidado a proferir palestra no Instituto Parkes de Pesquisa das Relações entre Judeus e Não Judeus, pertencente à Universidade de Southampton, por ocasião do 25º aniversário desse Instituto. Fundado pelo pastor Dr James Parkes (1896–1981), um neurótico ministro da Igreja Anglicana que dedicou sua vida a promover o filossemitismo no seio da Cristandade e narrativas autoinculpantes entre os cristãos (em 1935 ele era celebrado pelos judeus e sofreu tentativa de assassinato da parte dos nacional-socialistas), o tal Instituto logo se converteu num centro de propaganda judaica disfarçado de instituição acadêmica. Em vez de oferecer análises objetivas sobre as relações de judeus com não judeus, o dito Instituto fomentava as manjadas narrativas de que os judeus eram vítimas inocentes do catastrófico e completamente irracional ódio europeu. Raphael, sentindo-se honrado como orador na comemoração dos 25 anos do projeto, houve por bem apelar à provocação e ao sarcasmo nesse evento. Assim, ele escolheu a frase “A necessidade do antissemitismo” como título do seu discurso.  “Poderia ser o título de um livro”, disse Raphael, “e esse livro poderia estar na biblioteca do Instituto Parkes, a não ser pelo fato de que tal livro nunca foi escrito, não existe”, completou ele.

Na tortuosa exposição que se seguiu, Raphael falou dos supostos conteúdos desse livro imaginário, sugerindo seus potenciais argumentos e o que eles revelariam sobre seu autor e sobre a cultura europeia. Confirmando a opinião de todos os presentes, Raphael disse estar certo de que esse livro espectral e perturbador, embora não existisse, seria produto assombroso que não estaria fora de lugar num continente onde o antissemitismo era “premissa permanente e fundamental da tenebrosa e irregenerada lógica da Europa”.[1] Para Raphael e sua presunçosa audiência, A necessidade do antissemitismo serviria apenas de justificação para a cabeça doente do europeu. O antissemitismo seria então, de fato, extremamente ilógico e, num sentido moral, completamente desnecessário.

Desde que li o discurso de Raphael vários anos atrás, A necessidade do antissemitismo também me deixou assombrado num certo sentido. Não existe livro que corresponda a esse título, conforme dissemos. Entretanto, milhares de tratados, panfletos e livros com esse mesmo teor terão sido escritos sobre a Questão Judia por autores europeus ao longo de muitos séculos. Nessa literatura  de apologia antissemítica, A necessidade do antissemitismo estará presente nas várias modalidades de diferentes perspectivas religiosas, políticas e sociais.  Mas como seria o livro se de fato fosse escrito hoje? Como poderia um autor tratar dos vários aspectos da Questão Judia num único volume? No ensaio que se segue, em parte literário, em parte historiográfico, eu quero que nos juntemos a Raphael na suposição de que o livro fantasmal exista realmente, embora nós o vejamos de um ponto de vista contrário.

Eu imagino que nosso autor faça a introdução do seu volume explanando em termos gerais A necessidade do antissemitismo, apontando a presença dos judeus e de sua influência nas quatro culturas fundamentais que levaram ao declínio branco. Nomeadamente: a cultura da crítica, a cultura da tolerância, a cultura da esterilidade e a cultura da usura.

A cultura da crítica

O capítulo intitulado “A cultura da crítica” é uma piscadela dada a Kevin MacDonald e, também, uma ampliação do trabalho dele. Começando esse capítulo, nosso autor recordaria a famosa observação do historiador judeu Louis Namier (1888-1960), quando lhe perguntaram por que ele não se ocupava da história judaica: “Os judeus não têm uma história, eles têm um martirológio”. Este martirológio é o que jaz no coração da cultura da crítica. Enquanto quase toda nação tem uma história objetiva sob muitos aspectos, só os judeus possuem uma simples semi-história eivada de míticos e esotéricos autoenganos que dão permissão psicológica para os comportamentos sociais mais tribais e subversivos e para as atitudes mais hostis para com outros povos. A cultura da crítica, uma espécie de vingança cultural inspirada no martirológio judaico, é a mais clara expressão da corrosiva natureza das desastrosas relações de judeus com não judeus, as quais o reverendo James Parkes pranteia em desgraçado engano.

Na cabeça do judeu, a corrosiva natureza de sua interação com os povos europeus sempre foi pensada como algo de aspecto heroico. Uma farsa é representada para os próprios judeus, assim como para nós, de sorte que vejamos nessa interação um excepcional e virtuoso questionamento da parte de críticos infiltrados, como de outros do lado de fora, unicamente posicionados para cumprir a providencial finalidade de denunciar as mazelas da cultura ocidental. Os judeus acreditam possuir especiais talentos quanto a isso — talvez possuam mesmo, em certo sentido perverso — mas em todo caso, na grande dissimulação deles, eles estão nos dissolvendo “para o nosso próprio bem”. David Dresser and Lester Friedman, acadêmicos judeus da mídia, argumentam que os cineastas judeus possuem uma singular e indefectível objetividade, a qual atribuem ao seu judaísmo. Eles escrevem que “A marginalidade dos artistas judeus dá-lhes um ponto de vista privilegiado que outros pensadores criativos mais culturalmente integrados não têm”.[2] Isso bate muito bem com o que disse um escritor no Times of Israel, ao comentar as atividades de um político judeu chamado Alan Shatter, que destruiu as bases jurídicas da família na Irlanda, dando conta de que “o judaísmo de Shatter era uma vantagem, pois o libertava do fardo cultural que pesava sobre os seus homólogos católicos”. Exatamente como a Escola de Francforte, esses heróis culturais conhecem-nos melhor do que nós mesmos, o que torna possível que nos ajudem a perceber o quanto nós somos irracionais, malignos, preconceituosos e necessitados da redenção judaica. Nós estamos sempre sendo advertidos pelos nossos tutores judeus de que os ensinamentos que eles nos ministram servem ao próprio bem do Ocidente. Eles nos libertam de nossa “bagagem”.

Na realidade, o que eles querem com tudo isso é a nossa destruição. A Crítica, a que faltam objetivos coerentes para além da vontade de corromper, não termina nunca. Ela está sempre a procura de novas e puras feições da cultura ocidental para cobrir de lama. O “Discurso do rabino”, uma passagem do romance de Hermann Goedsche intitulado Biarritz, publicado em 1868, é uma obra de ficção, mas muitos fatos e instintos inspiraram seu autor. Numa noite, no cemitério dos judeus de Praga, o rabino de Goedsche dirige uma reunião secreta com os chefes das treze tribos de Israel. Ali ele fez a promessa seguinte: “Nós haveremos de extirpar todas as crenças, toda a fé em tudo o que os nossos inimigos cristãos  respeitaram e veneraram até hoje, nós usaremos o encanto das paixões como arma na guerra aberta que moveremos contra tudo o que até hoje mereceu respeito e veneração”.

O espírito da coisa é esse mesmo, mas nem tudo se passa conforme a sugestão de Goedsche. Não há reuniões clandestinas em cemitérios à meia-noite ou encontros dos sábios de Sião, o que existe, em vez disso, é um instinto coletivo que defende com ânimo cáustico interesses compartilhados. E, na realidade, a cultura da crítica não corresponde a declaração de guerra aberta, senão a trabalho de sapa acobertado pelo disfarce da amizade, da medicina, da libertação. [Franz] Boas minou a confiança na cultura ocidental, enquanto alegava que libertava os ocidentais dos erros e fardos do chovinismo. Freud perverteu tudo o que era sagrado em relação ao sexo e ao casamento, chamando o que fez de “terapia”. Marx chamou os trabalhadores do mundo a que se unissem e conseguiu mesmo uni-los — nas filas de comida, nos gulagues e nas fossas coletivas da Ucrânia, onde morriam à míngua. A guerra foi fragorosa e sanguinariamente travada, mas silenciosa e subversivamente declarada.

Na verdade a guerra não terminou ainda, mesmo que eles já tenham derrubado “tudo o que as pessoas respeitam e veneram”. As igrejas estão infiltradas, foram completamente derrotadas e são ridicularizadas e desprezadas. A história da Cristandade foi colocada no moedor de carne que é o aparato intelectual judaico e dessa máquina ela emerge hoje como uma novela sinistra de perseguição e escravismo. Concha esvaziada de sua pérola, a Igreja agora guarda apenas a tolerância ilimitada. Nem as maiores figuras históricas do Ocidente, mesmo quando avessas à religião, sobreviveram à cultura da crítica. E quando, no apanágio de sua perspicácia, os nossos tutores judeus se cansam de bostejar reputações, eles usam os procuradores de sua etnia e começam a derrubar estátuas, remover nomes e queimar retratos. Nenhum aspecto da cultura ocidental quiseram deixar de pé. Sua ciência, sua filosofia e seus sistemas morais foram vilipendiados, ridicularizados e furiosamente atacados; cada soneto, cada concerto ou avanço tecnológico terá servido — de forma meio obscura, mas decisiva — para a instalação de campos de concentração da Segunda Guerra na Polônia, e dizem com ar de seriedade que nesses lugares os passarinhos não cantam até hoje.

Entretanto, visitei o que restou de um desses campos e, ao contrário do que dizem, os passarinhos cantavam, sim. Não há mistério nenhum lá. A vida continua. As crianças que as escolas mandam para lá riam e rabiscavam velhas portas e camas-beliches, enquanto os adultos mostravam preocupação com a possibilidade de estarem sendo observados, procurando parecer solenes e comovidos em sua frieza e sem-graceira.

Nosso autor teria concordado conosco, indicando no livro A necessidade do antissemitismo que as histórias de campos de concentração são a joia da coroa do martirológio judaico e até mesmo o mecanismo da mais avançada forma da cultura da crítica. Passados quase 55 anos desde que foi escrito, o livro de Jerzy Kosiński intitulado O pássaro pintado volta a ser notícia. Trata-se de suas memórias do tempo da Guerra e desses famosos campos da Polônia. O livro está repleto de estupros de crianças, zoofilia e descrições de extrema violência, como a de olhos humanos que são arrancados para alimentar gatos. Na verdade, a obra é uma grande fraude, já bem desmascarada, um alucinado pastiche das fantasias psicossexuais do próprio Kosiński. Mas nada disso impediu que desse livro fizessem um filme bastante elogiado pelos críticos, mesmo que as pessoas vomitassem vendo as cenas, passassem mal e fossem embora dos cinemas. Possivelmente agora, quando prevalece a cultura da crítica, muitos brancos sintam-se agradecidos por terem sido advertidos de quão malvados eles foram em relação aos judeus, aceitando cada condenação como a dose de um remédio. Joanna Siedlecka, jornalista e biógrafa de autores, estudou a vida de Kosiński, tendo chegado à conclusão de que “[O pássaro pintado] não tem nada a ver com a verdadeira infância de Kosiński; ele inventou aqueles horrores, tendo ele mesmo estado muito bem, enquanto os campônios se arriscavam para homiziar toda a família dele. […] Kosiński ainda é tratado como uma vítima, mesmo que agora saibamos muito mais sobre sua biografia. Sabemos, por exemplo, que os poloneses não o torturaram.”

Em A necessidade do antissemitismo, nosso autor escreveria que o exemplo de Kosiński e os judeus corresponde perfeitamente à relação histórica de judeus com europeus. Alguém que estudasse a história desses dois povos poderia tentar mostrar a realidade da situação e, ainda assim, o judeu “continuaria a ser tratado como vítima”. E esta “vítima” arroga-se a condição de árbitro moral e crítico superior a tudo e todos. Armados com o pastiche histórico sadomasoquista bem próprio deles, os ativistas judeus já passaram da crítica à ação para finalmente vencer a guerra racial. Eles negam isso, dizendo que se trata de pérfida teoria conspiratória. Mas, na realidade, eles fazem lembrar aquela história do irlandês que nega ter roubado um balde, acrescentando a injuriosa crítica de que, de qualquer forma, o balde estava furado. Os judeus negam veementemente que tenham alguma coisa a ver com a decadência da cultura ocidental, acrescentando a injuriosa crítica de que, de qualquer forma, a cultura ocidental é podre, doente, racista, intolerante e irracional. Ao negar sua responsabilidade, os judeus acabam por admiti-la. Essa é a essência da cultura da crítica.

A cultura da tolerância

Este capítulo do livro pode começar com a observação de que a cultura da tolerância é filha da cultura da crítica. Quando é que o judeu começou a convocar os brancos para a autoextinção em seus próprios países? Nosso autor pode responder dizendo que a chamada para a morte começou quando foi da primeira penetração judaica na cultura europeia — não penetração no território europeu, mas na cultura europeia. Não foi Moses Mendelssohn (1729–1786) celebrado como o primeiro judeu “assimilado”, o primeiro verdadeiro intelectual judeu a desejar ser “parte da cultura germânica”, o primeiro a pregar pela “tolerância”? Ora, para onde é que Mendelssohn, o primeiro “alemão de fé judaica”, queria realmente conduzir os europeus? Não há dúvida quanto a isso, a resposta está nos registros históricos. Ele, sequiosa e descaradamente, perguntava: “Por quanto mais tempo, por quantos milênios a mais, deverá existir essa distinção entre os nativos de uma terra e os estrangeiros? Não seria melhor para a humanidade e a cultura que fosse obliterada tal distinção?” [3][grifo nosso].

Aí está: a primeira intrusão judaica na cultura ocidental consistiu num chamado pela abolição das fronteiras, pela migração e pelo direito de ocupação reconhecido a estrangeiros.

Desde o seu começo, o ativismo judaico na cultura ocidental buscou solapar a posição dos donos da terra e promover a “tolerância”, conforme convinha aos judeus. Considera-se que a obra de Mendelssohn intitulada Sobre o melhoramento civil dos judeus, de 1781, deu significativa contribuição para a ascensão inicial da “tolerância” na cultura ocidental. Entretanto, a palavra “Tolerância” tem certa acepção que a propaganda esconde. No campo semântico da medicina, essa curiosa palavra significa “O estado imunológico caracterizado pela ausência de resposta a toxina específica ou substância estranha que induz uma imunorreação no organismo, especialmente a produção de anticorpos.”

Não seria isso exatamente o que Mendelssohn preconizou quase 250 anos atrás, ou seja, que os donos da terra sofressem de imunodepressão, que ficassem sem defesa imunológica, mesmo quando toxinas se infiltrassem em seu corpo? Devemos perguntar como a tolerância acabou sendo considerada uma virtude. A resposta é a seguinte: a tolerância tornou-se virtude por força da intrusão judia na cultura ocidental.

Agora a cultura da tolerância já conta mais que dois séculos. Ela amadureceu lentamente, mas não há dúvida de que já chegou à maioridade. O trabalho de Kevin MacDonald demonstrou cabalmente que grupos organizados de judeus financiaram e realizaram a maioria dos trabalhos destinados a derrubar a lei americana da imigração de 1924, que finalmente caiu em 1965. Brenton Sanderson também revelou que os movimentos intelectuais e os ativismos etnopolíticos judeus foram a razão principal para o encerramento da política da Austrália branca — uma mudança política a que se opunha a vasta maioria da população australiana. Eu tenho escrito sobre quão conspícua foi a participação judia nas dramáticas mudanças das leis britânicas sobre cidadania, raça e censura desde 1950 até 1990. Um ministro da Justiça judeu mudou o processo de naturalização de estrangeiros na Irlanda, escancarando o país para africanos e paquistaneses. Atualmente os judeus dominam as ongues por trás das migrações de massa, comprovadamente detendo cargos executivos nas entidades seguintes: International Rescue Committee, International Refugee Assistance Project, American Civil Liberties Union (ACLU), National Immigration Justice Center, Equal Justice Works, The Immigrant Defense Project, National Immigration Law Center, Lawyer’s Committee for Civil Rights Under the Law, Northwest Immigrants Rights Project, the Asylum Advocacy Project, Refugee Council USA, the New York Civil Liberties Union, American Immigration Council, The Immigrant Learning Center, the Open Avenues Foundation, the Political Asylum/Immigration Representation (PAIR) Project, Central American Legal Assistance, Halifax Refugee Clinic e a UK Refugee Law Initiative. Aliás, o conselheiro de política para a imigração da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos não é um católico, mas uma mulher judia.

A emigração de massa do Terceiro Mundo para o Ocidente, para a Europa, especialmente, resulta de um projeto judeu. Este projeto é administrado por judeus, promovido por judeus, explicado e justificado por judeus. Ele tem por causa a necessidade judia — tão antiga quanto o livro de Mendelssohn, se não mais antiga — de defraudar os donos da terra e entregar o solo a estrangeiros em nome de tolerância.

Tal qual fizeram com a cultura da crítica, os judeus oferecem-nos a cultura da tolerância como se por gesto de amizade. Com largos sorrisos e verbosidade melíflua, eles garantem que estaríamos perdidos se não eliminássemos “a distinção entre os donos da terra e os estrangeiros”. Afinal de contas, não é que, felizmente, fomos admoestados sobre o desvalor, a imoralidade, o chovinismo, a corrupção, a falsidade de nossa cultura? Por que não importarmos novas e mais vibrantes culturas? Assim nós poderíamos viver uma vida mais excitante e, melhor ainda, provaríamos que somos moralmente dignos da aceitação por parte dos nossos amigos judeus, os inocentes mártires da humanidade. E devemos acatar as advertências deles, porque o que dizem faz todo o sentido. Afinal de contas, nós precisamos dos desempregados africanos para pagar nossas pensões, precisamos dos terroristas islâmicos para cuidar das nossas populações envelhecidas, precisamos de milhões de imigrantes a mais para resolver o nosso problema de falta de moradia. Nós precisamos de uma maré de trabalho barato para aumentar os nossos salários. Nós precisamos de gente despreparada nos hospitais para fazer cirurgias, recuperar nossa saúde e cometer crimes sexuais. Nós precisamos tolerar a burca para demonstrar quão profundo é o feminismo da nossa sociedade. Nós precisamos expressar o nosso patriotismo, negando que existamos como um povo. Nós precisamos de mais mordaças na lei para garantir o direito à livre expressão. E, mais importante do que tudo, nós precisamos combater o racismo na nossa sociedade para levar a raça branca à extinção em todo lugar.

Nossos prestimosos amigos valem-se de meios diversos para nos passar esse tipo de “orientação”. Na sua “generosidade”, eles lançam sobre nós um bombardeio de lixo televisivo, retratando o multiculturalismo assim como ele não é na realidade. A mágica cinematográfica judaica é uma forma de alquimia cultural. A criminalidade e a hipossuficiência acadêmica dos negros são levadas ao laboratório de Hollywood e, então, assaltantes e estupradores transformam-se em personagens da elite intelectual sob assédio amoroso de ninfas loiras. Alternativamente, Hollywood toma a estabilidade e a tranquilidade das famílias da classe média branca e, então, seus lares demudam-se num antro claustrofóbico de neurose, intolerância e repressão.

Quando num estado de espírito menos generoso, nossos amigos judeus arrogam-se o direito de manipular o currículo escolar de nossos filhos; mas, quando contrariados, ficam furiosos, então cassam o direito à liberdade de expressão e mandam desafetos para a cadeia. Por outro lado, se alguém tentar coibir alguma prática cultural judia, proscrevendo, por exemplo, o rito tribal da circuncisão, eles revidam com algumas das outras armas de sua panóplia: a chantagem, a calúnia, a implacável guerra econômica, conforme ficou demonstrado quando a soberana nação da Islândia sofreu ameaças da ADL. Isso que se passou na Islândia lembra-nos da história do irlandês e do balde. Os judeus negam que tenham influência excessiva, mas acrescentam que, se nalgum país alguém repetir a acusação, o exclusivo clube dos judeus em Nova Iorque deixará esse país de joelhos diante deles.

Embora a cultura da tolerância siga fazendo as cabeças com força total, os judeus ainda não conseguiram resolver o problema de como evitar que crianças brancas continuem a nascer. Nesta altura nosso autor começaria o terceiro capítulo de seu livro.

A cultura da esterilidade

Em toda parte os judeus estão por trás da cultura da esterilidade. Esta é uma expressão adequada para designar o que eminentes estudiosos referem como o “rápido declínio” da natalidade na maioria dos países europeus.[4] Nosso autor iria inicialmente citar o fato de que o contraceptivo oral foi criado pelo judeu Gregory Goodwin Pincus, mas na realidade os judeus de muitos países do Ocidente foram os “pioneiros da indústria clandestina de contraceptivos”, no dizer do historiador judeu Howard Sachar.[5] Por algum plano, coordenação ou simples instinto, os judeus concentraram-se em áreas hostis à natalidade dos brancos, como a contracepção, o aborto, as leis do divórcio, a promoção da pornografia, a homossexualidade, a confusão de gêneros, a promiscuidade.

De acordo com certo estudioso, a relação daqueles na vanguarda das clínicas de aborto, da literatura de prevenção da gravidez para casais, das medidas políticas de controle da natalidade nos Estados Unidos inclui os nomes seguintes: “Anna Samuelson no Bronx; Olga Ginzburg e Rachelle Yarros em Chicago; Sarah Marcus em Cleveland; Nadine Kavinoky e Rochelle Seletz em Los Angeles; Esther Cohen e Golda Nobel na Philadelphia; Hannah Stone, Marie Warner, Cheri Appel, Anna Spielgeman, Naomi Yarmolinsky e Bessie Moses em Baltimore; Elizabeth Kleinman em Boston; Lena Levine em Nova Iorque, Hannah Seitzwick-Robbins em Trento; e Lucile Lord-Heinstein em Massachusetts”.[6] Todas essas mulheres eram judias. Hannah Stone foi especialmente influente, trabalhando em ligação com [Margaret] Sanger, escreveu textos importantes sobre planejamento familiar, como Contraceptive methods of choice (1926), Therapeutic contraception (1928), Contraception and mental hygiene (1933), e Birth control: a practical survey (1937).

Desde 1920 até 1940, Margaret Sanger emprestou sua face de não judia para os movimentos em favor do aborto e da contracepção em Nova Iorque, tendo como seu principal advogado o judeu Morris Ernst. E quando Sanger decidiu patrocinar a legislação federal de controle da natalidade, ela escreveu ao rabino Stephen Wise, em 1931, solicitando a ele que se valesse da influência política judia e de sua própria lista bem extensa de contatos políticos para ajudá-la nesse intento, ao que o rabino respondeu alegremente, prontificando-se para dar conta da honrosa incumbência.[7] Sanger, é claro, casar-se-ia com um judeu e, segundo seu biógrafo, “encerrou-se em círculo de colegas e amigos judeus”.[8] 

Com efeito, a influência judia liga-se tão estreitamente às origens do aborto nos Estados Unidos que o historiador Daniel K. Williams caracterizou o debate sobre o aborto na década a partir de 1930 como um conflito religioso, observando que  “Quase todos os médicos que argumentavam contra o aborto eram católicos, enquanto os outros que arrazoavam sua legalização eram quase todos judeus”. [9] Williams refere ainda o fato de que “Os rabinos do judaísmo reformista foram os primeiros capitães do movimento a favor da lei de liberação do aborto”.[10] A ligação entre organizações judias e outras partes ainda mais sórdidas do submundo da profissão médica — nas quais, aliás, os judeus eram dominantes — tornou-se meridianamente clara durante as investigações de abortos ilegais em Nova Iorque, nas duas décadas desde 1940, conforme o historiador Leslie J. Reagan.[11] Quando Pincus criou a sua pílula, ele sabia que a sociedade poderia associar o antinatalismo ao ativismo judeu. Então, a fim de evitar o perigo do “estigma antissemita”, ele escolheu John Rock, que era católico, para desenvolver um regime anticoncepcional para a mulher, poupando desse encargo os judeus Abraham Stone e Alan Guttmacher, seus colegas de longa data e chefes do movimento antinatalista.[12]

Situações análogas ocorreram em todas as outras nações ocidentais. Alan Shatter decerto atuou como chefe da propaganda do anticoncepcionismo na Irlanda dos anos setentas, mas um século antes das ações de Shatter um membro do clero irlandês reportava o seguinte:

Um judeu chegou de caminhão à cidade […] e ele começou a vender instrumentos abortivos disfarçados de porta-lápis. […] O prior foi informado do negócio ilícito. […] Ele avisou a polícia, que não pôde fazer nada. Então ele mesmo improvisou uma corte, que julgou o delinquente, aplicando-lhe multa de 10 libras. O judeu pagou a multa e escafedeu-se. [13]

Em Nova Iorque, judeus como Moses Jacobi e Morris Glattstine eram especialmente influentes e notórios no mercado clandestino das ferramentas abortivas, já por volta da década desde 1870.[14] Similarmente, no final do século XIX, “Os judeus estiveram entre os campeões da revolução anticoncepcionista no Sul da Alemanha”. [15] Neste país, durante o entreguerras, segundo o acadêmico Harriet Freidenreich, “As médicas judias tiveram participação muito importante na campanha em pró da legalização do aborto. […] Elas estavam sobrerrepresentadas  no movimento da reforma sexual, que promoveu a distribuição mais ampla de meios anticoncepcionais. Essas judias eram notórias na disseminação de dispositivos contraceptivos”. [16]

Na Polônia, durante a Segunda República [1918-1939], a precursora principal da educação sexual, da contracepção, da promoção da homossexualidade e do aborto era Irena Krzywicka (nascida Goldberg). Além de fundadora da Liga Reformy Obyczajów (Liga para a Reforma dos Costumes), Krzywicka era articulista do influente jornal Wiadomosci literackie (Notícias Literárias), no qual ela se batia pelo casamento civil, pelo divórcio e pela contracepção facilitados, pela “liberação sexual” feminina e pelo aborto.[17] Em Antisemitism and Its Opponents in Modern Poland, o historiador Robert Blobaum refere que a “imprensa antissemita” na Polônia estabeleceu a ligação entre os judeus e “a difusão da literatura anticoncepcionalista” e a pornografia, mas muito timidamente ele trata da carreira de Krzywicka ou de seus numerosos colegas judeus. [18] Ronald Modras observa que até os dirigentes não judeus do movimento polonês pela contracepção destacavam-se pelo seu “filossemitismo”. [19]

Na France, a principal entidade por detrás da legalização da contracepção e do aborto era a Choisir (Escolher), fundada pela advogada judia Gisèle Halimi, e a legislação correspondente foi finalmente aprovada quando era ministra da Saúde a judia Simone Veil (nascida Simone Jacob).[20] Nos Estados Unidos, é claro,  Roe v. Wade significou um produto do ativismo da National Association for the Repeal of Abortion Laws [Associação Nacional pela Revogação das Leis do Aborto], fundada pelo judeu Bernard Nathanson. Nathanson participou diretamente da militância pela legislação a favor do aborto, ao lado da feminista judia  Betty Friedan, até o momento quando, no final dos anos setentas, ele sofreu uma crise de consciência, que parece ter sido verdadeira mesmo, depois da qual ele se converteu ao catolicismo. Até então, ele, pessoalmente, tinha feito mais de 60 mil abortos, havendo depois explicado numa entrevista que “Nós éramos desonestos, vivíamos enganando pessoas, inventando estatísticas; nós cooptávamos a imprensa com adulações, agrados, mimos. […] Nós nos apresentávamos como defensores do aborto e do direito de escolha, mas a verdade é que nós gostávamos de abortar”. E com certeza os judeus gostam mesmo do aborto. De acordo com o Pew Research Center, os judeus apoiam o aborto muito mais do que qualquer outro grupo religioso nos Estados Unidos. Na realidade, os judeus gostam tanto de limitar a fertilidade de outras populações que em 2013 Israel reconheceu haver aplicado contraceptivos nos imigrantes que chegavam da Etiópia, sem o consentimento deles.

Nosso autor decerto trataria com mais vagar do assunto referente ao aborto e aos anticoncepcionais somente porque a predominante participação dos judeus nas outras áreas da cultura da esterilidade já está bem documentada. O envolvimento judaico na incipiente sexologia, mediante influentes figuras tais quais Albert Moll, Iwan Bloch, Magnus Hirschfeld, Albert Eulenberg, Hermann Joseph Lowenstein, Julius Wolf, Max Marcuse e Eduard Bernstein ligava-se sempre à pretendida necessidade da “tolerância” e do pluralismo social. O que na verdade eles fizeram foi promover toda sorte das mais aberrantes patologias sexuais, separando o sexo da reprodução, para atacar a coesão social. Hirschfeld, provavelmente quem lançou a propaganda do “Amor é amor”, “subverteu a noção de que o amor romântico deveria estar orientado para a reprodução”, defendendo, ao contrário, a aceitação dos modos de vida homossexuais e de relações sexuais hedonísticas e não reprodutivas em geral.[21]

Nesta altura vale ressaltar que os judeus não se concentraram na promoção da “tolerância” para homossexuais, unissexistas [no original:gender benders],feticidas [no original: abortion-seekers] e travestis por acreditarem autenticamente nos “direitos” e no “valor” desse tipo de gente. Antes, os judeus veem nessas pessoas os perfis que querem promover na sociedade inclusiva, generalizando sua influência, com o que ficaria facilitado seu trabalho de aliciar mais sujeitos para a cultura da tolerância. A sociedade nunca aceitou realmente a homossexualidade e o transgenerismo, mas o que aconteceu foi que a própria sociedade primeiramente tornou-se “homossexual” em algumas de suas características, antes que viesse a tolerar os que de fato eram homossexuais e transexuais. Enquanto o Ocidente foi progressivamente ficando sem crianças e mais promíscuo, mais hedonístico, mais iludido e cheio de si mesmo, a distância entre o normal e o anormal estreitou-se, então ficou parecendo que não havia razão para negar a “igualdade”. As sociedades preocupadas com a própria demografia sofrerão severas consequências por causa da homossexualidade e do aborto/infanticídio. O Ocidente, celebrando ambas as práticas, está com a sua demografia em queda livre, não tem consciência das seriíssimas ameaças à sua sobrevivência racial, e seus povos seguem aceitando uma cultura conducente a seu próprio suicídio demográfico. A homossexualidade nunca antes fora tão aceita. O aborto nunca foi tão fácil e desestigmado. E os brancos nunca como agora estiveram na iminência de deixar o palco da história.

A promiscuidade tomou o lugar do carrinho de bebê. Um rápido olhar para a atual geração dos brancos em idade reprodutiva suscita grave preocupação. As taxas de doenças sexuais nos Estados Unidos nunca foram tão altas. Segundo especialistas da área médica, o Reino Unido está a caminho de uma “crise na saúde sexual.” O mesmo fenômeno tem sido verificado na Austrália, no Canadá, na Irlanda, na  França e na Alemanha. Enquanto isso, o Gatestone Institute informa que:

O aborto assumiu recentemente proporções épicas em países como a Suécia e a França. Na França, são feitos 200 mil abortos por ano. Para efeito de comparação, o número de nascimento na França é de  750 mil por ano. A França, então, está abortando a cada ano 20% de seus bebês/fetos/embriões/aglomerados celulares — que o leitor escolha o termo de acordo com suas convicções pessoais.

Não são os muçulmanos na França que estão abortando seus bebês aos milhares e milhares, o que talvez explique a manifestação dos mafomistas diante do arcebispo de Estrasburgo, para quem eles disseram que “Um dia a França será nossa”.

No livro The Population Bomb (1968), o biólogo judeu Paul Ehrlich escreveu que o melhor método para a redução da população era a legalização do aborto. Isso sem considerar os efeitos do controle da natalidade e a mais geral cultura da esterilidade, que glorifica a pervertida, a vazia visão do “amor” sem filhos. Quando os europeus começaram a legalizar o controle da natalidade e o aborto, 40 anos atrás, alguns anos depois do caso Roe versus Wade (1973), a Igreja Católica alertou contra o perigo de a Europa vir a ser uma “civilização mórbida”. Foi isso mesmo o que aconteceu.

A cultura da usura

Num Ocidente entregue ao mais selvagem materialismo, pode ser difícil ter consciência da extensão da agiotagem judaica. Quando se fala dos agiotas judeus, a maioria das pessoas geralmente pensa na Idade Média. Mas a agiotagem judaica está viva e passa muito bem na modernidade, havendo muitos países na condição de devedores dos prestamistas judeus, que por sua vez repassam sua riqueza para organizações dedicadas à promoção das três outras culturas do declínio branco (Crítica, Tolerância, Esterilidade). Paul Singer, ligado a “fundos de investimento” judaicos, tem sido descrito pela Bloomberg como “o mais temido investidor do mundo”, mas na realidade ele é o mais medonho parasito dos endividados. A República Democrática do Congo deve a Singer e seus colegas judeus 90 milhões de dólares, o Panamá deve-lhes 57 milhões de dólares, o Peru deve-lhes 58 milhões de dólares e a Argentina deve-lhes 1,5 bilhão de dólares. Quando os pagamentos estiveram atrasados, Singer sequestrou e manteve em seu poder um navio da marinha argentina, e quando a Coreia do Sul lutou para evitar que ele controlasse a Samsung, o “abutre” levou o presidente sul-coreano  ao impedimento e à prisão.

Embora esses fatos possam parecer pertinentes apenas às pessoas da alta sociedade, distantes da realidade da vida cotidiana (a não ser que o leitor viva numa cidade do Congo que teve o abastecimento de água suspenso por chantagem de Singer), a caterva de especuladores judeus está por trás de quase toda compra que se faça e de toda guerra em que o leitor pode ser obrigado a morrer. Singer, seu filho Gordin e seus colegas Zion Shohet, Jesse Cohn, Stephen Taub, Elliot Greenberg e Richard Zabel contam com testas de ferro em quase todo país e eles têm forte participação em toda empresa familiar ao leitor, de livrarias a bancos. Com os ganhos de seu parasitismo, eles financiam a cultura da esterilidade, empoderecem a política sionista, investem milhões em segurança para os judeus e promovem guerras por Israel. Singer é um republicano e tem assento na diretoria da Coalizão Judaica Republicana. Ele é ex-membro da direção do Jewish Institute for National Security Affairs, fundou grupos de pesquisa neoconservadores tais quais o Middle East Media Research Institute e o  Center for Security Policy e figura entre os maiores financiadores da organização neoconservadora Foundation for Defense of Democracies. Ele esteve ligado também à banca de advogados denominada Freedom’s Watch [Atalaia da Liberdade], que açulou a guerra contra o Iraque. Como se não bastasse, outro importante projeto de Singer foi o da Foreign Policy Initiative (FPI).Trata-se de grupo de advogados de Washington criado em 2009 por várias figuras influentes da judiaria neoconservadora com o objetivo de desenvolver políticas de guerra no Oriente Médio em favor de Israel. Também nesse caso o numerário de Singer pagou os honorários dos patronos da agressão.

Embora Singer fosse inicialmente contra Trump e este tenha atacado Singer por causa de sua política em pró da imigração (“Paul Singer representa os imigrantes ilegais no nosso país e defende a impunidade deles”), Trump é agora basicamente custeado por três judeus: Singer, Bernard Marcus e Sheldon Adelson, que juntos levantaram $250 milhões para a tesouraria política de Trump. Como retribuição, eles só querem uma guerra para destruir o Irã. Prepostos de Singer  da Elliott Management, empresa de sua propriedade, foram os principais financiadores do senador republicano Tom Cotton, que pressiona Trump para atacar o Irã como vingança dos supostos ataques deste país a dois navios no golfo Pérsico. Esses parasitários financistas judeus alimentam a esperança da guerra com o Irã, eles cabalam pela guerra: o judeu quer a carne. Um analista político comentou que “Esses doadores já externaram suas preferências políticas abertamente em relação ao Irã. Eles aguardam o dividendo dos investimentos que fizeram no partido de Trump”. Quando Adelson e Singer primeiramente acenaram para Marco Rubio, Trump postou na rede que Rubio seria uma “marionete” deles. Trump agora já recebeu numerário desses mesmos marionetistas, mas não cedeu a tudo o que exigiam e até demitiu John Bolton, o favorito da troica judaica. Resta saber como a camarilha judaísta reagirá à desobediência de Trump.

A troica de judeus por detrás de Trump é exemplo perfeito do papel das finanças judaicas e da cultura da usura na sustentação e promoção do poder judeu e sua influência na sociedade contemporânea. Singer encarna a usura e o capitalismo de rapina, Bernard “Home Depot” Marcus atende ao mais desvairado consumismo e Adelson representa a sórdida exploração comercial do vício (jogos de azar). Não há nada de produtivo na atividade de nenhum desses figuros. A enorme riqueza deles vem do parasitismo sociopático, do nepotismo étnico e do desejo da decadência cultural.

Nós sentimos o aprofundar da decadência, porquanto vivemos na sociedade do consumo conspícuo, fundada no endividamento sempre crescente das famílias. Em todo lugar, as pessoas compram coisas de que não precisam com o dinheiro que não têm. A dívida das famílias segue num crescendo mais uma vez nos Estados Unidos. De acordo com a New York Federal Reserve, as famílias americanas devem 13,86 trilhões de dólares, o que é mais do que deviam logo antes da crise econômica de 2008. Na Australia, a dívida das famílias corresponde a 190% de sua renda, uma proporção entre as mais altas do mundo desenvolvido. A mesma situação ocorre no Reino Unido. Os judeus, evidentemente, tiveram participação desproporcional na expansão das lojas de departamento, na indústria da moda, no comércio varejista e em outros setores da sociedade de consumo. [22] No final do século XIX, na Alemanha, como ainda em vários outros países do Ocidente, os judeus deram início à “revolução do consumo” e mantiveram ou, pelo menos, inauguraram a grande maioria das lojas de departamento, de confecções e moda em geral em todo o país”. [23] Naquele tempo, Werner Sombart observou que as lojas de departamento eram o emblema de uma nova e degenerativa cultura econômica, caracterizada pelas “anônimas e reificantes forças do capitalismo e da propaganda”. Os antissemitas da época viam esses centros da cultura econômica como “templos do consumo num duplo sentido: enquanto templos onde se consumia e templos que consumiam — isto é, um lugar de destruição, um Moloque que vorazmente consumia a clientela vulnerável e os negócios da vizinhança”.[24] 

Atualmente, muitas das marcas de luxo de produtos praticamente inúteis pertencem a judeus, são promovidas pela indústria publicitária de judeus e são financiadas por prestamistas judeus. Calvin Klein, Levi Strauss, Ralph Lauren, Michael Kors, Kenneth Cole, Max Factor, Estée Lauder e Marc Jacobs são apenas alguns judeus cujos nomes tornaram-se sinônimos da cultura consumista escorada na dívida e na adesão a modismos cuidadosamente midiados. Outras empresas pertencentes a judeus, como Starbucks, Macy’s, the Gap, American Apparel, Costco, Staples, Home Depot, Ben & Jerry’s, Timberland, Snapple, Häagen-Dazs, Dunkin’ Donuts, Monster Beverages, Mattel e a Toys “R” Us epitomam a produção supérflua e infinita de lixo para o consumo das massas alimentado a crédito.

O templo do consumismo onde arde a chama eterna da dívida vincula-se também às culturas da crítica, da tolerância e da esterilidade. O assim chamado antirracismo, o fomento da confusão de gênero, a celebração da imigração ilimitada e do multiculturalismo tornaram-se o carro-chefe da publicidade contemporânea. Agora, quando chega ao fim a guerra racial, o Ocidente ressona o estertor final de sua agonia.

Talvez alguém fosse perguntar o que é que bolachinhas de tortilha tem a ver com sodomia, mas isso decerto porque essa pessoa sofresse de algum défice de tolerância. O melhor remédio para esse doente seria reconhecer os privilégios da raça branca, comprar um Starbucks e experimentar novas calças de 200 dólares na Macy’s.

Conclusão

A critica, a tolerância, a esterilidade e a usura existem em convergência e se adunam. Nisso reside a necessidade do antissemitismo. Eu me senti assombrado com A necessidade do antissemitismo e também, e na mesma medida, com aquela imagem do rabino de Goedsche que discursa para os treze chefes das tribos judaicas reunidos à noite num cemitério. Isto me assombra porque parece coisa arcaica e ingênua, como se a situação pudesse ter sido tão simples, mas tudo é muito pior. A realidade sempre foi muito mais profunda e infinitamente mais perigosa. Em tudo o que tange à Questão Judia, os judeus sempre perguntaram se isso ou aquilo seria bom para os judeus. Os brancos, por sua vez, e diante disso, deveriam perguntar se os judeus são bons para eles. Ora, a resposta está na correlação entre os judeus e os quatro aspectos do declínio branco de que tratamos e é negativa: os judeus não são bons para os brancos. Portanto, nossa oposição aos judeus, pelo que fazem contra nós, é perfeitamente lógica e moralmente necessária.


Referências

[1] RAPHAEL,F. The Necessity of Anti-Semitism. London: Carcanet, 1997, p. 49.

[2] DRESSER, D.; FRIEDMAN, L. American Jewish Filmmakers. Univ. of Illinois, 2004 p. 7.

[3] MENDELSSOHN, M. “Anmerkung zu des Ritters Michaelis Beurtheilung des ersten Teils von Dohm, über die bürgerliche Verbesserung der Juden” (1783), Moses Mendelssohn gesammelte Schriften, ed. G. B. Mendelssohn (Leipzig, 1843), vol. 3, 367.

[4] KREYENFELD, M. Childlessness in Europe: Contexts, Causes and Consequences.Cham: SpringerOpen, 2017. p. v.

[5] Apud RUSSELL, T. A Renegade History of the United States. New York: Simon & Schuster, 2010.

[6] KLAPPER, M. R. Ballots, Babies, and Banners of Peace: American Jewish Women’s Activism, 1890-1940. New York: New York University Press, 2013. p. 151.

[7] Ibidem, p. 159.

[8] CHESLER, E. Woman of Valor: Margaret Sanger and the Birth Control Movement in America. New York: Simon & Schuster, 2007. p. 51.

[9] WILLIAMS, D. K. Defenders of the Unborn: The Pro-Life Movement Before Roe v Wade. Oxford: Oxford University Press, 2016. p. 27.

[10] Ibidem, p. 66.

[11] REAGAN, L. J. When Abortion Was a Crime: Women, Medicine, and Law in the United States, 1867-1973.Berkeley: University of California Press, 1997. p. 173.

[12] REED, J. The Birth Control Movement and American Society.Princeton: Princeton University Press, 1984. p. 351.

[13] LEONE, M. P. Atlantic Crossings in the Wake of Frederick Douglass.Leiden: Brill, 2017. p. 111.

[14] BRODIE, J. F. Contraception and Abortion in Nineteenth-century America.Ithaca: Cornell University Press, 1994. p.234.

[15] CROMBIE, A. C. (ed). History of Science.Chicago: University of Chicago Press, 1990. p. 371.

[16] FREIDENREICH, H. P. Female, Jewish, and Educated: The Lives of Central European University Women. Bloomington: Indiana University Press, 2002. p. 154.

[17] HASHAMOVA, Y. (ed). Transgressive Women in Modern Russian and East European Cultures: From the Bad to the Blasphemous. New York: Routledge, 2017. p. 16.

[18] BLOBAUM, R. Antisemitism and Its Opponents in Modern Poland. Ithaca: Cornell University Press, 2005. p. 87.

[19] MODRAS, R. The Catholic Church and Antisemitism: Poland, 1933-39. New York: Routledge, 2004. p. 62.

[20] LAS, N. Jewish Voices in Feminism: Transnational Perspectives.Lincoln: University of Nebraska Press, 2015. p. 91.

[21] DICKSON, E. R. Sex, Freedom and Power in Imperial Germany, 1880-1914. Cambridge University Press, 2014. p. 7.

[22] REUVENI, G. Consumer Culture and the Making of Modern Jewish Identity. Cambridge: Cambridge University Press, 2017. p. xiii.

[23] LERNER, P. The Consuming Temple: Jews, Department Stores, and the Consumer Revolution in Germany, 1880-1940. Ithaca: Cornell University Press, 2015. p. 5.

[24] Ibidem, p. 9.

89, the Jewish screenwr

Autoria: Andrew Joyce. Fonte: The Occidental Observer. Título original em inglês: “The Necessity of Anti-Semitism”. Data de publicação do original: 27 de setembro de 2019. Versão brasilesa: Chauke Stephan Filho.

A nação global

20 de julho de 2019

A Idade Moderna, que começou com a chegada de Cristóvão Colombo à América, caracteriza-se pela ligação cada vez maior entre as sociedades do mundo e pela cada vez menor distinção de seus limites. Esse fenômeno vem ganhando intensidade ao longo do tempo com a disparada tecnológica dos meios de transporte e telecomunicação, o que se fez acompanhar de tendências intelectuais em ascensão, como ideologias internacionalistas e antinacionais. Nós podemos definir o globalismo como a inclinação, ao mesmo tempo consciente e inconsciente, para a destruição da diferença e da autonomia das nações e estados, alegadamente em favor de uma sociedade mundial politicamente mais harmoniosa. O globalismo ignora a realidade das diferenças raciais e a poderosa natureza da identidade étnica, fatores que estão na raiz dos conflitos e tensões inevitáveis em toda sociedade multirracial e multiétnica.

Existem elementos materiais vigorosos conducentes à dissolução dos limes nacionais. Ocorrem ganhos de eficiência quando o trabalho e o comércio podem cruzar fronteiras. Há, além disso, bilhões de seres humanos com vontade de deixar as condições miseráveis de onde vivem no Terceiro Mundo e ingressar nos nossos países para gozar vida mais confortável e segura, o que se compreende. Não será pela inércia da situação ou pela nostalgia conservadora que essas pressões poderão ser anuladas. Até o Japão, ainda homogêneo em grande medida, começa a perceber número significativo de imigrantes fenotipicamente diferentes (principalmente indianos e filipinos). Recentemente, aliás, um indiano saiu vitorioso de eleição local em Tóquio. Na verdade, a oposição à imigração exige consciência e doutrina de resistência em nome do bem-estar econômico e social dos nativos, da preservação de sua identidade cultural e genética e da sua soberania.

Depois da II Guerra Mundial, os internacionalistas pretenderam, compreensivelmente, impedir novos conflitos entre os Estados, engajando-os em  instituições internacionais (Nações Unidas, União Europeia…) e redes comerciais, sob hegemonia ideológica liberal-democrática. Esperava-se que isso fosse criar uma comunidade de interesses que fizesse da guerra entre as grandes nações uma coisa impensável.

No pós-guerra, os dirigentes que criaram essas instituições internacionais, gente como Dwight Eisenhower ou Konrad Adenauer, não tinham a intenção de destruir suas respectivas nações. Ao contrário, estando cientes dos terríveis massacres das guerras étnicas na Europa Oriental, esses homens geralmente viam a existência de estados-nações distintos e homogêneos como fator de paz. Os inúmeros conflitos étnicos no Terceiro Mundo, na Iugoslávia ou nas antigas repúblicas soviéticas e as intratáveis tensões e confrontações em toda sociedade multirracial levam a crer que eles tinham razão. Read more

Imigração: o Chile na encruzilhada das raças (Parte II)

Esses países [Argentina, Chile, Espanha, Venezuela] contam com a base genética necessária à construção e à manutenção de sociedades modernas e satisfatórias.
Não há evidências de que seja esse o caso do Peru, da Bolívia e do Haiti.

The Return of Sebastián Piñera

Um enorme sinal de esperança surgiu para os chilenos com o resultado das eleições presidenciais de 2017. O então candidato de centro-direita e ex-presidente Sebastián Piñera fez do binômio “lei e ordem” o carro-chefe de sua campanha. Em debates e entrevistas, ele sempre mostrava diagramas sobre a crescente criminalidade.

O presidente Piñera denunciando o aumento da criminalidade na campanha de 2017

Muitos profissionais da mídia troçavam dos gráficos do presidente Piñera, tentando desacreditá-los durante toda a campanha.

Piñera prometera endurecer a repressão não só contra o crime em geral, mas também contra a imigração ilegal, o tráfico de entorpecentes e de pessoas. Inspirando-se em Trump, Piñera disse em 2016 que “O Chile deve receber imigrantes que contribuam para a prosperidade de nossa nação, mas deve fechar completamente suas fronteiras para o tráfico de drogas, o contrabando, o crime organizado e a imigração ilegal”. E continuou, ainda mais enfático: “Muitas das organizações criminosas no Chile hoje, como aquelas especializadas em estelionato, são formadas por estrangeiros. Essa é uma situação especialmente grave nas áreas de mais imigração”.

As eleições presidenciais no Chile decorrem como as da França: se nenhum candidato conseguir mais do que 50% dos votos no primeiro turno, a disputa passa a um segundo turno, opondo os dois candidatos mais votados do primeiro turno. Em 2017, no primeiro turno, quando havia só dois candidatos de direita, havia seis de esquerda. Duas perguntas que jornalistas e ativistas faziam eram provas de fogo: “A Venezuela atualmente é uma ditadura ou uma democracia?” e “O que está acontecendo na Araucânia [onde os índios estavam destruindo propriedades de brancos e, às vezes, matando os proprietários] é terrorismo?”. Esta última pergunta não era só retórica — se fosse considerado terrorismo, o caso da Araucânia justificaria medidas repressivas mais drásticas que, de outra forma, não poderiam ser tomadas. Read more

Imigração: o Chile na encruzilhada das raças (Parte 1)

Vários chilenos me aconselharam a ficar longe de Antofagasta, dizendo que lá era agora um antro de criminosos e que para Antofagasta se igualar à África só faltavam os elefantes.

 

A tendência mais marcante do nosso tempo é o deslocamento de não brancos para as sociedades prósperas e estáveis, as quais eles invejam, porque não são capazes de criá-las e, então, inundam e acabam transformando radicalmente as sociedades brancas — este é o século d’O campo dos santos. A pequena nação latino-americana que é o Chile, um país muito branco para os padrões latino-americanos, não se encontra de forma nenhuma a salvo dessa tendência. Nas últimas duas décadas, especialmente nos últimos 5 anos, a imigração não branca no Chile aumentou dramaticamente. Na verdade, “dramaticamente” talvez seja um eufemismo. No final de 2017, 1.119.267 pessoas nascidas no estrangeiro viviam no Chile. O Chile não é uma grande nação, e esse número representa 6,1% da população total. Os países de onde mais partem emigrantes para o Chile são o Peru (23,8%), a Colômbia (13%), a Venezuela (12%), a Bolívia (11%), o Haiti (10%), a Argentina (7,9%) e o Equador (3,5%). Assim como sucedeu nos Estados Unidos, só nos anos setentas a imigração de não europeus superou a imigração de europeus no Chile:

 

Ano  

População total

                                                            População imigrante
Total Percentagem da População total Percentagem da Europa Percentagem do hemisfério ocidental Percentagem  do resto do mundo
1865 1.819.223 21.982 1,21 53,7 41,4 4,9
1875 2.075.971 25.199 1,21 62,3 33,0 4,7
1885 2.057.005 87.077 4,23 30,1 67,2 2,7
1907 3.249.279 134.524 4,50 53,3 42,7 4,0
1920 3.731.593 114.114 3,06 60,0 31,2 8,9
1930 4.287.445 105.463 2,46 60,0 24,6 15,4
1940 5.023.539 107.273 2,14 67,2 21,7 11,1
1952 5.932.995 103.878 1,75 55,9 23,4 20,7
1960 7.374.115 104.853 1,42 60,9 26,1 13,0
1970 8.884.768 90.441 1,02 53,3 34,4 12,3
1982 11.275.440 84.345 0,75 31,8 54,5 13,7
1992 13.348.401 114.597 0,86 20,1 65,1 14,8
2002 15.116.435 184.464 1,22 17,2 71,8 11,0
2012 16.634.603 339.536 2,04 10,5 85,6 3,8
2017 17.574.003 1.119.267 6,1 12,4 83,8 3,8

 

Como mostra a tabela acima, além de os migrantes terem ficado menos brancos nas últimas  décadas, o número deles aumentou enormemente. Em 2012, a população imigrante havia sido multiplicada por 1,84 em relação à de 2002. Em 2017, a população imigrante já se multiplicara por 3,29 em relação à de 2012 — ou seja, na metade do tempo. A situação que esses números oficiais revelam mostra-se ainda mais grave com a estimativa de que 300 mil imigrantes “irregulares” (isto é, ilegais) estejam no Chile hoje — na maioria  peruanos e bolivianos que conseguiram entrar ilegalmente no país, além de haitianos com os visas vencidos. No Chile, as estatísticas do governo não são tão precisas quanto nos Estados Unidos, assim tudo deve ser considerado cum grano salis. Não obstante, a tendência geral é óbvia.

Com os dados de numerosas fontes, eu organizei a tabela abaixo, que mostra o número de chilenos nascidos no estrangeiro ao longo dos anos.

1960 1982 1990 1992 2002 2012 2013 2015 2016 2017
Peruanos 3.583 4.308 ~ 7.649 37.860 103.624 117.925 130.361 266.244
Bolivianos ~ ~ 7.277 ~ 10.919 25.121 33.623 37.554 122.773
Colombianos 645 1.069 ~ 1.666 4.095 27.411 48.894 63.481 145.139
Haitianos ~ ~ ~ ~ 50 2.428 ~ 48.783 112.414
Argentinos 11.876 19.733 34.415 48.176 57.019 53.192 55.185 87.926
Equatorianos 9.393 16.357 39.556

 

Outros contingentes forâneos menores, mas não insignificantes, em 2017, incluíam  espanhóis (26.177), brasilianos (20.707), americanos (19.900), chineses (17.021) e dominicanos (9.270). O vertiginoso total de estrangeiros em 2017 não listados neste parágrafo ou na tabela acima chega a 117.750.

A maior lacuna nos dados para o que seria mais rigorosa determinação da composição racial do Chile está na falta de identificação por raça da população estrangeira e/ou imigrante, desagregada apenas por nacionalidade, tirante os ameríndios. A variada e imprecisa natureza da branquidade no Chile levou o governo, nos levantamentos estatísticos da população, a não distinguir entre o historicamente típico “castizo” [filho de mestiço de índio com espanhola ou vice-versa] chileno e o tipo bem mais escuro do “mestizo” de seus vizinhos do norte. Até recentemente, essa não era uma questão de maior importância, porque a imigração de mestiços era mínima. Entretanto,  com a intensificação do fluxo migratório de peruanos, bolivianos e outros para o país,  chegou a hora de o Chile adotar categorias raciais mais específicas. Sem isso, os dados demográficos continuarão incompletos. Nós sabemos quantas pessoas nascidas no Peru estão agora no Chile, mas não temos números confiáveis sobre sua taxa de natalidade, nem sobre seu casamento com os “castizos” chilenos, e assim por diante.

Mas uma coisa é certa: o Chile está escurecendo. Dado o enorme incremento da imigração  de não brancos, conforme mostram as tabelas acima, não poderia ser diferente. Como desgraça pouca é bobagem, a taxa de natalidade nacional do Chile é quase tão baixa quanto as do notoriamente infértil Ocidente: 13 por mil habitantes. Compare-se com as taxas de outros países: Bélgica, Dinamarca, e Noruega: 11; Alemanha, Espanha e Grécia: 9; Peru e Bangladexe: 19; Bolívia and Cambodja: 23; Nigéria e Moçambique: 39. Tem rolado muita discussão na American Renaissance e em outras ciber-revistas dissidentes sobre o “mais importante gráfico do mundo”, mostrando as projeções demográficas das Nações Unidas para o mundo até o fim deste século.

O que não se tem considerado, entretanto, é que essas projeções vão ser tão devastadoras para as partes “beges” do mundo quanto para as partes brancas. As nações árabes e turcas do Norte da África e da Ásia poderão ser inundadas de negros subsaarianos. Paralelamente, a América Latina brancacenta do Cone Sul, compreendendo o Chile, a Argentina e o Uruguai, será submergida em mar de mestiços, ameríndios, negros e asiáticos, se nada for feito. Os limitados dados disponíveis sobre as taxas de natalidade sugerem, como em quase todo país do Ocidente, que os imigrantes são muito mais prolíficos do que os nativos, especialmente os colombianos, os chineses e os venezuelanos; a coisa poderia ser melhor se esse fosse o caso de espanhóis e argentinos, mas também poderia ser pior, se esse fosse o caso de haitianos e bolivianos.

Tendências problemáticas

Até agora, o pior resultado dessa tendência é que, pela primeira vez em sua história, o Chile terá uma grande minoria negra, formada principalmente por haitianos, mas também por negros da Colômbia e, em menor número, por negros do Peru e da Bolívia. De acordo com Richard Lynn e Tatu Vanhanen em seu livro IQ and the Wealth of Nations [O QI e a riqueza das nações], o Chile tem QI médio de 90. Na topificação abaixo, pode-se comparar esse dado com os de outros povos:

  1. duas outras nações alvacentas da América Latina (as quais são tidas como mais brancas do que o Chile), o Uruguai e a Argentina: 96 e 93, respectivamente;
  2. Espanha e Portugal: 98 e 95, respectivamente;
  • dois outros países com QI médio de 90 que podem ser considerados “branquicentos”, embora de tipo diferente, são a Turquia e o Quirguistão;
  1. deve ser lembrado que a classe superior do Chile é muito branca, compondo-se de descendentes de nações europeia com alto QI. Entre essas nações, aquelas de onde mais emigrantes partiram para o Chile são as seguintes: o Reino Unido, o País Basco, a Alemanha e a Itália, com QI de 99, 99, 100, e 102, respectivamente.

O Haiti, por sua vez, tem QI médio de 67. Essa é uma diferença ainda maior do que aquela entre os americanos brancos (QI 100) e os negros americanos (QI 85). (A desigualdade de inteligência entre negros haitianos e negros americanos explica-se, em considerável medida, pela notável miscigenação com o branco, como também pela melhor nutrição dos americanos em relação aos haitianos.) A propósito, alguém com QI de 85 é capaz de cumprir tarefas básicas, como operar uma caixa registradora. Mas alguém com QI de 67 não pode fazer muita coisa além de empurrar uma vassoura ou vibrar um machado.  Isso não é de bom agouro para os haitianos, que falam um crioulo do francês e teriam de aprender o espanhol.

Assim como o Uruguai e Costa Rica, o Chile tem sido frequentemente reconhecido como o  país mais pacífico de toda a América Latina — estando sempre entre os cinco mais pacíficos. O Haiti, ao contrário, é uma pocilga que nem sabe contar o número de seus crimes. A Bolívia é a mesma porcaria. A Colômbia tem taxa de homicídios de 27 por 100 mil habitantes por ano — a oitava maior do mundo. A taxa de homicídios do Chile, bem ao contrário, é de 3 por 100 mil habitantes por ano. A dos Estados Unidos é de 5, tecnicamente mais alta, mas se “certas áreas” nas maiores cidades fossem excluídos do cômputo, sua taxa seria menor do que a do Chile.

Os pretos do Haiti e da Colômbia agora no Chile comportam-se como todo preto em todo lugar, ou seja, criminosamente. Pelas razões já expostas, não há números específicos que explicitem a correlação entre raça e crime no Chile. Podemos inferir, entretanto, o impacto das novas levas de chegantes, comparando os números absolutos da criminalidade antes e depois da explosão da população imigrante. A Divisão de Segurança Diplomática do Departamento de Estado Americano publica regularmente “relatórios sobre criminalidade e segurança” para que nações estrangeiras possam informar ludâmbulos e expatriados americanos. Em 2014, a publicação sobre o Chile começava assim:

A situação é de forma geral segura, havendo menos violência no Chile do que em outros países da América Latina. Furto de bolsas e carteiras, estelionato por telefone, roubo de veículos e furtos residenciais são muito mais comuns do que crimes violentos, como sequestros-relâmpagos, sequestros por resgate e homicídios ou tentativas de homicídio à mão armada sem premeditação, os quais raramente ocorrem. Ludâmbulos e residentes em Santiago são vítimas frequentes de furtos de bolsas e carteiras. Isso ocorre principalmente em pontos de ludambulismo, áreas comerciais de grande movimento de pedestres em Santiago, como também em estações subvianas, em terminais de ônibus e nos próprios ônibus e metrôs mais lotados.

A mesma publicação em 2016 começava assim:

A situação é moderadamente segura, com menos crimes violentos do que em outros países da América Latina. Furto de bolsas e carteiras, estelionato por telefone, furto de veículo e furto em residência são os crimes mais comuns contra ludâmbulos e residentes americanos.  Crimes violentos também ocorrem, mais frequentemente na forma de roubo de veículos, invasão de domicílio e assalto; sequestros-relâmpagos, sequestros por resgate e homicídios ou tentativas de homicídio à mão armada sem premeditação são quase inexistentes.

Crimes de menor importância e roubos em residência aumentaram  dramaticamente na região metropolitana de Santiago em 2015. A maior parte das ocorrências teve lugar na parte leste da cidade. De acordo com estatísticas dos “carabineros” (a polícia local), publicadas em janeiro de 2016, na rica comunidade de Lo Barnechea, onde muitos expatriados vivem devido à proximidade de escolas internacionais,  os assaltos aumentaram 52%. Invasões de domicílio subiram 10,5%. Duas outras comunidades de muitos expatriados e ludâmbulos são Vitacura e Las Condes. Essas duas comunidades tiveram aumento nos roubos de 38% e 32,5%, respectivamente. O emprego de violência nas invasões a residência também aumentou em 2015. Quando os moradores estão em casa, os assaltantes usam cacetes, facas e ainda, cada vez mais, armas de fogo como forma de intimidação. Eles amarram pés e  mãos dos moradores, prendem-nos nalgum cômodo da casa e então levam os objetos de mais valor.

A diferença entre 2014 e 2016 resulta de algumas centenas de milhares de mestiços e negros a mais no Chile — não houve nenhuma mudança política, nenhum desastre econômico para explicar isso.

No Chile, à semelhança dos Estados Unidos, os mestiços são bem mais preferíveis aos negros, embora não se equiparem ao tronco racial histórico. A Bolívia e o Peru têm QI médio equivalente ao dos negros americanos: 87 e 85, respectivamente. Entretanto, há  ainda ressentimento em relação aos chilenos por causa da Guerra do Pacífico (1879-1884), pela qual o Chile anexou o que é hoje a terça parte norte do seu território, tomada àqueles dois países. Assim como muitos ibero-americanos nos Estados Unidos sonham em retomar o território que perderam na Guerra dos americanos contra o México, também os peruanos e bolivianos cobiçam o litoral há muito tempo perdido. Os problemas sociais e políticos que daí decorrem são exatamente esses mesmos que se pode imaginar.

 

Memorial da Guerra do Pacífico no Peru. O texto diz: “Neste lugar seis compatriotas foram fuzilados e sua história ninguém poderá mudar.
Glória eterna aos heróis e mártires de Quequeña!”.

Acompanhando essas novas levas de imigrantes, chegam as doenças também. Em termos gerais, o Chile conseguiu evitar a crise da sida nos anos oitentas e sempre teve baixa  morbidade. Isso já começou a mudar agora: a incidência de sida dobrou na última década.  Mais cautelosas estimativas indicam aumento de 79% desde 2010. A gonorreia também foi turbinada. De 2010 a 2015, os casos confirmados aumentaram 208%. A incidência de sífilis, estável durante anos, agora se eleva, assim como a da hepatite.

A explicação mais bonitinha da moda politicamente correta atribui esse súbito aumento da insalubridade ao conservadorismo da sociedade chilena, cujos cidadãos não seriam orientados a usar preservativos e, quando acometidos de alguma DST, sentir-se-iam constrangidos de buscar tratamento. Entretanto, se essa é a razão, por que a morbidade não foi sempre alta? Como no caso da criminalidade, o pico das ocorrências coincidiu com a súbita chegada de grande número de pretos e mestiços. E também como no caso da criminalidade, a disseminação das doenças é maior onde a presença dos imigrantes é maior: Santiago, a periferia de Santiago e a terça parte mais ao norte do país, especialmente a cidade de Antofagasta.

A América Latina não escapa à tendência mundial que faz a incidência de doenças sexuais de todo tipo vitimar muitíssimo mais negros do que outros de qualquer outra raça. As nações ao sul dos Estados Unidos com as mais altas taxas de sida são o Haiti e as Bahamas, ambas com mais de 90% de negros na população. Cerca de 2% dos adultos no Haiti são soropositivos — ou seja, um em cada grupo de cinquenta haitianos tem o vírus da sida. Sem nunca ter haitianos durante dois séculos, o Chile conta agora 100 mil deles na sua população. Em termos estatísticos, isso representa 2 mil novos soropositivos. Eu suspeito, entretanto, que muito das novas infecções vem dos negros da Colômbia. Os imigrantes haitianos são majoritariamente homens, numa proporção de 68%. Embora eu não conheça a proporção entre os colombianos, creio que a situação deles é mais equilibrada. E os homens colombianos são especializados no tráfico de drogas, enquanto as mulheres dedicam-se à prostituição. Eu não conheço os números exatos disso também, mas uma caminhada pelas ruas de Santiago revela que as mulheres colombianas — principalmente as negras — estão super-representadas nas zonas de baixo meretrício. Na cidade mineira do setentrião, Antofagasta, a segunda com mais imigrantes, depois de Santiago, um político local mereceu as manchetes em 2014, ao comentar que a recente disparada nos casos de gonorreia, sífilis e sida era causada pelas prostitutas colombianas (sem especificação de raça), “que, aliás, são senhoritas muito bonitas”, completou. (Vídeo em espanhol aqui.)

Consciência Racial no Chile

Com certeza essa é uma situação sombria. Mas há também pontos de luz no Chile. Os chilenos têm forte sentido racial à espreita logo abaixo da superfície. A conexão entre raça e classe, com os brancos predominando nas classes superiores, e os mestiços, nas classes inferiores, é compreendida e largamente aceita por quase todo chileno. O exemplo mais frisante disso está nas próprias ladainhas igualitárias sobre a situação. Certo bloguista publicou elucidativa síntese de uma típica conversação entre chilenos e americanos quando o assunto é raça:

O chileno: Há problemas raciais sérios nos Estados Unidos.

Eu: Sim, há gravíssimos problemas. Mas eu acho que a raça é um problema aqui [no Chile] também.

O chileno: Não, nós não temos problemas de raça aqui. Os problemas que temos são de classe.

Eu: Como assim?

O chileno: Bem, as pessoas de classe baixa são realmente desprezadas.

Eu: Como você pode identificar essas pessoas?O chileno: Nós podemos, só isso.

Eu: (apontando para uma pessoa de pele escura na multidão) E aquela pessoa lá… de que classe ela é?

O chileno: Aquela é da classe baixa. 

Quanto mais branco o chileno, mais orgulhoso e mais zeloso de sua branquidão ele é.  Casamentos entre gente de classes diferentes são bastante incomuns, e isso protege da diluição o sangue europeu das classes superiores. A demonstração empírica disso com fatos e estatísticas é difícil, mas os indícios estão à vista para quem quiser olhar.  Outro bloguista de esquerda escrevia em 2015 que

No Chile, poucos anos atrás, uma pesquisa consistia em apresentar imagens de pessoas de diferentes cores de pele, as quais deveriam ser identificadas como sendo ou não sendo chilenas. O resultado foi que as pessoas mais escuras foram identificadas como mapuches, peruanos ou “estrangeiros”.

Histórias e estudos que correm na mídia chilena de quando em vez dão conta de terríveis discriminações contra peruanos no Chile. O indefectível enfoque liberal desse tipo de jornalismo de “interesse humano” tira o fôlego de tão irritante, mas seu conteúdo geralmente corresponde aos fatos. Os chilenos são conscientes de sua raça e sempre o foram, mesmo quando não explicitamente. A recente chegada de haitianos fez ainda mais forte essa consciência. Jornalistas e acadêmicos usam os imigrantes para condenar o racismo, mas a maioria não muito silenciosa não chega a se comover. Como em todo lugar no Ocidente, os comentários a artigos na rede revelam muito da opinião geral dos leitores. Eu deparei um artigo de 2016, intitulado “A chegada dos imigrantes haitianos acendeu o estopim do racismo”, que mostra perfeitamente isso. Um comentarista escreveu que “Primeiro os haitianos invadem e depois querem ser aceitos. Deportem todos eles! O mundo não os quer.” Outro comentário dizia que “Eles são rejeitados porque são culturalmente diferentes; como todos nós sabemos, nem toda rejeição de negros deve-se ao racismo. Se eles fossem brancos mas tivessem os mesmos costumes, a mesma cultura, a mesma religião, a mesma forma de invadir e devastar lugares, eles seriam rejeitados também. É só uma questão de tempo para que eles comam todo animal e pássaro e desmatem a terra.” Outro leitor concluía que “A ideia natural para a formação de um país ou sociedade é usar a imigração para corroborar os seus valores, mas não para subverter a identidade nacional de uma vez só […] A concessão de visas não é por si só discriminatória? Alguns conseguem, outros não conseguem. Será que ninguém tem o direito de escolher quem pode ou quem não pode entrar em sua própria casa?”.

Os chilenos são também muito orgulhosos dos toques europeus de sua cultura e de suas figuras históricas. Os dois maiores patriarcas chilenos foram bem brancos: Bernardo O’Higgins (irlandês) e José Miguel Carrera (Basco). As mais importantes personagens políticas chilenas do século XX, seja de esquerda, seja de direita, também eram brancos: políticos da família Alessandri (italianos), Carlos Ibáñez del Campo (irlandês e espanhol), Pedro Aguirre Cerda (Basco), Salvador Allende (belga e basco), Patricio Aylwin (irlandês e basco), e Augusto Pinochet (francês e basco). Depois da Independência, o grupo de imigrantes de mais impacto no Chile foi, de longe, o alemão.  Por todo o Chile (e especialmente no meio-sul), pode-se observar as evidentes comunidades germânicas e sua arquitetura característica. A fotografia abaixo dá exemplo disso, mostrando um teatro e uma igreja luterana de estilo germânico na cidade de Frutillar.

Arquitetura germânica em Frutillar, Chile: em primeiro plano, o teatro; ao fundo, igreja luterana.

O Chile é também a nação da América Latina com mais cidadãos de origem britânica. Estima-se que sejam cerca de 420 mil hoje, ou seja, aproximadamente 2,25% da população.  Por isso os sobrenomes saxônicos são mais comuns do que se pensa. Alguns exemplos: Andrés Chadwick, político de direita; Jorge Edwards, o prestigiado romancista; e Juan Williams Rebolledo, comandante da Marinha chilena na Guerra do Pacífico.

As pesquisas de opinião revelam que um terço dos chilenos, pelo menos, têm visão explicitamente realista da raça, mas todas as pesquisas sobre a questão racial subquantificam a parte da população com opiniões “racistas”, porque muitos não se declaram racistas nem para pesquisadores — o que nos EUA chama-se “efeito Bradley”. Em 2003, uma investigação da opinião dos chilenos sobre os peruanos, os mais numerosos não brancos que mais continuamente na história migram para o Chile, apresentou os seguintes resultados:

  1. O Chile é mais desenvolvido do que os países vizinhos por ter menor população indígena. (34,1% concordam, 65,9% discordam.)
  2. O problema da abertura para a imigração latino-americana é que muitos latino-americanos são indígenas. (35,8% concordam, 64,2% discordam.)
  3. Algumas raças são melhores do que outras. (32,9% concordam, 67,1% discordam.
  4. Os peruanos necessitam realmente de empregos, mas os empresários do Chile devem sempre preferir empregar chilenos. (69,4% concordam, 30,6% discordam.)
  5. Se houver muita miscigenação entre chilenos e peruanos, a qualidade de nosso povo cairá. (33,4% concordam, 66,6% discordam.
  6. Os imigrantes peruanos que vêm para o nosso país são mais propensos ao crime. (43,8% concordam, 56,2% discordam.)

O Chile tem agora um movimento identitário chamado Ação Identitária Chilena, moldado segundo movimentos congêneres da Europa Ocidental e dos Estados Unidos. O seu símbolo é o El Torreón, um forte do século XVIII construído para defender a cidade de Valdívia (do herói epônimo Pedro de Valdívia, o conquistador) contra os araucanos. Embora ainda pequeno, o grupo parece crescer e realiza ações diversas, como passeatas e campanhas de panfletagem, ora combatendo a imigração, ora exigindo uma economia do tipo “primeiro-o-Chile”. De forma análoga ao Identity Evropa [redenominado American Identity Movement], nos Estados Unidos, que faz por advertir dos assassinatos de mulheres, tais quais Kate Steinle and Justine Damond, a Ação Identitária Chilena alerta contra os assassinatos perpetrados por imigrantes no próprio chile, como o de Margarita Ancacoy, que foi espancada até a morte por uma gangue de equatorianos.

Conquistadores espanhóis defendem a recém-fundada cidade de Santiago contra os araucanos em meado do século XVI.
A mulher é  Inés de Suárez, belatriz destemida e companha de Pedro de Valdivia, chefe dos primeiros e vitoriosos conquistadores do Chile.

Também em Antofagasta ganha corpo, rapidamente, uma política de reação nativista. No final de 2013, quando a Colômbia derrotou o Chile numa partida de futebol pela classificação para a Copa do Mundo, os colombianos da cidade comemoraram nas ruas. Não foi preciso mais do que isso para que começasse o quebra-pau com os chilenos nativos. Aí, então, foi criado o grupo Antofagasta Segura, que exige políticas para conter a crescente criminalidade, o tráfico de drogas e a superlotação nas escolas causada pelos imigrantes. Como o “Remembrance Project” nos Estados Unidos, eles promovem manifestações públicas de denúncia das mortes provocadas por imigrantes. Antofagasta foi um bastião da esquerda chilena por muito tempo, mas isso começa a mudar por causa da imigração. Com efeito, em 2012, a esquerdista Karen Rojo venceu a eleição para a prefeitura com 47,9% dos votos. Marcela Hernando ficou em segundo lugar, com distantes 29,1% dos votos, e ela tinha sido a prefeita anterior da cidade. Em 2016, a prefeita  Karen Rojo conseguiu se reeleger com margem estreita de 28,1% dos votos. Em segundo lugar, com 22,2% dos votos, ficou Manuel Rojas, crítico da imigração ilimitada e membro da União Democrática Independente, partido da direita pinochetista. A mudança toda foi provocada pela divisiva questão da imigração, cuja seriedade a prefeita Karen Rojo não reconhece. Ela apenas repete platitudes como “A cidade de Antofagasta foi fundada por imigrantes, e ninguém pode negar isso. Há certos tipos de trabalho que os chilenos não aceitam mais fazer.”

Entre os trabalhos que os chilenos não fazem em Antofagasta e que os imigrantes executam com alegria está a construção de assentamentos irregulares do tipo das favelas brasileiras, o tráfico de drogas, a prostituição e a hostilização da população histórica da cidade. O registro fotográfico desses labores está disponível aqui.

Vários chilenos me aconselharam a ficar longe de Antofagasta, dizendo que lá era agora um antro de criminosos e que para Antofagasta se igualar à África só faltavam os elefantes. Nos últimos anos, a cidade converteu-se na principal paragem para contrabandistas que levam cocaína e maconha dos países vizinhos do norte para o Chile.   Porção dessa droga destina-se a outras regiões do Chile, mas grande parte é carreada  para os portos chilenos e daí transportada para a costa americana do Pacífico. Sempre que o México e os Estados endurecem a repressão ao tráfico, essa rota alternativa salva do estrangulamento o negócio ilícito. Grandes operações policiais são frequentes nessa região do país.

* Benjamin Villaroel apresenta-se como “hispânico branco em tempo integral e escritor de vez em quando”. Título em inglês: Chile’s Immigration Crossroads, Part 1. Fonte: <https://www.theoccidentalobserver.net/2019/06/04/chiles-immigration-crossroads/>. Data de publicação: 4 de junho de 2019. Tradução e divulgação: Chauke Stephan Filho.

Confissões de um ex-racista

Christian Miller: Confessions of a Former Racist, The Occidental Observer, 25 de março de 2011

Eu me arrependo de minha antiga heresia. Percebo o erro de minhas atitudes. Eu estava totalmente errado em acreditar que minha raça, a raça branca, tem um direito legítimo à identidade ou qualquer direito a promover seus interesses coletivos. Agora eu sei que, como branco, é meu dever ficar parado enquanto todas as outras raças se organizam e fazem lobbypor privilégios legais em bases raciais, redistribuições monetárias e subsídios e empregos por ação afirmativa. Eu peço desculpas por recuar diante da ideia de se distribuir dinheiro que  não se ganhou, respeito ou empregos com base na cor da pele de uma pessoa. Eu costumava chamar tais programas de “antibrancos”, injustos, inconstitucionais ou ilegais. Agora, eu entendo que eles são parte da “justiça social”, de que precisamos desesperadamente para corrigirmos as injustiças históricas cometidas pelos brancos contra os não-brancos.

Estou muito arrependido por acreditar que a raça é um modo útil de prever o comportamento de grupos. Eu estava totalmente errado em dizer que “a sociedade é uma construção racial” porque, desde então, percebi que a raça é em sua maior parte uma construção social. Todas as estatísticas raciais sobre a criminalidade, diferenças biológicas e variações comportamentais são meros instrumentos de propaganda de uma sociedade supremacista branca. [N. do T: este segundo link dá para uma versão em PDF do clássico  Raça, Evolução e Comportamento, do psicólogo canadense J. Philippe Rushton. Eis aqui uma versão abreviada do livro em português]. Quando o privilégio branco desaparecer, raças muito pouco bem-sucedidas, como os negros africanos e os aborígenes australianos, serão projetadas balisticamente rumo ao sucesso cultural, econômico, filosófico e científico em grande escala. Mas no momento, o privilégio branco faz com que outras raças (exceto os judeus e os norte-asiáticos) fracassem economicamente, cometam crimes bárbaros e violentos e fiquem estagnados como uma permanente classe inferior em qualquer sociedade que contenha brancos.

Mais

http://retrogradolusofono.blogspot.com.br/2013/10/christian-miller-confessions-of-former_6833.html